Comportamento

Prudência: a virtude do cotidiano e das escolhas corretas

Prudência: a virtude essencial para boa decisões

“Num mundo dominado pelas aparências, pelos pensamentos superficiais, pela banalidade tanto do bem quanto do mal, a antiga lição da prudência merece ser recuperada” (Papa Francisco).

A prudência é uma virtude muito importante, útil e presente no cotidiano, pois nos ajuda a escolher o bem ou o mal, a fazer cada escolha da vida diária. Antes de mais nada, precisamos diferenciar a prudência da astúcia, pois esta visa tirar proveito das situações, sempre se favorecer e “sair por cima”. Já aquela se baseia no amor e no bem, preocupando-se com o que é certo.

Como age uma pessoa prudente?

Você já parou para pensar se é uma pessoa prudente? Para responder essa pergunta, você precisa, antes, ter claras algumas questões: 1 – O que é a prudência: é a capacidade de escolher bem, decidir pelo bem em qualquer circunstância. Santo Agostinho a definia como “ a regra certa da ação”; 2 – Como age uma pessoa prudente: agir com prudência consiste em agir com bases sólidas. Então, o prudente, para agir, recolhe informações antes, ouve bons conselheiros e eu diria também que ele reza, ouve a voz de Deus para, assim, munido de tudo isso, tomar a decisão. Não age, portanto, por impulso ou motivado por emoções. Digo isso em decisões mais importantes. Porém, de tanto repetir a ação dessa forma, o prudente passa a agir quase que instintivamente dessa maneira em cada escolha cotidiana.

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A prudência em tempos de polarização

Isso não quer dizer que o prudente é hesitante quanto à ação a tomar, nem mesmo cauteloso. Papa Francisco explica que “dar primazia à prudência significa que a ação do homem está nas mãos da sua inteligência e liberdade”. Para São Tomás, a prudência é “a capacidade de governar as ações para direcioná-las para o bem, por isso é apelidada de o “cocheiro das virtudes”. O prudente tem visão ampliada sobre as situações, e assim é capaz de escolher. Não significa que nunca erre, pois somos humanos, mas será mais assertivo nas decisões. Nos tempos em que vivemos em relação às opiniões tão polarizadas e a um grande apreço por polêmicas favorecidas pela mídias sociais, precisamos muito dessa virtude, pois a prudência sabe que há muitos pontos de vista e que é preciso tentar harmonizá-los, que o bem deve ser feito a todos, não a alguns.

É muito conhecida a parábola das virgens prudentes, no capítulo 25 do Evangelho de São Mateus, onde elas são as damas de honra que trazem óleo para as suas lâmpadas; e imprudentes são aquelas que não o fazem. Parece-me que algumas leituras dessa passagem focam mais na providência material do que na prudência. A prudência ensina a analisar a situação, ver os sinais e agir. Em nossos tempos, tantos sinais nos rodeiam: a pandemia, catástrofes climáticas, guerras…

A virtude da prudência nos ajuda a observar tudo isso e agir corretamente, enchendo nossas talhas de azeite, porque o noivo está à porta: “Eis que estou à porta e bato” (Apocalipse 3, 20). O mundo ensina uma sabedoria que define a realidade segundo termos terrenos, materiais, que não fazem referência aos valores espirituais, a Deus ou aos propósitos que ele tem para a nossa vida. Lembro-me, aqui, do padre Jonas Abib [fundador da Canção Nova] que nos ensinou sobre o “sistema do mundo” e o “sistema de Deus”. Se quisermos ir para o Reino de Deus, precisaremos entrar no sistema d’Ele, viver de uma maneira que nos leve até lá. Essa maneira é ensinada pela prudência.

A prudência em ação

A prudência nos impulsiona à ação. Jesus, quando envia Seus discípulos para a ação, enviando-os em missão, disse: “ Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. A vida cristã é mesmo essa combinação de simplicidade e inteligência. Por isso precisamos cultivar a virtude e nos esforçar por ela. Para isso, precisamos sempre pensar sobre o propósito de nossa vida e avaliar tudo à luz desse propósito, que é a santidade e o céu.

Edvânia Duarte Eleutério
Missionária da comunidade Canção Nova desde 1997, onde atuou como formadora e acompanhadora de namorados, noivos e casais da Comunidade, além de outras funções como gestora e TV, Tem especialização em gestão de pessoas, counseling e bioética, autora do livro “Porque (não) eu?”