Deus é nosso Pai, mas não é paternalista, isto é, Ele nos corrige quando é necessário a fim de chegarmos à perfeição que deseja para nós. A Carta aos Hebreus explica isso muito bem:
“Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,18)” (Hb 12, 5-6).
“Estais sendo provados para a vossa correção: e Deus que vos traia como filhos […] se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, serieis bastardos e não filhos legítimos” (Hb 12,7-8).
Quer dizer, aos olhos da fé, as provações desta vida são usadas como parte da pedagogia paterna de
Deus em relação a nós, Seus filhos. “Feliz o homem a quem ensinais, Senhor” (Sl 93,12). “Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige!” (Jó 5,17).
E o apóstolo foi fundo nessa questão: “Deus nos educa para o aproveitamento, a fim de nos comunicar a Sua santidade” (Hb 12,10).
Pelas provações, o Senhor quer fazer-nos santos. É por isso que a provação é penosa para nós. Mas, disse o apóstolo: “É verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz” (Hb 12,11).
Esta é a recompensa da educação paterna de Deus: paz, justiça e santidade. E São Paulo nos alerta dizendo: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18). Portanto, não nos assustemos com o sofrimento de cada dia. É por isso que Jesus nos disse: “Tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23).
Há “ervas daninhas” em nossa alma que podem matá-la. Deus Pai não pode permitir isso, muitas vezes, Ele tem até de “cortar um galho da árvore” para não permitir que a “erva má” tome conta da “planta” e a mate. O Senhor faz isso conosco também, porque nos ama. Ou será que você que é pai e mãe nunca levou um filhinho para tomar uma dolorosa injeção? Você duvida que o fez por amor? A mesmíssima coisa o Todo-poderoso faz conosco; algumas vezes, Ele nos leva para tomar uma dolorosa e curativa injeção.
Não reclame, agradeça, porque você não é mais criança! Diga como Santo Agostinho: “Corta Médico divino, corta fundo, desde que minha alma não morra!”
O Criador nos ama e por isso nos educa por meio das provações da vida, as quais, segundo São Tiago, produzem em nós “uma obra perfeita” (cf. Tg 1,4). Assim o Senhor destrói em nós os ídolos que querem tomar o Seu lugar em nosso coração, o qual pertence a Ele. Ele age dessa forma conosco porque somos filhos legítimos d’Ele e não bastardos.
Quanto mais temporais e tempestades o carvalho enfrenta, tanto mais forte ele fica! Suas raízes naturalmente se aprofundam mais na terra e seu caule se torna mais robusto, sendo impossível uma tempestade arrancá-lo do solo ou derrubá-lo!
O padre Leonel França diz que “quem se decidiu a sofrer resolveu o problema de sua santificação”. Para nos educar e quebrar em nós os ídolos falsos e os maus impulsos, o Todo-poderoso sabe usar as provações da vida. Depois que o pecado entrou no mundo, os sofrimentos desta vida fazem parte da pedagogia paterna de Deus para nos salvar.
O salmista entendia isso: “Feliz o homem a quem ensinais, Senhor” (Sl 93,12a). Muitas vezes, o Senhor entra em uma vida por meio de um reumatismo, de uma cegueira, de uma pneumonia, um câncer, uma perna amputada… Nada disso é bom e deve ser evitado, mas Deus Pai sabe usar desses males para o nosso bem.
Musset afirma que “o homem é o aprendiz; a dor, o mestre, e nada se conhece bem quando não se sofreu”.