Hoje, Dia da Árvore, é um dia conveniente para lembrar algo maravilhoso: Deus fez toda a natureza pensando no homem, para que este viva e se sustente dela, subjugada à hierarquia definida por Deus. Mas isso dá a permissão ao homem para que ele viva de forma desordenada com a natureza? Não! Mas a ordem não está clara para alguns. O homem observa o seu valor ser menosprezado frente a essa desordem, onde alguns dão prioridade ao cuidado às plantas e animais.

Crédito: domínio público
A mitologia de Tolkien como espelho da realidade humana
Para entender melhor esse problema, é interessante visitar a mitologia do universo dos livros de Tolkien, mais especificamente no personagem de Gandalf.
Gandalf é um mago e, assim como os outros quatro magos enviados à Terra Média (território continental fictício do universo de Tolkien), tem como missão guiar os povos livres na luta contra o mal, para quando cumprirem a sua missão retornarem à sua primeira morada: as Terras Imortais, onde eles poderiam voltar a viver plenamente, livre das misérias que encontrariam na Terra Média. Mas havia um porém… eles não poderiam se desviar de sua missão, pois assim perderiam a lembrança e o desejo de retornar ao seu lar.
Quando a ambição corrompe
Três dos cinco magos são os que mais se destacam na história. Saruman, o Branco, era o líder da ordem dos magos, considerado o mais poderoso entre os cinco, mas ele, evidentemente, corrompe-se, e sua ambição por poder marca o fracasso em sua missão; e, pior, age de forma contrária na luta contra as forças do mal.
A desordem da prioridade
Há também Radagast, o Castanho. Descrito da seguinte forma no livro Contos Inacabados: “Radagast, o quarto, apaixonou-se pelos muitos animais e aves que viviam na Terra Média, e abandonou os elfos e os homens para passar seus dias entre as criaturas selvagens”. O Mago Castanho era um indivíduo simples, não era corrompido pelo mal, mas apresentava a desordem hierárquica do valor, a citada anteriormente. É possível compreender melhor esse ponto através da trajetória de Gandalf, aquele que foi fiel ao propósito dos magos.
Humildade, austeridade e triunfo
Gandalf, diferente dos anteriores, teve uma resiliência ímpar. A sua fidelidade foi seu escudo. Entendia o valor das virtudes em cada indivíduo e em si mesmo. Em contraste com os dois magos apresentados anteriormente, ele era nômade, pois sabia que a paixão pelo conforto de um lar poderia cegá-lo em sua missão. A austeridade o levou a viver em meio às mais diferentes sociedades, das mais complexas às mais humildes. Esse convívio o fez perceber que as virtudes se destacavam nas coisas simples. Esses aspectos de sua história contribuíram significativamente para o cumprimento de sua missão. Ao final, triunfou, guiou os povos da Terra Média e, unido a eles, venceu o mal.
Quem cumpre a ordem?
Isso é o suficiente para entender por que observar esses personagens. Gandalf não era ambicioso como Saruman foi; pelo contrário, ele mostrou o valor da humildade e da austeridade, reconhecendo os seus defeitos e, através da austeridade, dominava essas misérias.
Mas onde ele supera Radagast? Radagast não era corrompido, mas desordenado. Qual a desordem? Priorizava o cuidado dos animais e plantas ao cuidado com as pessoas. A hierarquia está comprometida. Tolkien destaca que aí está o fracasso de Radagast. A ordem é restabelecida através de Gandalf. Sem a vitória dos povos sobre o mal, os animais e plantas sucumbiriam junto a tudo. Era necessário o triunfo do bem através dos povos para que a natureza continuasse íntegra.
A verdadeira amizade com a natureza nasce do amor ao homem
Ao final, entre Gandalf e Radagast, o legítimo amigo das plantas é Gandalf. Através do amor às pessoas, ele cumpre o seu dever e coloca cada coisa em seu devido lugar. Mediante o triunfo do bem, não só no cosmos, mas pelos efeitos da vitória em cada ser daquele universo, é possível condicionar o comportamento dos indivíduos para que o cuidado da natureza seja realizado de forma ordenada. O bem gerado no homem viabiliza a harmonia com a natureza conforme Deus quis:
“Deus os abençoou: ‘Frutificai – disse ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra’. Deus disse: ‘Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento’.
E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda a erva verde por alimento’. E assim se fez”. (Gênesis 1, 28-30).
Matheus Eleutério – Estudante de Jornalismo