Dom Alberto

É tempo de clamar o Espírito Santo

Entenda a beleza e a importância de clamar o Espírito Santo de Deus

No alto da Cruz, quando Jesus morreu, entregou o “Espírito”. Não é apenas uma citação de um salmo, mas a realidade da entrega do Espírito à Igreja nascente do lado de Cristo, fonte de graça e vida para todos. No dia da Ressurreição, aparecendo aos seus discípulos, soprou sobre eles e lhes concedeu o Dom do Espírito Santo, garantia da Paz e do Perdão, do qual são portadores, para levar ao mundo inteiro. Na manhã gloriosa do Pentecostes, o vento impetuoso e as línguas de fogo, o assombro da multidão e o anúncio de Jesus Cristo, quando todos os presentes em Jerusalém os entendem, tudo expressa, na “inauguração” da Igreja, o tempo novo que se inicia, o tempo do Espírito, que se estende até a vinda gloriosa do Senhor, no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos! É o Mistério Pascal que se realiza e a Igreja, nos últimos cinquenta dias, conduziu-nos, como mãe pressurosa, a viver cada uma das etapas do único e mesmo mistério. Podemos até unir, como numa única palavra, Morte-Ressurreição-Ascensão-Pentecostes!

É tempo de clamar o Espírito SantoFoto: m-gucci  by Getty Images

E o Espírito Santo continua a conduzir a Igreja. Vêm dele os carismas, ministérios e serviços suscitados no correr dos séculos. Prova disso é o fato de que a Igreja sempre foi inspirada a encontrar os caminhos da caridade, para chegar a todos os recantos e aos corações, com a criatividade que caracteriza seu serviço à humanidade.

Os dons do Espírito Santo

Do Espírito Santo esperamos receber os dons, que nos fazem viver de forma divina a nossa vida nesta terra: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus! De sua presença esperamos os frutos: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5, 22-23).

O Espírito Santo conduz a Igreja, mantendo-a fiel à verdade, sustentando-a para que as portas do inferno não prevaleçam. Todas as crises devidas à condição humana de seus membros, que sabemos ser pecadores, têm sido superadas. Basta recordar os grandes Concílios, com os quais a Igreja buscou com sinceridade a verdade, para anunciá-la corajosamente.

É o Espírito Santo que dá aos cristãos a disposição para o testemunho de Jesus, fecunda uma vida santa nos filhos da Igreja. Ele foi e é o sustento dos mártires, para a audácia do derramamento do próprio sangue pelo nome de Jesus Cristo.

É o Espírito Santo que nos faz proclamar que Deus é Pai – Abba, é ele que nos possibilita reconhecer Jesus como Senhor, é o Espírito Santo que reza em nós! “O Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos” (Rm 8, 26-27).

O condutor dos cristãos

O Espírito Santo age na Igreja, conduzindo os cristãos das várias confissões na estrada exigente a maravilhosa da unidade, a ser buscada com afinco por todos os que professam Jesus como Senhor. Este é o sentido da Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos, com o tema “Reconciliação” e o lema “É o amor de Cristo que nos move” (Cf. 2 Cor 5, 14-20). Junto com outros cristãos, queremos refletir também sobre os quinhentos anos da Reforma. E o Papa faz inúmeros gestos de aproximação com irmãos e irmãs de outras Igrejas. Na Vigília de Pentecostes, neste Sábado, tenho a alegria de estar com o Santo Padre na Vigília Ecumênica de Oração, em Roma, a se realizar no “Circo Máximo”, um dos lugares históricos do martírio dos cristãos dos primeiros séculos.

O quadro conflitivo em que nossa sociedade se encontra é um grito à unidade dos cristãos. Cabe-nos oferecer ao mundo o testemunho do amor mútuo, superando preconceitos, medos, agressividade, lutas estéreis que só escandalizam as pessoas. Vale buscar o que nos une, que certamente é muito maior do que os eventuais motivos de separação. E podemos começar pelas pessoas mais próximas, estendendo os braços para a reconciliação, valorizando o testemunho de pessoas que fazem parte de outras confissões cristãs, colocando-nos juntos em oração, pedindo os dons do Espírito Santo.

Mais ainda, o Espírito Santo conduz todos os homens e mulheres de todos os tempos na busca da verdade. É ele que planta as Sementes do Verbo de Deus por toda parte, fazendo com que os cristãos abram os seus olhos e seus corações, para identificar e valorizar o bem que é feito, onde quer que esteja!

Oração

Esta é uma ocasião privilegiada para convidar à oração confiante:

Oh vinde, Espírito Criador, as nossas almas visitai, e enchei os nossos corações
com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o Intercessor, do Deus excelso o dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
Sois doador dos sete dons, e sois poder na mão do Pai, por ele prometido a nós,
por nós seus feitos proclamais.
A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai,
qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz; se pela graça nos guiais,
o mal deixamos para trás.
Ao Pai e ao Filho Salvador por vós possamos conhecer. Que procedeis do seu amor fazei-nos sempre firmes crer.

Vinde, Espírito Santo!


Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.