A liturgia deste final de semana deixou meu coração inquieto, principalmente quando se fala do Evangelho de Domingo (Lc 19,28-40), onde narra a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém. Nesta passagem, vários personagens me chamaram atenção, começando pelos discípulos, obedientes, que seguindo as instruções do Mestre, foram buscar o tal jumentinho; o dono do jumento, que não hesitou em emprestar o seu animal, e aí uma frase salta aos meus olhos: O Mestre precisa dele!
Esta foi a resposta dos discípulos ao dono do jumentinho, quando este, com todo direito, os interrogou por que estavam levando seu animal. Imagina se ele tivesse negado o empréstimo, alegando, por exemplo, que iria precisar dele naquele exato momento! Teria sido uma tragédia, não?
Fiquei refletindo quantas vezes Jesus já enviou seus discípulos para pedirem algo meu para Seu uso e sem nem perceber a gravidade eu disse: Não, não posso emprestar!
Mas, voltando a falar de personagens, detenho-me agora no bendito jumentinho. Já ouvi muitos pregadores falarem dele em seus discursos e até escreverem ao seu respeito, mas desta vez, a Palavra me chamou atenção de uma maneira nova: estive imaginando quais foram os sentimentos daquele privilegiado animal! Privilegiado sim, porque carregou sobre si Aquele por quem toda humanidade esperou, o Messias! Mas só por isso!
Será que ele pensou que aqueles mantos estendidos, aqueles ramos de oliveiras agitadas entre cantos de alegria e gritos de Bendito o Rei… eram para ele? Se pensou assim, naquele mesmo dia foi frustrado e ficou profundamente decepcionado, ao perceber que o mérito não era dele e, talvez tenha vivido o resto da vida reclamando seus direitos, parado na decepção.
Já por outro lado, se o animal entendeu sua missão, teve motivos de sobra para se alegrar pelo resto da vida, cada vez que lembrou que um dia levou o Salvador a um povo que alegre e sedento o esperava.
E Deus me fez pensar sobre quais sentimentos têm sido os meus, ao levá-Lo as multidões que continuam a sua espera.
Acredito que esta semana é propícia para nos incluirmos na liturgia e assim deixarmos que nossos sentimentos e inteligência, nos aproxime ainda mais de Deus através de Sua Palavra, nos fazendo assim, mudar de vida. Este é o sentido da Quaresma.
Se assim for, teremos Páscoa de verdade! Passaremos da vida velha para a Vida Nova em Deus.