Ser justo é o caminho para a bem-aventurança
O caminho da justiça é fonte para uma vida sincera, coerente e feliz. É um percurso para a realização e santificação. Jesus, no sermão da montanha, afirma que são “felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados” (Mateus 5,6).
Quem é o justo? Santo Tomás de Aquino, no século XIII, em sua obra a Suma Teológica, ensina que “não somos chamados justos pelo fato de conhecermos corretamente alguma coisa. […]. Somos, ao contrário, chamados justos pelo fato de agirmos com retidão”.
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Assim, justo é aquele que age com equidade, seriedade, respeito, honradez, honestidade e integridade; ao contrário, o injusto é o que procede com arbitrariedade, desigualdade, desrespeito, ilegalidade e iniquidade.
Ser justo gera esperança
Nos dias de hoje, o homem deve redescobrir os caminhos da justiça, que se compõe de atos bons e justos. Existe, infelizmente, um considerável número de pessoas que mergulham num estado deprimente de perda da esperança, caindo, assim, no abismo do vazio ao se recuar para aquilo que não coaduna com o Evangelho de Jesus Cristo.
Por outro lado, vê-se uma grande quantidade de pessoas que acreditam e se esforçam por um mundo melhor e justo. Isso, dentro de uma perspectiva da verdadeira justiça, “que é dar a cada um o que lhe é devido”, conforme Santo Tomás de Aquino.
Neste sentido, o importante é não se influenciar por uma cultura voltada para a falta de esperança em relação à eficácia e transformação que a prática da justiça, como virtude, causa na humanidade. Dessa forma, observando os próprios talentos, qualidades e dons em prol dos outros, compreendamos também as angústias existenciais e sofrimentos alheios, com a convicção de que “os olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos estão atentos à sua prece” (1 Pedro 3,12).
O Papa Francisco, em homilia na Casa Santa Marta, disse que “Deus jamais abandona os justos”; sendo essa uma promessa que lhes traz esperança.
Ser justo produz alteridade
A realidade de ser justo não é uma utopia, mas uma verdade que precisa ser assumida por cada um. No entanto, as pessoas têm se voltado para si mesmas não com o intuito de se conhecerem e avançarem na vida interior, mas sim com uma busca que tem origem no egocentrismo.
Diferente do individualismo, tem-se o antídoto do bem comum, que precisa ser observado e desenvolvido no meio social, principalmente pelos governantes e por todas as autoridades. Já que todos estão envolvidos, ensina a Igreja que “os poderes políticos devem respeitar os direitos fundamentais da pessoa humana. Exercerão humanamente a justiça no respeito pelo direito de cada um, principalmente das famílias” (CIC 2237).
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Ainda contra a síndrome do eu-egoísta vê-se o caminho da alteridade, que é se preocupar com o outro, querer bem ao outro, fazer o bem ao outro. É sair em direção ao próximo; superar as investidas egocêntricas que, muitas vezes, estão pautadas numa vida de aparências. A Bíblia diz: “por fora, pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mateus 23,28).
Ser justo é possível e fundamental
Uma afirmativa de que é possível ser justo nos dias de hoje fundamenta-se na ação constante do homem reconhecer e redirecionar os seus “atos” para os “bons” hábitos.
Tanto no mundo, quanto propriamente no Brasil, precisa-se de pessoas justas em todas as áreas, para que a justiça sempre prevaleça da injustiça. Para que, a observância do justo possa colaborar na conscientização e mudança de postura dos que ainda estão nos caminhos do que é injusto.
“A justiça é a virtude moral que consiste na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido” (Catecismo da Igreja Católica 1807). Desse modo, é imprescindível reconhecer as próprias virtudes concedidas por Deus, pois ser justo é necessário para uma retidão em tudo que se pensa, fala e faz. Visto que, diante de uma sucessão de “atos” bons alcança-se os “hábitos” bons, que são as “virtudes”.
Portanto, devemos ser justos, porque é o caminho seguro e correto a seguir, e esse caminho parte da escolha livre de cada um ao optar pela justiça, que edifica o bem comum na sociedade e provoca o crescimento humano e espiritual do ser humano.
“Ó justos, alegrai-vos e regozijai-vos no Senhor. Exultai todos vós, retos de coração” (Salmo 31,11).