O nascimento é um momento marcante. No mundo, vamos descobrindo-nos como pessoas plenas de possibilidades. Algumas delas surgem naturalmente, no decorrer da vida, outras, após serem trabalhadas, associam-se ao que somos. Contudo, em nosso processo de crescimento interior carregamos conosco uma natureza frágil e pecadora. Com o passar do tempo, fazemos a descoberta de nossas limitações humanas e espirituais. Estas limitações, quando não trabalhadas, podem dar lugar a uma vida extremamente complexa, na qual o pecado nos arranca de nós mesmos e dos braços de Deus.
O tempo litúrgico da Páscoa é propício para vivermos, na vida, um tempo novo, onde os erros dão lugar às possibilidades adormecidas na alma. Recomeçar nem sempre é fácil. Exige muita força de vontade e uma capacidade interna de superação. Para nós cristãos, a mudança interior não acontece somente a partir de nossas próprias forças interiores, mas conta com o auxilio do Espírito Santo. Ele guia nossa alma pelos bons caminhos e faz de cada dia um tempo novo de ressurreição:
“Vós deveis nascer do alto. O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3,7b-8).
Um novo nascimento nos faz pessoas renovadas no amor em Cristo. É uma vivência nova a partir da experiência da fé na ressurreição que invade nosso coração e nos capacita a sermos testemunhas do Ressuscitado.
Nasce do Alto quem olha para o passado e, nele, faz um firme propósito de construir o presente a partir dos aprendizados de outrora. Nasce do Alto quem deixa o amor e a esperança ocuparem o lugar antes concedido ao egoísmo e falta de fé.
A fé na ressurreição marca, definitivamente, a história de toda pessoa que se deixa inundar pelo Espírito Santo. Não há como nascer se não houver fecundação. E a experiência pascal de nossa caminhada cristã é fecundada pela ressurreição de Cristo, que nos faz seres humanos novos para um tempo novo.
Nasce do Alto e do Espírito quem faz, no amor de Cristo, a experiência de deixar-se amar verdadeiramente por um Deus que, a cada dia, nos dá a alegre notícia: A vida vence a morte em cada gesto de amor!