O suicídio é uma das primeiras causas de morte em jovens. E ninguém quer falar sobre o assunto
“Sabeis quantos suicídios de jovens há hoje no mundo? A cifra é alta! Porque não têm esperança. Experimentaram tantas coisas e a sociedade, que é cruel – e é cruel! – não nos pode dar esperança. E esta é como a graça: não se pode comprar, é um dom de Deus. E nós devemos oferecer a esperança cristã com o nosso testemunho, com a nossa liberdade, com a nossa alegria”, disse o Papa Francisco (L’osservatore Romano, 23/06/2013, p. 6).
A jovem Paris Jackson é uma linda garota de 15 anos, popular na internet por seus tutoriais de maquiagem. Ela canta, toca piano e, em breve, fará sua primeira participação como atriz no filme de ficção ‘Lundon’s Bridge and The Three Keys’. Porém, no início do mês de setembro, ela pegou o público de surpresa ao tentar tirar a própria vida ingerindo uma alta dose de medicamentos e cortando os pulsos. Paris Jackson é filha de Michael Jackson.
Infelizmente, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 e 19 anos, segundo estudos lançados pela publicação “The Lancet, 2012”.
O suicídio, hoje, no Brasil, só perde para as drogas e os acidentes de trânsito. Quando o assunto são mortes prematuras, inúmeros casos circulam no país e, apesar de não serem largamente noticiados, causam comoção e choque entre as pessoas mais próximas ao evento.
Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 2 mil pessoas, entre 15 e 29 anos, tiraram a própria vida em 2009. Número preocupante que deu início a uma campanha de prevenção, que declarou 10 de setembro como “O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”.
DOENÇA PSIQUIÁTRICA
É uma das primeiras causas de morte em homens jovens nos países desenvolvidos e emergentes. Mata 26 brasileiros por dia. E ninguém quer falar sobre o assunto.
No Brasil, a taxa de suicídio entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 25 anos. O crescimento é maior do que a média da população, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor de ‘O Suicídio e sua Prevenção’ (ed. Unesp).
A curva ascendente vai contra a tendência observada em países da Europa ocidental, nos Estados Unidos, na China e na Austrália. Nesses lugares, o número de jovens suicidas vem caindo, ao contrário do que acontece no Brasil, aponta um estudo da University College London publicado no periódico “Lancet” no ano passado.
“Na década de 1990, a taxa de suicídios aumentava em todos os países do mundo, e a OMS [Organização Mundial da Saúde] lançou um programa de prevenção. Os países que fizeram campanhas de esclarecimento conseguiram baixar os números. É importante falar do assunto”, diz o psiquiatra Neury Botega, da Unicamp.
A taxa cresce por uma conjugação de fatores. “A sociedade está cada vez menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. Além disso, é desiludido em relação aos ideais que outras gerações tiveram”, diz Neury.
Há ainda uma pressão social para ser feliz, principalmente nas redes sociais. “Todo mundo tem de se sentir ótimo. A obrigação de ser feliz gera tensão no jovem”, diz Robert Gellert Paris, diretor da Associação pela Saúde Emocional de Crianças e conselheiro do CVV (Centro de Valorização da Vida).
O aumento de casos de depressão em crianças e adolescentes é outro componente importante. “Mais de 95% das pessoas que se suicidam têm diagnóstico de doença psiquiátrica”, diz Bertolote.
Junte tudo isso ao maior consumo de álcool e drogas, e a bomba está armada. A Organização Mundial da Saúde estima que, a cada ano, um milhão de pessoas cometam suicídio (Folha de S. Paulo, 11/06/2013, p. C8).
FÉ, AMOR E ESPERANÇA: ARMAS PARA COMBATER
A fé no bom Deus vence tudo. São João Apóstolo escreve: “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5,4).
O renomado médico e escritor americano Dr. Dean Ornish afirmou: “O amor e a intimidade são fatores estreitamente ligados à saúde e à doença, à tristeza e à alegria, ao sofrimento e à cura. Se um remédio novo tivesse o mesmo efeito, praticamente todos os médicos no país o recomendariam aos seus pacientes. Seria negligência não o receitar”.
O escritor e filósofo francês Charles Péguy chamou a esperança de “virtude do contrapé”. Assim escreveu: “Ela é a virtude do novo, a virtude do jovem. Sem ela, a fé e a caridade se tornam rotinas. Ela impede também que a comunidade cristã enfraqueça e se desestruture”.
Portanto, fé, amor e esperança dão o real sentido à vida e são remédios para a cura do corpo, da alma e das emoções abaladas.
Vamos viver com essa trilogia milagrosa a felicidade e o tempo da vontade do Pai Celestial e deixar um legado e uma frase de feliz otimismo como a do maior orador romano e sábio escritor das Catilinárias, Marco Túlio Cícero: “Vivi de tal forma, que sinto não ter nascido em vão”.