Do lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam não
Mesmo esquecendo a canção…
O que importa é ouvir a voz que vem do coração
Pois seja o que houver…
Venha o que vier…
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar…”
Milton Nascimento
É impossível ouvir esta música, ou até ver a letra sem lembrar de meus amigos da Escola.
Éramos uma turma de mais ou menos trinta jovens. Estudávamos, sonhávamos e vivenciávamos a fé, de uma certa forma, sempre juntos.
Lembro-me daquelas tardes, quando tínhamos “aulas vagas” e, por iniciativa de um ou de outro, logo nos reuníamos para rezar… Acontece, que alguns entre nós, inclusive eu, havíamos experimentado o amor de Deus participando de grupos de oração ou retiros promovidos pela RCC e queríamos levar esta experiência aos outros sem perder tempo.
Era com grande entusiasmo que testemunhávamos nossa mudança interior e nossa alegria. E isso contagiava a todos, sem demora. Levados pela ousadia própria da juventude, às vezes, até fizemos coisas que, hoje, sei que não devíamos… Como pedirmos o batismo no Espírito e levarmos nossos colegas a experiência do repouso no Espírito em plena sala de aula. Na época, nem pensávamos nas conseqüências disso. Ainda bem que não pensávamos. Assim, não nos prendemos ao respeito humano e fomos dóceis ao Espírito. Vivemos experiências maravilhosas e inesquecíveis! A cada dia, testemunhávamos as transformações de nossas vidas em casa, na escola… Era contagiante!
No encerramento do curso, após quatro anos juntos, já éramos mais que amigos, éramos irmãos de fé. Até hoje, nossos professores e coordenadores de turma falam sobre nós com admiração. A Deus todo louvor!
Hoje, me lembrei daquele tempo com carinho e saudades. Tenho na mente o rosto e o jeito de cada um. Dez anos no separam, mas quando se fala de amizade, o tempo não conta muito.
Você pode até perguntar o que aconteceu conosco, ou onde estão os frutos daquele ousado grupo de jovens… Vale a pena contar.
Um é padre, fundador de uma comunidade; eu, consagrada na Canção Nova; outras duas consagradas em outras comunidades leigas; alguns, pais e mães de família; inclusive no exterior, etc. Somos, no mínimo, cidadãos conscientes de nossa fé e marcados pela experiência do amor preferencial de Deus por cada um de nós seus filhos.
Escolhemos a música “Canção da América” como rhema para nossa turma. Combinamos que, onde quer que fôssemos, lembraríamos um do outro quando ouvíssemos “nossa canção”.
“… seja o que houver… Venha o que vier…
Qualquer dia, amigo, a gente, vai se encontrar…”
Mesmo que seja no céu, – e tomara que seja lá – a gente se encontre mesmo. Daí, nosso grupo de oração será para valer. Não só nas “aulas vagas”, mas eternamente.
Valeu, Vaninha, Everaldo, Viviane, Manuel, Davaní, Suelene, Edilza, Dinha, Padre Josivan e cada um em particular!
Continuo amando vocês. O tempo não apagou nossa amizade. Estão guardados do lado esquerdo do meu peito, dentro do coração, do jeito que fala a Canção.
“Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar…”
Comecei escrever como quem caminha sem direção, movida pela saudade. Tenho certeza que Deus tomou o rumo! Espero que minha experiência partilhada, lhe ajude a pensar em seus amigos e trazê-los de volta ao coração.
“Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. Sempre!
Feliz Dia do Amigo!