À primeira vista, a Campanha da Fraternidade deste ano parece nos apresentar uma opção muito simples. Quem não está disposto a escolher a vida?
Mas, não é bem assim! Para entrar no caminho da vida é preciso tomar o acesso verdadeiro. Caso contrário, enveredamos pelo caminho da morte, muitas vezes sem retorno.
Se não percebemos a complexidade desta escolha, que precisa ser feita com conhecimento de causa e com discernimento, corremos o risco de ficar na superficialidade, e o que é pior: acabar contrariando a verdadeira causa da vida.
O apelo do Deuteronômio, no Antigo Testamento, parece ser de uma clareza meridiana: Deus coloca diante de nós dois caminhos, um de morte, e outro de vida, com a sensata recomendação para escolher o caminho da vida: Escolhe, pois, a vida!.
No Novo Testamento, Jesus nos alerta de que esta escolha não é tão fácil. Inclusive pode ser equivocada e trágica. Pensamos estar escolhendo a vida, e, na verdade, entramos no caminho que leva para a morte.
São palavras d’Ele: Quem quiser salvar sua vida, a perderá. E quem perder sua vida por causa de mim, a salvará (Lc 9, 23-24).
O que Jesus nos quer dizer com esta advertência? Sem dúvida, Ele nos faz pensar nos equívocos que podemos estar cometendo, quando fazemos nossas opções de viver. Pois aparentemente os caminhos que levam para a frustração da vida, começam com aparências de verdade, e com ofertas de abundâncias e exuberâncias. Feita a escolha equivocada, muitas vezes não há mais retorno.
A realidade hoje está cheia de exemplos, infelizmente corriqueiros, que mostram o desfecho trágico de pessoas que se equivocaram em procurar a vida, entrando pelo caminho insidioso das falsas aparências.
Quantos jovens morrem, por exemplo, vítimas de acidentes. Vai se conferir, estavam bêbados. Morreram porque foram imprudentes, dirigindo embriagados. Onde começou o erro? Dá para flagrar um erro grave no fato de dirigirem embriagados. Mas a causa principal vem antes. Existe um erro anterior, pior que este. Quem disse que se embriagar é optar pela vida?
Mas, se conferimos melhor, percebemos que o erro começou ainda antes. Entrou pela mentalidade equivocada que foi se implantando na mente, oferecida com insistência pela sociedade envolvente, que propõe abertamente contra valores, que acabam sendo impostos pela força dos costumes, diante dos quais as famílias desistem de reagir , e as pessoas sucumbem vencidas.
Pois bem, não basta proibir que um bêbado pegue o volante. Há erros que precisam ser corrigidos bem antes.
Assim podemos entender como entram os equívocos na vida das pessoas. Achamos que o erro está na causa imediata que precede a tragédia. Não. Os erros começam antes.
Quando uma sociedade propaga a banalização do sexo, quando as instituições sociais incentivam a promiscuidade, quando a política tolera a corrupção, quando a economia produz acúmulos injustos e misérias imerecidas, quando a cultura propaga leviandades e irresponsabilidades, quando o Estado se omite diante de suas obrigações públicas, quando a Igreja deixa de profetizar, fica pavimentado o caminho da morte, mesmo que em sua fachada se proclame com solenidade a opção pela vida!
Esta campanha nos faz um sério alerta, parecido com o de Cristo: nem todos os que me dizem Senhor, Senhor, entrarão no reino de Deus.
Nem todos os que se declaram a favor da vida estão a serviço dela!
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