Setembro Amarelo

O suicídio é uma questão que exige atenção imediata

O suicídio é uma ocorrência complexa e multicausal, influenciada por fatores psicológicos, biológicos, sociais e culturais. Dados da Organização Mundial da Saúde, apontam que mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, representando assim uma a cada 100 mortes registradas. No Brasil, acontece uma morte por suicídio a cada 45 minutos, mas para cada morte temos outras 20 tentativas. Os números são altos e preocupantes.

Entendendo as causas do suicídio

As pesquisas revelam que os casos de suicídio têm aumentado no mundo todo, chegando a ocupar a quarta posição entre as principais causas de morte nas faixas etárias de 15 a 44 anos. Ficando atrás de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Especialistas associam o consumo de álcool e substâncias psicoativas durante a infância e adolescência, com forte relação nos casos de suicídio entre jovens. Encontramos esse traço em cerca de 36% a 37% da população que cometeu suicídio. Outro fator que tem ganhado a atenção de estudiosos é a restrição do sono como fator relevante para a manutenção da saúde mental de modo geral, mas, principalmente, quando relacionada a crianças, adolescentes e o desenvolvimento infanto-juvenil.

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Os transtornos mentais são caracterizados, de modo geral, por mudanças no padrão de comportamentoque trazem prejuízos nas atividades do dia a dia. Alertas são enviados através de mudanças na rotina do indivíduo, e isso traz impacto negativo para sua vida. Seja no trabalho, na vida social, na vida escolar ou em qualquer outro âmbito. Entre as crianças e adolescentes, os pais precisam ficar atentos aos seguintes sinais:

– Mudanças na rotina do sono (insônia ou alteração de horários para
dormir e acordar);
–  Isolamento da família e do contato social de forma repentina;
– Comentários como “eu prefiro morrer do que passar por isso”;
– Uso de roupas de mangas longas, mesmo quando está calor,
comportamento que pode indicar marcas de automutilação nos braços ou
antebraços;
– Diminuição do rendimento escolar.

Suicídio não é falta de coragem de viver, é dor imensurável

Importante destacar que toda ameaça de suicídio deve ser tratada com seriedade. Se a pessoa fala que vai tentar se suicidar, que está querendo morrer, não podemos nos apegar àquela antiga frase: “cão que late, não morde”. Cão que late, morde sim. Se uma pessoa falou sobre isso, ela precisa entrar em um projeto de cuidado, de atenção e de atendimento. Pode não ser hoje, pode não ser amanhã, mas pode acontecer.

O suicídio não é falta de coragem para viver. É busca estrema de findar um sofrimento. Precisamos sim pensar e falar sobre o assunto. Levar programas até as escolas, hospitais, igrejas e todos os ambientes coletivos, até chegarem aos que mais necessitam da escuta e ajuda.

Precisamos pensar também na posvenção, que é o conjunto de ações para promoção do cuidado prestado aos sobreviventes enlutados por um suicídio, para evitar que novas tentativas aconteçam no mesmo núcleo familiar ou escolar, pois a desorganização e a busca por motivo e culpados é constante e precisa de suporte profissional.

Psicóloga Karina Maria da Luz
CRP: 06/109600
@psi_karinaluz