📚 Saiba!

Desenvolva seu potencial sob a graça divina

A união entre esforço humano e a Divina Providência

No meio de tantas vozes e promessas, o desenvolvimento do seu potencial reside na jornada autêntica de autoconhecimento e aprimoramento contínuo. Não se trata de seguir um roteiro pré-definido, mas de descobrir e nutrir suas capacidades únicas, construindo um caminho que ressoe com quem você realmente é, longe das comparações e das idealizações superficiais.

Foto Ilustrativa: by Getty Images / jacoblund

Um homem maduro, de fato, compreende que seu potencial transcende as esferas biológica, emocional e psíquica. Ele reconhece a dimensão espiritual como um pilar fundamental, buscando integrar todos esses aspectos para alcançar uma plenitude que se manifesta em sabedoria, resiliência e propósito. O verdadeiro desenvolvimento, então, é um processo holístico que abraça a totalidade do ser.

Leia mais:
.:A importância do diálogo para o desenvolvimento do ser humano
.:O cultivo da fé através do aprofundamento intelectual
.:Casar ou comprar uma bicicleta?

Ele se aventura a transcender os limites de suas próprias habilidades, buscando a ação da Graça e da  Divina Providência para preencher as lacunas e elevar seu esforço. Pois a perfeição, como nos ensina a fé, não é um destino alcançado apenas pelo esforço humano, mas uma vocação que se realiza na colaboração entre a vontade do homem e a graça de Deus.

Multiplicar os dons uma exigência da Fé 

Assim, o homem tem o grave dever de amadurecer, como citado nas parábolas dos talentos. Esta passagem bíblica, encontrada em Mateus 25,14-30, é  um profundo chamado à responsabilidade e ao desenvolvimento pessoal. Nela, um senhor entrega a seus servos talentos (moedas de grande valor) para que os administrem enquanto ele está ausente. Dois dos servos multiplicam seus talentos, enquanto um terceiro, por medo, os enterra.

A parábola nos ensina que cada indivíduo é dotado de dons, habilidades e potenciais — os nossos “talentos” —, que nos são confiados para que os utilizemos e os façamos prosperar. Enterrar esses talentos significa negligenciar o próprio potencial, recusar-se a crescer e a contribuir para o mundo. É uma inação que se torna uma falha grave, pois o crescimento e o desenvolvimento são esperados.

O amadurecimento, neste contexto, vai além da mera passagem do tempo. Ele implica um processo ativo de autoconhecimento, de aprimoramento contínuo e de disposição para assumir riscos calculados em prol de um propósito maior. Não é se contentar com o mínimo, mas buscar sempre mais, usando seus talentos para o bem comum e para a glória de Deus. Isso significa investir em educação, desenvolver novas habilidades, superar medos, sair da zona de conforto e dedicar-se ao serviço, seja na família, na comunidade ou na sociedade em geral.

Multiplicar os talentos através do trabalho e da fé é a essência deste dever. O trabalho não é apenas uma fonte de subsistência, mas um meio de expressão dos talentos, de serviço e de cocriação. A fé, por sua vez, oferece a confiança e a esperança necessárias para perseverar diante dos desafios e para acreditar no potencial de crescimento, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas.

É um chamado à responsabilidade individual e coletiva, a não desperdiçar as oportunidades, mas a abraçá-las com diligência e sabedoria. O homem tem o dever de se tornar a melhor versão de si mesmo, não por vaidade, mas por um compromisso espiritual de fazer a vida valer a pena, não apenas para si, mas para todos ao seu redor. Ao amadurecer e multiplicar seus talentos, o indivíduo cumpre seu propósito e contribui para um mundo mais rico e pleno de significado.

Neste sentido, a capacidade de mudança, que se inicia de maneira ordinária com uma ação da inteligência iluminada pela verdade, escolhe, através da vontade, fazer o correto. Contudo, sem a graça de Deus, essa capacidade fica deficiente, torna-se impossível de realizar uma mudança completa, permanecendo apenas no campo do tangível, do natural.

Plenitude e santidade: a graça como força que torna tudo possível

A busca por uma transformação genuína e integral é um anseio profundo do ser humano. No entanto, a experiência demonstra que a mera força de vontade ou a lucidez intelectual, por mais nobres que sejam, muitas vezes não são suficientes para erradicar vícios arraigados, superar fraquezas persistentes ou alcançar a plenitude da virtude. A inteligência, ao discernir o bem, e a vontade, ao desejar praticá-lo, são passos fundamentais e indispensáveis. Elas são a porta de entrada para o caminho da retidão, mas não garantem a jornada completa.

A limitação intrínseca da natureza humana, ferida pelo pecado original, impede que a mudança se concretize em todas as suas dimensões sem um auxílio transcendente. É como tentar voar com uma única asa: a intenção pode ser pura, o desejo ardente, mas a capacidade de alçar voo completo e sustentável permanece comprometida. A mudança fica restrita ao plano superficial, às aparências, às adaptações externas, sem tocar as raízes mais profundas do ser, que clamam por uma renovação interior.

É aqui que a graça de Deus se manifesta como o elemento catalisador e indispensável. Ela é a força divina que eleva a capacidade humana, fortalece a vontade e ilumina a inteligência para além de suas próprias limitações. A graça não anula o esforço humano, mas o potencializa e o aperfeiçoa, tornando possível o que por si só seria inatingível. É por meio dela que a alma é purificada, os corações são transformados e as virtudes são cultivadas de forma autêntica e duradoura.

A união do esforço humano com a intervenção divina permite uma transformação profunda e duradoura, elevando o ser para além de suas limitações intrínsecas e possibilitando o verdadeiro amadurecimento em todas as suas dimensões – espiritual, moral, psicológica e social. Somente com a graça de Deus a mudança se torna completa, transcendendo o campo do tangível e do natural para alcançar a esfera do sobrenatural, onde a verdadeira santidade e a plenitude da vida são possíveis. A fé, a esperança e a caridade, infundidas pela graça, tornam-se as asas que permitem ao ser humano alçar voos mais altos, superando as adversidades e alcançando a meta final de sua existência: a união com Deus.

Desejo sinceramente que este texto possa ajudá-lo a, iluminado pela fé, escolher a Verdade e iniciar ou acelerar o seu caminho de conversão e de ampliação de todos os seus potenciais e virtudes.

Com carinho,

Almir Farias Rivas Júnior
Missionário da Comunidade Canção Nova / @almir.rivas.terapeuta