Entenda

Ato sexual: por que o coito interrompido é pecado?

O ato sexual do casal precisa ser unitivo e procriativo

O ato sexual de um casal tem dupla finalidade: unitiva e procriativa. A moral da Igreja Católica ensina que o ato sexual deve atender a esses dois aspectos. O unitivo reflete o dom de entrega total entre os esposos; o procriativo implica na abertura à geração de filhos.

Diz o Catecismo que “é errado qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização ou no desenrolar das suas consequências naturais, proponha-se, como fim ou meio, tornar impossível a procriação” (n° 2370).

Ato sexual por que o coito interrompido é pecado

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A Igreja ensina: toda atividade sexual que, artificialmente, é fechada para uma dessas dimensões, torno o ato ilícito. É o caso do coito interrompido, que impede a realização completa do ato conjugal.

O que é coito interrompido?

O coito interrompido (ou onanismo) consiste em interromper a relação sexual antes da ejaculação. No Antigo Testamento, há uma referência a isso, mostrando que não é lícito: “Então, Judá disse a Onã: “Vai, toma a mulher de teu irmão, cumpre teu dever de levirato e suscita uma posteridade a teu irmão. Mas Onã, que sabia que essa posteridade não seria dele, maculava-se por terra cada vez que se unia à mulher do seu irmão, para não dar a ele posteridade” (Gn 38,6-10). E Deus castigou Onã por essa prática.

Além disso, o coito interrompido é um método de contracepção com alta taxa de falha, em torno de 20% (no período de 1 ano, 20 mulheres em cada 100 engravidam utilizando apenas esse método). Ou seja, a capacidade de esse método evitar uma gravidez indesejada é baixa.

Isso pode ser explicado pelo fato de que, no fluido que sai do pênis antes da ejaculação, já pode conter espermas capazes de fecundar o óvulo. Além do fato de que alguns homens não conseguem controlar o exato momento de sua ejaculação, e podem ejacular dentro da vagina, o que perde a eficácia do método.

Outro aspecto negativo dessa prática é que deixa de realizar o aspecto unitivo do ato sexual. A esposa não participa da totalidade do ato conjugal, e, com o tempo, não vai mais estar animada para a sua realização. É um desrespeito com Deus e com a esposa.

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Imagina se, no momento do ápice do prazer masculino, ele tiver que se preocupar em interrompê-lo? Vez ou outra, ele ainda vai entender, mas chegará um momento em que ele vai cansar de se preocupar e/ou vai ejacular na vagina, ou vai acabar perdendo a vontade de ter uma relação com a esposa, por não poder relaxar por completo.

Provavelmente, o coito interrompido seja um dos métodos mais antigos de contracepção (com exceção da abstinência sexual). Esse método, embora seja natural, não é aceito pela Igreja, porque interrompe a relação de forma egoísta, muitas vezes, levando à esposa uma frustração. E segundo alguns pesquisadores do assunto, pode levar o homem a ter ejaculação precoce.

Relação sexual completa

A norma moral da Igreja afirma que, para uma relação sexual ser completa, válida e consumar a união de um casal, a ejaculação do esposo deve ser dentro da vagina. No coito interrompido, podemos afirmar, portanto, que a relação sexual não é completa; assim sendo, é moralmente incorreta e não aceita.

Ainda, no Can. 1061, o Direito Canônico admite que um matrimônio é válido e consumado apenas se “o casal realizar entre si, de modo humano, o ato conjugal por si para a geração de prole, ao qual, por sua própria natureza, ordena-se o matrimônio e pelo qual os cônjuges se tornam uma só carne”.

Por fim, como disse a Dra. Julie Maria, “o corpo tem um significado esponsal, porque revela o chamado do homem e da mulher a se tornarem dom um para o outro, um dom que se realiza plenamente na sua união de ‘uma só carne’. O corpo também tem um significado generativo que, se Deus permitir, traz um ‘terceiro’ por meio dessa união.” (Conferência no I Congresso Internacional de Vida e Família (2008).

Método natural Billings

O que a Igreja recomenda para os casais cristãos, que precisam realizar o controle da natalidade durante um tempo, não definitivamente, é usar o método natural Billings, que funciona muito bem quando é bem aprendido e bem realizado.

Infelizmente, os fabricantes de anticoncepcionais divulgam que o método falha muito, não é verdade, pois, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a eficiência do método é de 98,5 %. Ele foi testado em diversos países como Filipinas, Índia, Nova Zelândia, Irlanda e El Salvador.

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Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino