Solidez na relação

As palavras que se transformam em amor

Três regras básicas para que as palavras se transformem em amor

Ernest Hemingway afirma que todas as palavras que saem do coração acabam causando uma grande dor. Em todos os relacionamentos, devemos, por força, aprender a utilizar palavras e expressões adequadas. Falar por falar, contar inúmeras histórias e fatos infinitos é algo desgastante. Numa relação de amigos, de família, especialmente de namoro e noivado, as palavras têm uma importância indiscutível. Quem fala por falar numa relação de intimidade acaba por destruir a confiança. Por trás de cada palavra que emitimos, de cada frase que compomos, sempre há uma esperança. Nos relacionamentos de namorados e noivos, tenho ouvido com tristeza palavras ásperas, grossas, que denotam displicência.

As palavras que se transformam em amor
Foto: pixdeluxe / iStock. by Getty Images

A palavra pode gerar um tsunami

Uma palavra dita na hora indevida pode ser um Tsunami no coração da pessoa amada. Uma palavra carregada de ignorância ou de desprezo pode ser o fim de uma relação.
Convocar ao diálogo, ao encontro e aconchego das palavras exige muito de cada um de nós. Algumas palavras causam dor num primeiro momento, mas, depois, levam-nos a pensar e refletir. Algumas exigências fazem com que as palavras se transformem em gestos e em conteúdos de amor e bondade. Permitam-me partilhar com vocês quais podem ser essas exigências.

Leia mais:
:: A importância da admiração no namoro
:: A ternura nasce no coração de quem se sente amado
:: Amor e a sexualidade humana
:: Como conhecer melhor seu namorado?

Em primeiro lugar, a inteligência e a cultura, que exigem de cada um nós o uso da língua. Nunca nos cansaremos de aprender a falar bem nossa língua; mas isso exige leitura, compreensão e especialmente amadurecimento. Uma língua falada coordenadamente faz com que as pessoas se entendam. Não precisamos de termos rebuscados ou esnobes, mas sim falar bem para termos um bom canal de comunicação.

Em segundo lugar, a disponibilidade de ouvir. Tenho certeza que aqui se encontram os 90% dos nossos problemas de comunicação, pois não sabemos ouvir. As pessoas que amam detêm-se para escutar. Parar para ouvir o outro nos poupa sérios maus entendidos. Quem para para ouvir ganha um espaço magnífico de serenidade, de compreensão e, sobretudo, de esperança. Não devemos nos sentir mal quando alguém que nos ama diz: “Desculpe-me, não entendi. Poderia repetir para mim?”, “Podemos esclarecer isso ou aquilo”. Tudo isso não é produto de normas de convivência, mas, na relação de namoro e noivado, algo essencial para o crescimento de um futuro casal que almeja celebrar o casamento. As frases ou palavras bem ouvidas fazem bem a todos nós.

arte-namoro-artigos1

Apagar da memória palavras que magoaram

Por último, a capacidade de apagar da memória as palavras que não deveríamos ter dito ou ouvido. Muitos casais, depois de 20 anos de casamento, ainda apelam e incomodam o seu relacionamento insistindo com o seu cônjuge: “Lembro-me muito bem do que você disse para mim naquele dia em que brigamos”. Que tal mudar o conteúdo dessa expressão por uma muito mais profunda: “Lembro-me do dia em que você declarou seu amor por mim”. Palavras vão e vêm, mas devemos ter cuidado para que aquelas que vão não fiquem em vão, e para que aquelas que vem nos façam bem.

Não poderia deixar uma última recomendação ou palavra de amigo e irmão. Temos de ter sempre presente a verdade, a sinceridade e honestidade nas nossas palavras; assim, o que falamos se torna lúcido, transparente e sem dupla intenção.

Que no relacionamento de cada um de vocês as palavras estejam sempre pautadas pelo amor e pela bondade; sem dúvida, essas duas nos ajudarão a viver cada vez melhor. No próximo encontro, veremos como, além das palavras, os gestos se tornam ternura e solidez na relação.

Livro As Cinco Fases do Namoro


Padre Rafael Solano

Sacerdote da arquidiocese de Londrina (PR). Mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Atua como consultor da CNBB setor vida e família e como professor de Teologia Moral e Bioética na PUC (PR), Campus Londrina. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.