O cenário da vida é constituído de muitas perguntas. É possível perguntar sobre todas as coisas. Até se interrogar a respeito do que não é da conta de quem pergunta. Bem mais variadas são as possíveis respostas. Responde-se de acordo com a compreensão que se tem. Não é raro responder enganosamente pelo comprometimento que se tem na compreensão de realidades, coisas ou pessoas.
Certa e adequada é a pergunta que vem do coração de Cristo Jesus, Mestre e Senhor, atingindo o mais fundo do coração dos discípulos. Não é uma pergunta qualquer. E nem pode ser dada qualquer resposta. Esta pergunta, quem dizeis que eu sou?, nascida do coração do Mestre, dirigida aos seus discípulos, toca a sustentação mais importante do caminho que eles percorrem no seu seguimento. Qualquer engano é absolutamente arriscado e comprometedor.
O Mestre sabe que os seus discípulos precisam compreender, com exatidão, sua identidade. Não se trata de uma compreensão simplesmente para conferir apropriações informativas e intelectuais. Esta compreensão é determinante do jeito de ser do discípulo à luz da identidade do Mestre e Senhor. A resposta a esta pergunta do Senhor há de tocar o fundo da alma. O discípulo que souber a resposta exata está no caminho certo.
A pergunta e as circunstâncias
Este diálogo estabelecido por Jesus com os seus discípulos focaliza o contexto de grupos partidários que hostilizam o Senhor. Uma hostilidade que brota de seus corações como resultado de uma compreensão não exata e inadequada de Deus. É curioso constatar que os sustentadores de uma corrente religiosa muito observante, até de maneira rígida, atingem o extremo de atacar o próprio Deus como fruto de sua incompreensão. Estas conseqüências aparecem também no relacionamento entre os diferentes grupos.
Quando não se compreende adequadamente quem é Deus, o resultado será sempre desastroso. Vive-se de predominâncias sobre os outros. São comuns as manipulações. O conservadorismo é uma intransponível barreira pela convicção de que certo é tão simplesmente como se compreende e se faz. É total o fechamento às novidades de Deus. Por isso, não é raro fazer valer a perversidade e a necessidade de criar situações de tentações ardilosas. Assim é, mesmo quando se é muito religioso e observante, por não se compreender a fundo a identidade de Deus que tudo modifica.
Tu és o Messias
A resposta correta foi dada por Simão Pedro: Tu és o Messias. A exatidão da resposta revelou o caminho do seu coração. Um caminho de muitos desafios e de grandes correções experimentadas. Uma resposta que é o fruto de um alargamento do coração e da coragem de compreender que a identidade de Deus está na medida em que se compreende a fundo o que é oferta amorosa e radical de si.
O alcance da resposta está para além do que a inteligência humana consegue alcançar. O Mestre adverte a Pedro. Não pode macular a compreensão com as costumeiras pretensões humanas. Não é um ser humano que revela a profundidade da identidade de Deus. A inteligência humana consegue falar desta identidade. Sua tradução e incidência sobre a vida do discípulo e de sua comunidade dependem da graça de Deus. Pedro fora agraciado: foi o meu pai que está no céu quem te revelou. Este é o processo para a constituição da condição verdadeira do discípulo e sua escolha, como a de Pedro, para sustentar na comunidade esta fidelidade. A força desta fidelidade põe o coração do discípulo em sintonia profunda com o coração do Mestre. Sua vida se torna, como a dele, oferta redentora.