25 de Novembro é o Dia Internacional da Não-violência contra a Mulher. A data foi escolhida para recordar o assassinato de três irmãs pela ditadura de Leônidas Trujillo, na República Dominicana. Em 1999, a ONU reconheceu esta data como um dia internacional de eliminação da violência contra a mulher. Na verdade, o dia 25 é apenas o início de uma camapanha mundial pelos direitos das mulheres. A campanha se encerra no dia 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948.
Em 2004, o Ibope realizou uma pesquisa sobre a situação da violência contra as mulheres. 81% dos entrevistados identificaram a bebida como causa desta situação. 61% indicaram que o motivo da violência de maridos contra suas mulheres é o ciúme. Desemprego e situação econômica também aparecem como causas. A pesquisa procurou fazer o mapa da violência e descobriu que é mais frequente acontecer mesmo dentro de casa. Em segundo lugar vem o assédio sexual no local de emprego.
Parece mesmo que a raiz da violência já está no modo como se educam meninos e meninas. Muitas vezes, esta educação ainda é fortemente machista. Valoriza-se a agressividade e a força física do filho homem. Enquanto isso, a mulher é educada para ser dócil e submissa. Outras vezes, a educação das meninas estimula a dependência total. É o caso de alguns lugares em que a evasão escolar é maior entre as mulheres, que precisam trabalhar em casa. Outro elemento da educação feminina é sofrer calada. Muitas vezes até se utilizam exemplos religiosos para dizer que é uma virtude feminina sofrer sem reclamar.
De um tempo para cá as mulheres têm reagido a este tipo de educação. As delegacias da mulher ajudam a fazer com que a denúncia não represente um risco ainda maior. Como dormir com o próprio agressor? Quantas vezes recebi mulheres que mostravam as marcas da violência em seus braços e pernas. Uma delas era sistematicamente queimada pelo cigarro do marido. Outra ouvia o conselho da mãe: “Casou? Agora tem que suportar tudo”. Definitivamente, não é este o sentido daquele “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza”, pois o amor matrimonial tem que ser uma via de mão dupla. Deus quer que amemos com um amor inteligente. Isto significa que se um marido coloca em risco a integridade física de sua esposa e/ou filhos, a mulher tem o direito e até a obrigação de denunciá-lo à delegacia da mulher e afastar-se do agressor. Isto não caracteriza abandono do lar e deve estar claramente expresso no Boletim de Ocorrência.
A violência contra a mulher tem muitas faces. Pode ser física, mas também moral. Pode ser discriminação pelo simples fato de ser mulher. Pode ser uma violência psicológica ou sexual. Esta não se resume no estupro. O Código Penal Brasileiro fala de sedução, atentado violento ao pudor e o ato obsceno.
O custo da violência contra a mulher é um detalhe que muitas vezes escapa aos nossos olhos. O Banco Mundial fez uma pesquisa e descobriu que um em cada 5 dias de falta ao trabalho é provocado pela violência que as mulheres sofrem em suas casas. Outro dado alarmante da mesma pesquisa é que, na América Latina, a violência doméstica atinge entre 25% e 50% das mulheres.
Tudo isso nos faz pensar naquela atitude de Jesus quando quiseram apedrejar a mulher pecadora. Ele diz: “quem não tiver pecado atire a primeira pedra…” e se coloca a escrever no chão. O que ele teria escrito? Sempre imagino que ele escreveu a lista dos homens que já teriam estado com aquela mulher e estavam ali hipocritamente com uma pedra na mão. Depois de todos irem embora envergonhados ele olha nos olhos da mulher e diz: Mulher, ninguém te condenou? Nem eu te condeno! Jesus ensina como romper o círculo vicioso da violência e inaugurar o círculo virtuoso da paz!