A missão de amor na dor: o exemplo da Beata Chiara Luce Badano
Eu já falei, em outro texto, como podemos espalhar o Evangelho sem fazermos grandes coisas, tal qual foi o caso da Serva de Deus Chiara Corbella Petrillo. Assim também já escrevi sobre como o quase Santo Carlo Acutis (que será oficialmente canonizado em 2025) conseguiu transbordar seu amor pela Eucaristia até hoje, na internet. Entretanto, você sabia que até na doença as pessoas podem ser chamadas por Jesus a realizar suas missões?
Beata Chiara Luce /Foto: Arquivo – Focolares
Um encontro com o Evangelho
É isso o que nos ensina a história da
Beata Chiara Luce Badano, ou pelo menos parte da história dela, já que seu relacionamento com Jesus crucificado se tornou decisão muito antes dela adquirir um câncer, contra o qual lutou por dois anos antes de falecer. Tudo começou quando ela, que já era considerada uma criança diferente desde muito cedo pelos pais, Ruggero e Maria Teresa Badano, foi levada por eles ao Family Fest, um evento internacional em que Chiara, aos 9 anos, lá em 1981, conheceu os Focolares, e com eles uma nova perspectiva de como, de fato, colocar em prática o Evangelho.
Foi, inclusive, com Chiara Lubich, fundadora desse movimento, que Chiara Luce compreendeu que não existiria alegria se não se aprendesse a enfrentar a dor, como fez Jesus crucificado, coisa que ela passou a compreender mais a fundo quando, em 1988, após um jogo de tênis que a levou direto para o hospital, devido a fortes dores nas costas, Chiara foi diagnosticada com um grave câncer no tecido ósseo.
Um ‘sim’ verdadeiro a Jesus
Posteriormente, até tentaram fazer uma cirurgia para a retirada desse tumor, que acabou não dando certo, porque o câncer já estava no quarto grau, e já tinha sido espalhado por seu corpo, culminando nos 25 minutos de luta interior mais importantes da vida de Chiara Luce, nos quais ela, tendo apenas 17 anos, queria viver e, apesar disso, também desejava dar o seu sim verdadeiro a Jesus.
O bom é que uma das mais fortes características de Chiara era a sua
determinação, o que permitiu que, quando esse sim foi dado, ela não retrocedesse, e então cumprisse a sua missão de ser luz no mundo, até mesmo para os médicos a sua volta, com os quais ela, frequentemente, conversava não só sobre os detalhes de sua doença, mas sobre a vida diária deles também, sobre seus filhos e esposas, demonstrando a todos uma enorme serenidade interna, que permaneceu com ela mesmo quando perdeu os movimentos das pernas.
Um Sorriso que Cura
Os amigos e a família contam que ela sempre estava sorrindo radiantemente e os levando, através dela, direto para “cume da montanha, em direção a Deus”, mesmo quando estava sozinha ou na companhia de seus colegas de turma, que, na época, a viam sentar-se para conversar com eles apesar das dores nas pernas e do sofrimento de que tinha que passar ao perceber o que deixaria quando morresse, até porque, ela acreditava na certeza do amor de Deus, bem como que a luz advinda d’Ele venceria o mundo.
Sendo assim, seus últimos dias não foram nada tristes. Ela fazia questão de fazer seus pais saírem juntos em encontros fora do hospital e, quando foi liberada do ciclo de químio, a última tentativa para retardar o avanço da doença, passava muito tempo planejando as músicas que tocariam em seu funeral-festa com sua melhor amiga.
Um adeus cheio de alegria
Por fim, Chiara Luce pediu para ser enterrada com um vestido branco, como uma esposa que ia ao encontro de Jesus; e em suas últimas palavras para a mãe, disse: “Mãe, tchau, seja feliz! Porque eu estou feliz”. Portanto, deixo aqui minha mensagem para você, que também passa por uma situação difícil, talvez até de hospital, como a própria Chiara Luce:
Mesmo em meio à dor e à incerteza, é possível, através da sua vulnerabilidade, em cada pequeno gesto de amor, cada palavra de encorajamento e cada sorriso compartilhado, fazer os outros verem a luz de Deus por meio de você.
Maria Teresa Gomes Teixeira
Tem 21 anos, é uma jovem autista, católica e, atualmente, faz licenciatura em Biologia
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