Os nossos sentidos, auxiliados por dispositivos especiais, sem recursos palpáveis, têm a capacidade de ir além do verificável a olho nu
Assim, conseguem captar ondas de rádio, perceber ultrassons, descobrir a ação de micro-organismos, “ver” os átomos e decifrar o DNA. Isso é inalcançável para os animais.
Tornou-se princípio muito comum dos cientistas só aceitar como realidade aquilo que pode ser comprovado pelos sentidos. Isso alija, de entrada, toda a rica realidade da metafísica, descoberta pelos grandes filósofos da história. Seu instrumento de trabalho, além dos sentidos, foi a inteligência, faculdade que nos projeta para verdades para além dos sentidos, como a descoberta da vida após a morte, a necessidade de haver um Criador ordenando o cosmos, e saber conviver com o fato de que tudo no universo tem razão de ser.
Mas além disso, existe uma riqueza infinita de realidades sobrenaturais totalmente herméticas, que só se podem alcançar por uma chave de leitura surpreendente que chamamos de fé. Se ela não fica na esfera do verificável, não é prova de que as verdades por ela aceitas não existem.
A fé é nossa grande resposta para entrarmos num âmbito de belezas inimagináveis. “A fé é um modo de já possuir o que se espera” (Hb 11,1).
Qual é o palco infinito que a fé nos abre? Saber que Deus é um ser perfeitíssimo e que seus objetivos para conosco são de partilhar sua felicidade. Descobrimos que não somos frutos do acaso, mas que estamos em seus pensamentos.
A fé que acolhemos como dom divino nos desvenda que Jesus, nosso Salvador, é o ponto máximo de todo o universo, e que a Sua vida representa a melhor solução para a nossa plena realização. Aceitamos com alegria total que o Espírito nos concede os dons máximos da Igreja, da salvação eterna, da Palavra divina, da Eucaristia.
Neste Ano da Fé, prestes a terminar, queremos dar com coragem, esse salto para o invisível, para usufruir seus enormes benefícios.
Segundo nos relatam os noticiários, os sul-coreanos inventaram uma garrafa que transforma a água do mar em água doce. Há muita gente, em alto mar, morrendo de uma sede atroz. A única maneira de não morrermos de uma sede devoradora é nos abrirmos para a fé. “O que vence o mundo é a nossa fé” (1Jo, 5,4).
Dom Aloísio Roque Oppermann, scj
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
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