Estamos vivendo o tempo pascal, tempo de alegria pois o ‘Senhor Ressuscitou‘ e a Igreja canta o ‘Aleluia’ da vitória de Jesus sobre a morte, o pecado e o Mal. Sendo a alegria o dom e a graça deste tempo, vamos meditar com Maria como perseverar e nos manter na ‘alegria que ninguém pode tirar’ (Jo 16,22), ela será nosso modelo e inspiração.
Um olhar atento aos evangelhos, nos mostrará que Maria é aquela que acreditou antes de qualquer confirmação por parte dos eventos ou da história. Acreditou na mais total solidão. Jesus disse a Tomé: Porque me viste acreditaste: bem aventurados os que sem terem visto, acreditam! (Jo 20,29): Maria é a primeira daqueles que, sem terem visto, acreditam.
Ela acreditou logo, no próprio instante; não hesitou. Não disse a si mesma: ‘Muito bem agora vamos ver o que acontece’. Pois, se não tivesse acreditado, o Verbo não teria se encarnado nela, nem ela pouco depois teria chegado ao terceiro mês, nem Isabel a teria saudado como ‘a Mãe do Senhor’. Situação semelhante foi a de Abraão: quando, apesar da idade avançada, foi lhe prometido um filho, a Bíblia diz com ar de triunfo: Abraão confiou no Senhor, e o Senhor creditou-lhe isso como justiça (Gn 15,6). Com muito maior triunfo podemos nós agora afirmar isso de Maria! Maria confiou em Deus, e Deus creditou-lhe isso como justiça. É o maior ato de justiça levado a termo na terra por um ser humano, menor apenas que o de Jesus que, porém, é Deus também.
São Paulo afirma que Deus ama quem dá com alegria (2Cor 9,7), e Maria disse o seu ‘sim’ a Deus com alegria. O verbo com o qual Maria expressa o seu consentimento, e que é traduzido com ‘fiat’ ou com ‘faça-se’, não expressa uma simples aceitação resignada, mas um vivo desejo. É como se dissesse: ‘Eu também desejo, com todo o meu ser, o que Deus deseja; faça-se logo o que Ele quer‘. Como dizia Santo Agostinho, ela concebeu Cristo no seu coração antes de concebê-lo no seu corpo. A fé de Maria é pois um ato de amor e docilidade, livre, apesar de suscitado por Deus, misterioso como misterioso é sempre o encontro entre a graça e a liberdade. Esta é a verdadeira grandeza pessoal de Maria, a sua bem-aventurança ou seja sua felicidade e alegria.
Em Maria temos um ‘caminho vivo’ para a alegria que consiste em acreditar em Deus mas com uma fé que se traduza num ato de entrega da própria liberdade pois crer é entregar-se e quem se entregou, não se pertence mais. Como a chuva nada pode fazer germinar até encontrar uma terra que a acolha, assim também a graça senão encontrar a fé. A fé é a base de tudo; é a primeira e a ‘melhor’ obra a ser cumprida. A obra de Deus é esta, diz Jesus: que acrediteis (Jo. 6,29).