No cenário da Copa do Mundo

Para a Copa do Mundo em Berlim, capital da Alemanha, foi organizado um enorme mercado de prostituição de mulheres. Estima-se que 40.000 mulheres estão sendo “importadas”, principalmente da Europa Central e do Leste da Alemanha. Ali foi construído um gigantesco complexo prostitucional, prevendo um “boom comercial”. Trata-se de um “megaprostíbulo” de 3.000 m², levantado ao lado do principal estádio de futebol do Mundial, em Berlim.

Em Colônia, no Pascha, que é um bordel de dez andares, um imenso cartaz com uma mulher num exíguo biquíni, exibindo os seios, convida o mundo, não para a Copa Mundial de Futebol, mas para a prostituição. Reformado, o bordel se preparou para receber os turistas que chegam para as cinco partidas em Colônia, com 140 quartos, alugados de 320 a 500 reais por dia. Cerca de 40 mil mulheres, adultas ou não, recrutadas por empresas do sexo, chegaram à Alemanha, país que recentemente legalizou a exploração comercial da prostituição, tornando “dinheiro limpo” os lucros advindos da exploração da prostituição alheia.

Na Alemanha, os proxenetas circulam tranqüilamente, e seus negócios contam com ramificações internacionais. As moças são traficadas principalmente de países da América Latina, África e Leste europeu. Muitas não têm 18 anos, mas documentos falsificados garantem a obtenção de passaporte e visto de entrada, o que aponta para o envolvimento de autoridades nas redes internacionais de tráfico.

Só em Berlim, cerca de 8 mil mulheres foram colocadas à disposição dos turistas. Ao redor dos estádios e dos maiores hotéis, táxis e uma intensa divulgação dá conta de garantir a “casa cheia”, nos diversos bordéis (em Berlim são mais de 700) das 12 cidades que abrigarão jogos.

Em vão movimentos sociais de mulheres e de defesa dos direitos humanos têm denunciado o agenciamento de mulheres, algumas meninas ainda. Num país que descriminalizou a exploração comercial de mulheres, com previstos vultosos lucros advindos dos serviços sexuais oferecidos aos 7 milhões de turistas que chegarão neste mês, essas vozes são ignoradas.

O tráfico internacional é incentivado pelas agências de casamento, através do qual é permitido, na Alemanha, que o marido explore a prostituição da esposa estrangeira. Em nome do lucro, a dignidade da pessoa humana, os direitos humanos das mulheres, são ignorados. Os preços aumentam para programas sem preservativo.

A Organização das Nações Unidas (ONU) informa que se trata do terceiro maior lucro ilícito do mundo, perdendo apenas para o contrabando de armas de drogas. A indústria da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes tem números assustadores: 400 mil crianças na Índia, 100 mil nas Filipinas, 250 mil na Tailândia, 325 mil nos Estados Unidos, 500 mil no Brasil. São imensos lucros: nos Países Baixos, 5% do PIB; no Japão, 3%; na Tailândia, 14%.

As integrantes da ‘Marcha Mundial das Mulheres’, no Brasil e no exterior, principalmente na Alemanha, estão fazendo manifestações nos principais aeroportos. Algumas das “amigas” (Freundinnen), que convidam os turistas à Alemanha para programas sexuais, podem ser uma de nossas meninas brasileiras.

Sem dúvida, é algo que se assemelha a Sodoma e Gomorra; exploração comercial e permitida da prostituição. A Igreja nos ensina no Catecismo que:

“A prostituição vai contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida assim ao prazer venéreo que dela se obtém. Aquele que paga, peca gravemente contra si mesmo, viola a castidade à qual se comprometeu no seu Batismo e mancha seu corpo, Templo do Espírito Santo. A prostituição é um flagelo social. Envolve comumente mulheres, mas também homens, crianças ou adolescentes (neste dois últimos casos, ao pecado soma-se um escândalo). Se é sempre gravemente pecaminoso entregar-se á prostituição, a miséria, a chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade da falta.” (§2355)

São Paulo pergunta: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta… Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o impuro peca contra os seu próprio corpo… ” (1Cor 6,15-20). “Se alguém destruir o Templo de Deus o destruirá. Porque o Templo de Deus sois vós, e isto é sagrado” (1Cor 3, 16).

Se por um lado é grave a pessoa cair na prostituição e na fornicação, ou no adultério, por fraqueza e falta de vigilância e de oração; por outro lado, muitíssimo mais grave é explorar a prostituição, os motéis, os filmes pornográficos em locadoras, etc. Neste caso, o pecado é dobrado, porque é acompanhado de maldoso comércio que alimenta e facilita a outros o pecado.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino