Saúde mental

Quando o sacerdote sofre

Oração e compaixão diante de perguntas sem resposta

“Não acredito”, “Como assim?”, “Por que ele?”, “Por que agora?”. Perguntas como essas ecoam em nosso coração diante da dor da perda de alguém querido. Quando essa ausência se refere a um jovem sacerdote que tanto bem fez à comunidade, o impacto é ainda maior.

Crédito: BanksPhotos / GettyImages

O padre Matteo Balzano, partiu aos 35 anos, e deixa perguntas sem resposta. Se existe uma explicação para sua decisão, ela  se foi com ele, tornando o luto ainda mais delicado.

Fiéis a espera do seu pastor

Na manhã de sábado, 5 de julho de 2025, os fiéis esperavam pelo padre Matteo para a missa, mas ele não apareceu e não atendeu ao telefone.  Seu corpo foi encontrado no apartamento anexo à paróquia, e a Diocese de Novara confirmou a notícia do seu falecimento. O bispo Dom Franco Giulio Brambilla, que o ordenou, é o mesmo encarregado de presidir seu o funeral.

Padre Matteo dedicava-se especialmente aos jovens do oratório da paróquia de Cannobio, no norte da Itália, e havia completado 35 anos em janeiro. Quais seriam os problemas que poderia estar passando um pastor que tanto bem fazia pelo próximo?

Assim reflete o padre Maurizio Patriciello, em um artigo para o site Avvenire:  “Pode um sacerdote sofrer de depressão? Certamente. Seria injusto pensar que essa sombra não possa recair também sobre ele. Pode ele ceder à tentação? Sim, a Igreja nunca negou isso. Mas, como qualquer pessoa, pode reerguer-se e voltar a amar e servir a Deus e aos outros com renovado entusiasmo.” E também nos convida ao silêncio e à compaixão: “Vamos evitar julgamentos. Ser padre é complexo: é ser elogiado e criticado, e também lidar com as fragilidades humanas”.

Antes do seminário, Matteo era especialista aeronáutico. Na Diocese, atuou em diversas paróquias e no Centro Vocacional Diocesano. Era um jovem cheio de sonhos e vontade de servir a Deus.

A notícia de um sacerdote que tira a própria vida nos toca profundamente. Os Sacerdotes são homens que, de forma livre, abraçam a missão de tornar Deus presente no mundo. São pessoas de quem muito se espera e pouco se perdoa.

Outro aspecto fundamental na vocação sacerdotal é a vida espiritual, uma verdadeira batalha interior. “Por isso, a Igreja sempre recomendou aos cristãos, especialmente aos consagrados, um pai espiritual, alguém que conhece o caminho e pode ajudar nos momentos em que a fé se torna árida e difícil”, recorda padre Maurizio.

Só o Senhor, que conhece o mais íntimo de cada um, compreende os mistérios da alma humana. Rezemos, confiantes na misericórdia de Deus, por padre Matteo, por sua família e por toda a comunidade de Cannobio”, expressa padre Franco Giudice, Vigário Episcopal para o Clero e a Vida Consagrada.

A graça de saber chorar é uma oração silenciosa e necessária

Muitos choram hoje. E nós, diante do altar, pedimos a graça das lágrimas, como nos ensinou Jesus, que não teve vergonha de chorar. “Certas realidades só se enxergam com os olhos lavados pelas lágrimas”, disse o Papa Francisco, ao falar do choro de Jesus diante da morte de Lázaro.  Em outro momento, ele afirmou: “Se Deus chorou, também eu posso chorar, sabendo que sou compreendido. O pranto de Jesus é antídoto contra a indiferença diante do sofrimento alheio. Ele nos ensina a acolher a dor do outro e a partilhar do seu sofrimento”.

Diante da dor, “Deus recolhe cada lágrima e não perde nenhuma” (Sl 56,9). Essas palavras encontram eco no Apocalipse: “Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. Não haverá mais morte, nem luto, nem dor, porque as coisas antigas passaram” (Ap 21,3-4).

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Rodrigo Luiz dos Santos – Missionário da Comunidade Canção Nova