No tempo das cruzadas, o calabrês Bertoldo, para cumprir um voto feito durante uma batalha contra os infiéis, retirou-se ao monte Carmelo, na Samaria, fundando aí a Ordem dos Carmelitas.
Aos pés do monte Carmelo existe hoje a cidade de Haifa. Possui 700 m de altitude. Mas como se ergue abrupta e perpendicularmente direto do mar, parece mais alto do que realmente é. Coberto de densos bosques, seu acesso não é muito fácil.
O Antigo Testamento alude freqüentemente às florestas que cobriam os monte. No livro dos Cânticos dos Cânticos, a cabeça da amada é comparada ao Carmelo (Ct 7,6). Em Jr 5,9, o Carmelo é chamado de ‘terra rica’. Nesse monte ocorreu o desafio entre Elias e os sacerdotes de Baal (1Rs 18). A escolha do local para o desafio sugere que talvez houvesse um santuário de Baal sobre o monte. Parece que o Carmelo também foi morada de Eliseu, pelo menos ocasionalmente. Talvez tenha sido também um centro de associação de profetas.
Bertoldo e sua nova comunidade religiosa recebeu em 1209 uma regra muito rigorosa, aprovada pelo Patriarca de Jerusalém, Alberto. As Cruzadas levaram a fama desta Ordem para a Europa. Dois nobres fidalgos da Inglaterra convidaram alguns frades para acompanhá-los e fundar conventos na Inglaterra, o que fizeram. Pela mesma época, vivia no Condado de Kent, um eremita que há vinte anos escolhera o recolhimento e a solidão, tendo por habitação o tronco de uma árvore. O nome desse eremita era Simão Stock. Atraído pelo exemplo de piedade dos carmelitas recém-chegados, como também pela devoção mariana que aquela Ordem cultivava, pediu admissão como noviço na Ordem da Senhora do Carmo. Em 1125 foi eleito Superior Geral da Ordem.
A Ordem começou a ser perseguida e Simão viajou a Roma. O papa Honório III avisado por uma misteriosa visão, recebeu cordialmente os religiosos carmelitas e aprovou novamente a regra da Ordem. Simão Stock foi depois visitar os Irmãos da Ordem no monte Carmelo, e demorou-se com ele seis anos.
Um Capítulo Geral da Ordem, realizado em 1237, determinou a transferência para a Europa de quase todos os religiosos. Para escapar à perseguição dos sarracenos, procuraram a Inglaterra, onde a Ordem já possuía 40 conventos. O grande desenvolvimento da Ordem deve-se em grande parte à instituição do Escapulário.
Ao ‘Santo do Escapulário’, como o chamou o Papa João Paulo II, em 1983, apareceu a Virgem do Carmo, cercada de anjos, no dia 16 de julho de 1251, mostrando-lhe o Escapulário da Ordem e dizendo-lhe: ‘Este será o privilégio para ti e todos os carmelitas; quem com ele morrer não padecerá o fogo eterno. Quem morrer com ele se salvará’.
O ‘Amado de Maria’ muito amou a sua Ordem. Por ela orou, lutou e trabalhou com muita coragem. Transformou a Ordem de eremítica em cenobítica e mendicante. Expandiu o Carmelo na Europa. Convidou a todos a viver as virtudes simbolizadas no Escapulário. Este sinal mariano, aprovado pela Igreja e difundido pela Ordem Carmelita como manifestação de amor a Maria, de confiança filial em sua pessoa, deve ser um compromisso em viver as virtudes marianas.
Podemos contemplar no escapulário de Nossa Senhora do Carmo uma síntese do espírito carmelitano de amor a Maria Santíssima que conduz ao Cristo.
A Ordem foi sendo introduzida em vários países da Europa, passando da Europa a Portugal, onde se fundaram numerosos conventos de carmelitas calçados e descalços em que já se subdividia a Ordem. À Ordem Carmelita pertenceram muitos reis e rainhas de Portugal.
O povo brasileiro tem a Virgem do Carmo no coração desde o ano de 1586, quando foi fundado o primeiro convento do Carmo em nosso país, em Olinda. Evidentemente, este amor nos foi transmitido pelos primeiros Carmelitas que pisaram nossas terras. Seis anos mais tarde os carmelitas se estabeleceram em Salvador.