A misericórdia é para todos
Nosso Senhor, no Evangelho de Mateus, capítulo 25, ensina-nos sobre as obras de misericórdia. Tal passagem é famosa, profunda e desafiante. Hoje, são milhares de milhares de pessoas que passam fome, têm sede, não tem onde morar, necessitam de um conselho, um perdão e uma prece por elas. É muito fácil cobrar ou apenas dizer que as autoridades políticas devem erradicar a sede e a fome do mundo, que as pessoas que possuem problemas devem procurar religiosos ou psicólogos, que parem de frescura.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Na verdade, Jesus, quando se pronunciou sobre as obras de misericórdia, não falou apenas às autoridades políticas, aos sábios ou aos doze discípulos, não falou apenas aos ricos. Cristo ensinou a todos sobre a prática do bem e deu também autoridade aos seus de fazerem obras grandiosas (Jo 14,12). Jesus nos deu uma autoridade, por isso o convite é de colocarmos a mão na consciência, pensarmos “o que eu posso fazer?”. “Mas eu sou pobre, como posso ajudar alguém?” Jesus orientou pobres e ricos a viverem as obras de misericórdia. Vamos pensar, vamos rezar, vamos abrir o coração e as carteiras e partilhar o que temos com os necessitados.
Obedecer a Deus
Às vezes ou sempre, os pobres batem a nossa porta. O que fazemos? Mentimos e dizemos que não temos nada? Damos algo com medo? Entregamos algo com receio de perder a vida eterna? Às vezes, um rico chora seus problemas ou precisa ser exortado. O que fazemos? Será que pensamos: “Bem feito! Tem que sofrer!?”, ou será que ajudamos por interesse? Em todo e qualquer caso, devemos ajudar, tendo em vista que estamos vivendo uma obra de misericórdia, estamos obedecendo a Deus. Estamos, talvez, contribuindo para a salvação daquela pessoa e para a nossa salvação.
Quando conseguimos parar e pensar “É para fazer a vontade de Deus!”, estamos no caminho certo. Podemos cair na tentação e pensar “uma andorinha não faz verão!”. Ah, que o Senhor afaste de nós esse pensamento! Pois tudo ou quase tudo, em nossa vida, inicia-se de forma pequena. Aliás, Jesus comparou o Reino de Deus a um grão de mostarda, que começa pequena e, depois, torna-se a maior das hortaliças (cf. Mt 13,31). Eu e você não podemos pensar que não tem importância os pequenos trabalhos ou as pequenas obras. O Pai vê tudo e haverá de dar a recompensa (Mt 6,4).
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Pequenas obras de misericórdia
Será de pouquinho em pouquinho que tomaremos gosto por viver as obras de misericórdia. Já ouvi testemunhos de pessoas que tinham medo de ir a hospitais, de visitar os doentes, pessoas que passavam mal ao se depararem com os enfermos, mas, com o tempo e com os passos, com as visitas esporádicas e, depois, com as visitas mais frequentes, as pessoas perceberam que já não se sentiam mais mal.
Além de dar os passos, reze: “Vou visitar-Te, Senhor”, “Dá-me, coragem!”, “Vou dar-Te de beber, mas, na verdade, a minha sede é que será saciada”. Isso mesmo! É isso que acontece quando realizamos, por graça de Deus, uma obra de misericórdia.
Assim, de pouco em pouco, de passos e mais passos, com a ajuda do Senhor, o mundo possa ser um pouco melhor. Diria que a minha casa seja um pouco melhor, que da minha casa eu seja um bom vizinho, que o vizinho seja bom para o outro, e assim teremos moradores daquela rua melhores, uma bairro melhor, uma cidade, um país e um mundo melhor. O Pai já realizou maravilhas neste mundo! Sua grande obra foi a salvação que nos foi dada por Seu Filho Jesus. Na força do Espírito Santo, Ele iniciou pequeno Seu trabalho, e hoje somos chamados a continuar Sua obra.
Diante da autoridade que o Senhor nos deu, iniciemos pequenas obras de misericórdia, sem a pretensão de sermos grandes. O Pai vê e se encarrega do resto. Sejamos dóceis e partilhemos o pouco que pensamos ter, pois esse pouco acaba sendo o muito para salvar aquele irmão.