Motivação da semana nacional da vida
Em 2025, a CNBB institui a Semana Nacional da Vida, a ser celebrada de 1º a 7 de outubro, como um tempo de reflexão, oração e ação em defesa da vida humana em todas as suas etapas. Dentro dessa semana, foi definido o Dia do Nascituro (ou Dia Pelo Direito de Nascer), em 8 de outubro, dedicado de modo especial à valorização da vida desde a concepção. A inspiração veio da crescente necessidade de defender a dignidade da vida humana frente a debates sobre aborto, eutanásia e outras práticas que colocam em risco os mais vulneráveis. A escolha da data (outubro) está ligada à Festa de Nossa Senhora Aparecida (12/10), padroeira do Brasil, e ao Mês Missionário, reforçando o caráter de cuidado, missão e defesa da vida.

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com
A posição da Igreja diante do drama do aborto
A propósito, diante da atual banalização da vida e de opiniões favoráveis ao aborto, defendido por inúmeras pessoas influentes, é importante lembrar que a Igreja compreende as situações difíceis que levam mães a abortar, mas, por uma questão de princípios, defende com firmeza a vida do nascituro, como bem nos ensina S. João Paulo II na Carta Encíclica Evangelium Vitae (Sobre Valor e a Inviolabilidade da Vida Humana):
“É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas essas e outras razões semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser humano inocente” (n. 58).
A doutrina da Igreja sobre o aborto
E, usando da prerrogativa da infalibilidade, o Papa define: “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os Bispos – que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que… apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina – declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal” (n. 62).
Ameaças atuais à dignidade humana
A importância de uma cultura da vida, hoje, é central, porque os avanços técnicos e as pressões sociais trazem novas formas de ameaçar a dignidade humana:
• Aborto: apresentado, muitas vezes, como direito ou solução rápida, na verdade elimina a vida mais frágil, que deveria ser a mais protegida. Uma sociedade que normaliza o aborto acostuma-se a decidir quem merece viver ou morrer.
• Eutanásia: sob o discurso da “morte digna”, abre-se espaço para descartar pessoas idosas, doentes ou dependentes, reduzindo o valor da vida à produtividade ou ausência de sofrimento.
• Manipulação genética: quando feita sem limites éticos, transforma o ser humano em produto, submetendo a vida a interesses econômicos ou ideológicos, em vez de respeitar a pessoa como dom.
O que significa promover uma cultura da vida
Promover uma cultura da vida significa afirmar que cada ser humano tem valor intrínseco, desde a concepção até a morte natural, independente de condições físicas, sociais ou psicológicas. É recordar que dignidade não se mede por utilidade, mas pelo simples fato de existir.
E, em última instância, somente Deus é o Senhor da vida: Ele a concede como dom e a ela pertencemos. Por isso, como guardiã da doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja Católica defende, incondicionalmente, a vida humana, desde a concepção até a morte natural, proclamando que cada vida é sagrada e deve ser protegida em todas as circunstâncias.
Almir Rivas
Missionário da Comunidade Canção Nova