O Islamismo, hoje dividido em dois seguimentos – os sunitas e os xiitas –, tem sua origem com o profeta Maomé
O Islamismo (ou Islã) foi fundado por Maomé (Muhammad-ibn-Abdallag-ibn-Mottalib), que nasceu em Meca (Arábia Central), por volta de 580, e morreu em 632. Desde adolescente, viajava com seu tio comerciante em caravanas pela Arábia, a Assíria e a Mesopotâmia, e teve contato com judeus e cristãos. Foi casado com a viúva Kadija.
Impressionado pela desunião dos homens entre si, mortificava-se e rezava nas montanhas. Diz ele que, certa vez, na “Noite do Destino”, teve uma visão: em sonho, um estranho personagem lhe deu um livro (rolo), o Corão ou Alcorão. Ele, então, sentiu que Deus lhe dava a missão de reformar as crenças, pôr termo à idolatria e às disputas religiosas do povo árabe, indicando a todos o caminho do céu. Diz ele que julgava-se perseguido por espíritos, quando, certa vez, a estranha voz lhe declarou: “Sou o anjo Gabriel e tu serás o apóstolo do Senhor”.
Daí para frente, pôs-se a pregar nova forma de religião: o “Islã” ou, em árabe, a Submissão, Dedicação à Vontade de Deus. Maomé apoiava-se na fé em um só Deus, Alá, criticando os cultos pagãos. Isso irritou a aristocracia de Meca, que o perseguiu. Transferiu-se, então, para a cidade de Medina na noite de 16 de julho de 622. Esse acontecimento ficou com o nome de Hidjra ou Hegira, Fuga, e marca o início da era maometana.
Em Medina, Maomé, apoiado pela população, fortaleceu-se e agrupou adeptos. Em 629, conseguiu entrar em Meca e tomou posse do famoso santuário desta cidade, “a Caaba”, donde removeu os ídolos. Nos anos seguintes, foi dilatando o seu poder mediante guerras. Em 08 de junho de 632, morreu; mas já tinha conseguido unir os árabes e lançá-los, unidos, à conquista de numerosas nações com a prática da “guerra santa”, Jihah, em nome de Alá.
Depois da morte de Maomé, os sucessores (califas = lugar-tenentes) conquistaram países vizinhos e distantes da Arábia. O Cristianismo foi altamente prejudicado pela expansão maometana. Os califas Abu Bekr (632-4) e Omar (634-44) conquistaram a Palestina, a Síria, o Egito e a Pérsia. Assim, os patriarcados cristãos de Antioquia (637), Jerusalém (638) e Alexandria (642) ficaram sob a dominação árabe. O Califa Othmam (644-56) mandou invadir também a Armênia, Chipre e o Norte da África (especialmente Cartago, grande centro cristão que caiu em 698). As tropas muçulmanas foram avançando para o Ocidente, atravessaram a Espanha de Sul a Norte e chegaram até Poitiers na França. Finalmente, os muçulmanos estabeleceram a sua capital ou a sede do seu Império no califado de Bagdad (750-1258). Na Espanha, ficaram sete séculos e só foram expulsos, em 1492, pelos reis católicos Fernando e Isabel.
Doutrina Islâmica
As fontes doutrinárias do Islã são o código sagrado do Corão (em Árabe, recitação, declamação, recitado no culto) e a tradição oral dita Sunna. É uma religião monoteísta, reconhece um só Deus Criador, derivado do monoteísmo judaico-cristão. Maomé nunca se apresentou como o fundador de uma religião nova, e sim como o novo profeta de tradições mais antigas. A sua teologia é proveniente da antiga religião árabe, a religião israelita, professada por judeus residentes na Arábia. Daí Maomé tirou a base de sua orientação religiosa: existe um só Deus, que se foi revelando aos profetas da humanidade: Adão, Abraão, Moisés, Jesus Cristo e consumou a sua revelação por meio de Maomé, o maior de todos os profetas. Ele via em Jesus Cristo não o Filho de Deus feito homem, mas um profeta eminente. E tomou alguns dados do Cristianismo que conheceu em suas viagens. Venerava a Virgem Maria, “a única mulher que não foi tocada pelo demônio”, diz o Corão.
Maomé se definiu como o continuador da religião de Abraão e de seu filho Ismael ( o povo árabe é descendente de Ismael, filho de Abraão e Agar). Para justificar sua independência religiosa, Maomé atribuiu a judeus e cristãos “o grande erro de terem falsificado os livros sagrados e o monoteísmo de Abraão e Ismael”.
A moral maometana ensina cinco grandes deveres:
1) professar a fé – o maior pecado é a apostasia da fé ou a adesão à idolatria e ao paganismo; a bem-aventurança celeste é prometida àqueles que morrem na guerra santa;
2) orar cinco vezes por dia (ao amanhecer, ao meio-dia, pela tarde, ao pôr do sol, no primeiro quarto da noite), cumprindo-se, de cada vez, as abluções rituais prescritas;
3) jejuar durante o mês inteiro de Ramadã, desde o nascer até o pôr do sol diariamente;
4) dar esmola aos pobres, e também a obrigação de dar hospedagem momentânea seja a quem for e a qualquer hora;
5) peregrinar a Meca uma vez na vida.
O Corão autoriza todo homem a ter quatro esposas legítimas e tantas concubinas escravas quantas seus recursos financeiros lhe permitam. O conceito de guerra santa é central no Islamismo e foi responsável pela rápida propagação árabe nos séculos VII e VIII; morrer em batalha armada torna o maometano “mártir”, ou seja, herói religioso. Aceitam a “predestinação”, que marca para cada pessoa a hora da sua morte; isso muito concorreu para que os discípulos de Maomé se lançassem em guerras.
O Islã defende um regime de governo teocrático (poder exercido em nome de Alá), um poder religioso; como acontece hoje no Irã e no Paquistão.
O Corão foi capaz de inspirar uma piedade intensa e profunda; criou-se uma mística muçulmana, da qual dois grandes expoentes são Al-Hallaj († 922) e Al-Ghazali († 1111). Especialmente a corrente sufita dedicou-se ao cultivo da vida interior. A partir do século XII foram-se formando comunidades de sufitas ou derviches, que seguiam os ensinamentos dos grandes mestres; observavam regras de vida cenobítica, assemelhando-se às congregações religiosas do Catolicismo.
O islamismo é a religião que mais cresce no mundo: 15% ao ano. São hoje mais de 1,2 bilhão de pessoas (7 milhões só nos EUA). Uma em cada cinco pessoas na Terra é muçulmana, seguidoras do Islamismo.
O Islã não aceita a veneração de imagens nem música instrumental, apenas percussão, e não permite sexo antes do casamento. O ano muçulmano é medido pelas 12 revoluções completas da Lua em torno da Terra. Numa média, seu ano é 11 dias menor que o nosso ano solar.
Os muçulmanos sofreram uma cisão, como a que ocorreu entre católicos e protestantes. A divisão foi entre os sunitas e xiitas, que disputam o direito à sucessão de Maomé. Os sunitas representam 90% dos muçulmanos no mundo.