A busca pelas coisas do alto
O amor maduro se desenvolve na vida do cristão que, em seu encontro pessoal com Cristo, resolve dar passos rumo à santidade. A exemplo de Cristo, somos convidados a crescer “em estatura, em sabedoria e graça” (Lc 2,52), buscando “as coisas do alto” (Cl 3, 1-2). Quando abrimos o coração para Cristo, com desejo sincero de conversão, crescemos no amor e na fé.

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Mas nas etapas do processo de conversão faz-se necessário compreender o sentido do Amor e da Fé enquanto dons de Deus à luz do Magistério da Igreja Católica. Nesse processo, é crucial permanecermos unidos à Igreja, corpo místico de Cristo (1 Cor 12,12).
Sendo Deus Amor, ele o derramou em nossos corações pelo Espírito Santo. O amor é o primeiro dom, e todos os demais dons são aprimorados nele (CIC 733). É primordial analisar como o Amor de Deus se manifesta em nossa vida e como poderemos amadurecer esse dom no serviço ao próximo. A fé também é um dom de Deus, e só é possível crer pela graça e auxílio do Espírito Santo. Mas a fé também é um ato humano; na fé, a inteligência e a vontade cooperam com a graça divina.
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A fé nasce do encontro amoroso de Deus com o homem, de Deus que vem ao nosso encontro na pessoa do seu Filho Jesus. Toda a vida de Cristo é a manifestação do Amor de Deus por nós: “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.
Nisso consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos Ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados” (I Jo 4,9-10). Este Amor de Deus é gratuito, e ele o derrama em nossos corações através do Sacramento do Batismo: “A gratuidade pura da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo. […] O Batismo é o sacramento da fé” (CIC 1250-1253).
Mas a fé precisa ser amadurecida, deve desenvolver-se; todos os batizados são convidados a crescer na fé, por isso é importante estar inserido na comunidade eclesial.
A natureza humana e a necessidade do amor ao próximo
Ao participarmos ativamente da vida comunitária, podemos exercitar os dons a nós concedidos no Sacramento do Batismo, especialmente o Amor e a fé. A comunidade é lugar de superar o egoísmo, lugar de aprendizado, de colocar-se a caminho; é o lugar do encontro entre corações, lugar do exercício do perdão e da reconciliação. O caráter comunitário faz parte da vocação humana, pois a pessoa humana tem necessidade de vida social, e o amor ao próximo é inseparável do amor de Deus.
Essa exigência faz parte da nossa natureza, pois, “mediante o intercâmbio com os outros, a reciprocidade dos serviços e do diálogo com seus irmãos, o homem desenvolve as próprias vitalidades respondendo assim à sua vocação” (CIC1879). Compreende-se dessa forma que há certa semelhança entre a unidade das três Pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si, na verdade e no amor.
A vivência da vida comunitária ressoa como resposta ao convite de Cristo: “Vem e segue- me!” (Mc 10,21). No seguimento de Cristo, somos associados à sua vida e ministério. Seu ministério é norteado pelo amor ao próximo, pela caridade e compaixão que muitas vezes se manifestam nos sinais e prodígios realizados por Ele em favor dos homens.
Desse modo, podemos atestar que Jesus é verdadeiramente o Deus que salva, pois “em nenhum outro há salvação, porque, debaixo do céu, nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12). De fato, somos seduzidos e vencidos pelo Amor: “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir (Jr 20,7). E seduzidos, surge o desejo de imitá-Lo na vivência de Suas virtudes. E o melhor lugar para exercitar a fé que nasce de um amor maduro é a vida em comunidade.
Deus abençoe!
É no exercício da fé, que o amor amadurece.
Sua irmã,
Cássia Leal
Comunidade Canção Nova






