A dengue é atualmente um grave problema de saúde pública no Brasil. É possível combater esse mal com cuidados muito simples, como esvaziar vasilhas com água e verificar se não existem reservatórios de água parada em nossos jardins. Mas isso exige uma atenção especial de toda a população. Adianta pouco colocar o exército na rua com canhões de um gás qualquer. A solução para a dengue está dentro de nossas casas… em um mutirão de responsabilidade. Todos precisam estar atentos, pois uma simples picada do mosquito transmissor pode significar até a morte de mais alguém. As crianças são as mais indefesas e vulneráveis. Ando pelo Brasil e vejo que as autoridades e órgãos responsáveis estão fazendo a sua parte de alertar a população. É impressionante que uma epidemia, que já matou uma centena de pessoas no Rio de Janeiro, tenha sua origem simplesmente em poças de água parada. Resolvi refletir sobre esse tema.
Quando fui à Terra Santa pela primeira vez, um judeu me perguntou se eu sabia a diferença entre o Mar da Galiléia e o Mar Morto. Disse que sabia que o primeiro era de água doce, cheio de vida e o segundo tinha altíssimo grau de salinidade. Ao seu redor não há vegetação nem vida. É com razão chamado de “Mar Morto”. Ele me disse que era isso mesmo. Mas perguntou qual seria a razão desta situação de vida e morte. Respondi que de fato não sabia. Ele me disse que o Mar da Galiléia tem vida porque recebe as águas das montanhas e não fica com elas para si… deixa-as saírem para o deserto formando o Rio Jordão, onde Jesus foi batizado. E esse rio vai desaguar no Mar Morto. Mas o segundo mar mencionado é egoísta… não entrega suas águas. Por isso fica morto.
Ser cristão é seguir o exemplo do Mar da Galiléia. Rezamos “venha a nós o vosso Reino… dai-nos o pão de cada dia”, mas também nos comprometemos com o amor, com a solidariedade e o perdão. Não podemos viver como a água parada do Mar Morto. Em água estagnada cria-se o mosquito da dengue. Cristão parado é cristão dengoso. Aliás, nem é bem cristão… é tristão.
Ultimamente a Igreja tem insistido muito que todo cristão é um missionário. É isso mesmo. Precisamos viver nossa fé no caminho, sempre anunciando a vida em Jesus. Todos nós somos evangelizadores. Cristão que só fica sentado na igreja ouvindo o padre é também um cristão “dengoso”. Está infectado pela epidemia do marasmo religioso. Sua fé é morta… é salgada… é triste.
O verdadeiro cristão é um riacho… nunca uma poça de água parada. Não precisa ter carro ou avião para ser um grande missionário. Santa Terezinha do Menino Jesus tinha um coração missionário que voava pelo mundo inteiro por meio da intercessão. Sua solidariedade espiritual atingia os quatro cantos da terra. Há pessoas que pela sua postura de fé mesmo presas a uma cama, em um hospital mudam um lugar de morte em um Mar da Galiléia, um lugar de pescas milagrosas. O lugar é a gente quem faz.
Vamos combater a epidemia de dengue espiritual de nossas paróquias! Não basta ir à Santa Missa, é preciso sair em missão. Não pense que isso exige ir muito longe. Cada um de nós com menos de 25 anos certamente já andou 10 vezes mais quilômetros que Jesus em seus 33 anos de vida. A missão não se mede pelo velocímetro, mas pelo coração.