Janeiro Branco

Transtornos mentais: quais são e como identificar?

As doenças mentais, ou transtornos mentais como são denominados, são manifestos, principalmente, pelas mudanças de personalidade e comportamento. Porém, nem toda mudança pode ser decorrente de um transtorno. Uso de medicamentos e drogas, incluindo o que chamamos de abstinência e efeitos colaterais, doenças, alterações hormonais, infecções, situações sociais (perdas, lutos etc.) podem trazer alterações. Por exemplo, muitos confundem a ansiedade — que é apenas uma emoção momentânea e necessária em nossa vida — com transtorno de ansiedade, caracterizado por um distúrbio patológico. Assim também é com o sentimento de melancolia ou tristeza, que pode ser confundido com doenças mais graves como a depressão.

Sinais de um diagnóstico de doença mental

A identificação das doenças mentais se dá por diagnóstico clínico, sendo observadas alterações que podem envolver:
• Confusão mental, febre ou dor de cabeça, ou pessoas que sofreram um traumatismo craniano recentemente e com pessoas que querem ferir a si próprias ou a outros;
• Doenças clínicas que podem afetar as emoções (tumores cerebrais, esclerose múltipla, Parkinson, Alzheimer, transtornos convulsivos, meningite, encefalite, grandes cirurgias como transplantes e cirurgias cardíacas);
• Intensidade e tempo dos sintomas emocionais;
• Outras condições clínicas incapacitantes e que possam gerar impactos na saúde emocional.

Segundo o DSM 5 Tr (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os transtornos mentais são divididos num sistema de classificação que busca separar as doenças mentais em categorias diagnósticas com base na descrição dos sintomas, ou seja, o que dizem e fazem as pessoas como reflexo do que pensam e sentem e no curso da doença.

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Os principais transtornos mentais e sintomas incluem:

• Transtornos de ansiedade: dores no pescoço, na nuca e na cabeça; sensação de desconforto físico; formigamento nas extremidades; tremores nas extremidades; pânico, tensão e medo; mau pressentimento; dores no peito; falta de ar; palpitação; sudorese;
• Transtorno bipolar: pode ter todos sintomas da depressão, ter tristeza, irritabilidade ou felicidade extrema em períodos muito curtos, desânimo ou muita energia em pouco espaço de tempo, impulsividade ou apatia;
• Depressão: com tristeza intensa, alteração do sono e apetite, irritabilidade, apatia, insegurança, dificuldade de concentração;
• Transtornos dissociativos: quando a pessoa se sente desconectada de si própria ou do mundo ao seu redor;
• Transtornos obsessivo-compulsivos: os pacientes têm comportamentos muito exagerados em relação à rotina, conferência, limpeza, acumulação, superstição;
• Transtornos de personalidade: são padrões generalizados e persistentes de pensar, perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional;
• Esquizofrenia: alucinações visuais, auditivas ou do tato, sensação constante de estar sendo perseguido, pensamento desorganizado e fora da realidade, problemas afetivos e de relacionamento social, episódios de delírio;
• Transtornos somáticos: quando fatores mentais são expressos na forma de sintomas físicos;
• Transtornos relacionados a trauma e a estresse: relacionados à exposição a um evento traumático ou estressante, resultando em sofrimento psicológico relevante, prejuízo áreas importantes.

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Pessoas saudáveis diferem significativamente em geral na sua personalidade, humor e comportamento. Cada pessoa também varia de dia para dia, dependendo das circunstâncias. Entretanto, uma mudança importante e repentina na personalidade e/ou comportamento, especialmente se não estiver relacionada a um evento óbvio (como tomar um medicamento ou perder uma pessoa amada), em geral indica um problema. Mas não é possível definir uma só causa para esse tipo de distúrbio, pois há várias situações que podem ser fatores desencadeadores:

• Fatores Psicossociais: situações de estresse; vida familiar; ambiente escolar e outros;
• Genéticos: ligados aos transtornos mentais relacionados ao histórico familiar da pessoa;
• Ambientais: relacionados a problemas enfrentados onde mora e tipos de possíveis abusos (físico, psicológico e sexual);
• Biológicos: situações de anormalidades do sistema nervoso central.

O mais importante é saber que nem tudo é um diagnóstico ou uma doença, mas que alterações no humor e comportamento devem ser avaliadas, especialmente no quanto esses problemas possam afetar a qualidade de vida e bem-estar das pessoas, e seja tanto diagnosticado como tratado de forma adequada.


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa