No começo tudo é perfeito. Como é fácil amar o outro na fase inicial do relacionamento! O tempo é dedicado a namorar e a descobrir as incríveis maneiras de compartilhar e fundir-se à pessoa amada… É o mundo onde reina, soberano, o NÓS: o fazer juntos é um prazer imenso. Um se orgulha do outro, admira, respeita, elogia e tem profundas esperanças de que assim será para sempre.
À medida em que o tempo passa, porém, vamos convivendo e conhecendo melhor nossos parceiros e descobrindo que existem imperfeições no ser amado. Tudo o que antes nos encantava, começa agora a nos irritar. O romantismo desaparece e começam as brigas, discussões, impaciências e as tão temidas cobranças. Então seguem as reclamações: ‘Ele/ela já não é mais o/a mesmo/a!’ ‘No início era tudo tão diferente…’ ‘Ele/ela me enganou: parecia tão romântico/a e amigo/a! …’
Vale lembrar que conflitos ocasionais são uma conseqüência natural das diferenças entre os parceiros. Um é diferente do outro, não há como negar. Cada um vem de uma criação diferente, trazendo sua própria história familiar e seus anseios futuros. Portanto, é mais do que comum deparar-se com as fraquezas, limites e defeitos do outro. O importante é detectar se estas imperfeições são ou não uma ameaça real e incontornável à relação.
E mais, constatar que a pessoa que você escolheu para conviver com ela, nem sempre está disposta a mudar, para se adaptar à SUA idéia do que é ser feliz. E que é impossível modelar e transformar a personalidade do outro.
A tendência mais comum nestas horas é a de apelar para o velho truque de jogar a culpa no outro e não conseguir enxergar qual a sua cota de participação nesta rusguinha que, de repente, passa a ter sérias ameaças de NÃO ter um final feliz. O outro passa a ser o único responsável por todas as nossas frustrações e nos deparamos com o fim de nosso tão sonhado Jardim das Delícias!
Na televisão, cinema e outros meios de comunicação, são apresentadas mil maneiras românticas e sedutoras, de como podemos ser felizes e o que fazer para ter um casamento mais-que-perfeito… Enquanto assistimos passivamente a essa imagem idealizada, deixamos de olhar para o nosso casamento e ver o que ele tem de bom ou complicado. Afinal, o casamento é algo maravilhoso, mas extremamente difícil de se administrar.
Manter um casamento é uma árdua tarefa, que exige dos parceiros um grande investimento amoroso, capacidade de mudança e adaptação; e a convicção de que batalhar é preciso!
No mundo atribulado e estressante em que vivemos (ou apenas, sobrevivemos!) é um engano pensar que um grande amor basta para sustentar um casamento. Todos precisamos de vínculos, de apoio, de um porto seguro para trocar nossas experiências e sentimentos, para suportar as pressões externas diárias.
O medo de nos comprometermos e nos envolvermos, seguidos do medo do fracasso e do abandono, tornaram-se uma constante nos relacionamentos de hoje. Esses medos só vão diminuindo à medida em que vamos ganhando intimidade e confiança no parceiro. Para isto, precisamos de tempo e de um bom sentido de observação para saber com quem estamos nos envolvendo. O que não é nada fácil! A verdade é que quando nos apaixonamos, nosso sentido crítico passa a ser quase nulo porque acreditamos que vamos conseguir mudar o outro com a força do nosso amor…
Para escolher o parceiro adequado é necessário um grande talento, pois se trata na verdade de uma grande loteria.
Entretanto, é importante distinguir entre uma atitude que nos desagrada e a insatisfação com a essência e o caráter do nosso parceiro. Isto sim pode fazer uma grande diferença ! Quanto mais você for capaz de aceitar a pessoa com quem vive como ela é, maior será a probabilidade de que ele/ela se torne receptivo ao que você tem a lhe dizer ou a lhe pedir.
Quanto mais criticado seu parceiro se sentir, maiores os perigos de reagir negativamente às suas solicitações. Lutemos apenas pelo que, realmente, vale a pena ser mudado! Certas características de temperamento não mudam e devem ser aceitas exatamente na mesma proporção em que ele/ela terá de aceitar as suas. Sentir-se aceito e amado pelo que se é, é um ingrediente fundamental para qualquer relação. E manter uma boa dose de romantismo também!
O amor verdadeiro aparece e amadurece com o tempo. É uma mistura de cumplicidade, respeito, afinidades e tolerância. Se for devidamente alimentado e cuidado, transformar-se-á em algo cada vez mais rico e gratificante.
Fonte: Triunfo do Coração de Jesus