Discernimento

Vocação: exigências para entrar no seminário ou convento

A vocação é uma experiência de amor

Acredito que, em algum momento, você se perguntou ou foi questionado por alguém: “O que é necessário para entrar no seminário e ser padre? Como entrar em um convento e ser freira? Ou até mesmo “Como é feito o discernimento vocacional?”. Vamos, juntos, neste artigo, entender um pouco do universo da vocação, que pode ser definido como uma experiência de amor.

Normalmente, esses questionamentos são próprios de um ambiente religioso e feito por pessoas que, em determinado estágio de conversão, pensaram em seguir um caminho de vida consagrada. Porém, cada instituto religioso, congregação, Nova Comunidade, seminário, convento ou mosteiro tem sua regra própria e exigências específicas pela maneira que cada instituição religiosa vive o seu carisma.

Para melhor entender essa pessoalidade, esse ato individual que Deus tem para cada um, que é chamado a uma determinada vida religiosa, aprendamos o que é vocação: essa palavra vem do latim vocare, que significa convocar, chamar, escolher. Em geral, é o chamado feito por Deus a determinada pessoa. Dessa forma, esse chamado é íntimo a cada pessoa e também a uma forma própria de viver, como uma vida religiosa ou sacerdócio. Sendo assim, cada instituição faz as próprias exigências.

Vocação: exigências para entrar no seminário ou convento

Foto ilustrativa. Bubaone

O que diz a Igreja?

A Igreja, no Código de Direito Canônico, no Cân. 241, traz algumas orientações fundamentais que podem ser observadas por qualquer movimento religioso e devem ser exigidas para o ingresso no seminário. Antes mesmo de serem exigidos as particularidades de cada carisma, tais orientações necessitam ser analisadas em cada candidato. São elas: suas qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, sua saúde física e psíquica, como também reta intenção. Essas são algumas necessidades físicas e humanas que são requisitos para a admissão à vida religiosa em geral.

Para termos bem claro algumas qualidades humanas necessárias e úteis na vida religiosa, podemos destacar: benevolência, justiça, paciência, sinceridade, responsabilidade, respeito, coragem, desapego, determinação, disciplina, empatia, generosidade, honestidade, humildade entre outras. Ao pensar nessas qualidades, logo conseguimos ter frente aos nossos olhos homens e mulheres de Deus, pessoas consagradas que encontramos e trazem de forma nítida essas características.

Uma outra pergunta que podemos pensar é: “Como discernir uma vocação?”. Como foi dito que vocação é um chamado, uma escolha, logo no âmbito religioso, vocação é um chamado de Deus, uma escolha divina. Todos nós, batizados em Cristo Jesus, temos uma vocação universal, que é à santidade e à missão de evangelizar o mundo, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica número 1533. Partindo dessa vocação universal, podemos também descobrir onde e como viver esse chamado, se em uma comunidade, em um convento ou em um mosteiro.

Passos para o discernimento vocacional

Para ajudar no discernimento vocacional, apresentarei dez orientações práticas que podem ajudar você, primeiro, a enxergar a beleza das vocações e abrir os seus olhos para você discernir em qual lugar Deus a quer.

Primeira:

A primeira delas é que você precisa ter um olhar positivo de todos os estados de vida, sem excluir nenhum, pois todos são desejados por Deus. Cada um tem uma importância própria na construção do Reino de Deus e se complementam. É necessário que você busque conhecer cada estado de vida, ler sobre o assunto, tirar suas dúvidas com pessoas com mais experiências na caminhada dentro da Igreja. Procure conversar com padres, freiras, celibatárias e casados, porém, é necessário que sejam pessoas que, verdadeiramente, vivam a sua vocação, para que não seja passado uma experiência negativa que ela possa estar vivendo.

Segunda:

A segunda é que você precisa ter fé. Na vida cristã, precisamos, a todo momento, ter atos de fé, pois isso nos ajudará a levar a bom termo a missão que Cristo nos confia. Santa Teresinha nos ensina que “o Bom Deus não se deixa vencer em generosidade”; logo, Ele não quererá para nós senão o melhor. Ele quer o nosso bem, Ele nos chama para o bem, por isso tenha fé e siga adiante.

Terceira:

A terceira delas é ter a certeza de que vocação também é cruz. Além de ser um chamado de amor e de que Nosso Senhor não se cansou nem se cansa em nos amar, Ele também precisou passar pela cruz, também quem abraça a vida religiosa não está isento de poder demonstrar o seu amor a Deus pelas cruzes do dia a dia, as pequenas e menos exigente até as mais dolorosas.

Quarta:

A quarta é a vida de oração. Você precisa ser alguém íntimo de Deus, amigo d’Ele. Reze, tenha momentos de oração, fale com Deus como quem fala a um amigo, confidencie o seus sonhos e o seu sagrado a Ele. Deixe que Ele vá revelando a Sua vontade a você e conformando, no seu coração, a sua vocação. Tenha uma vida sacramental, viva bem os sacramentos que a Igreja lhe oferece.

Quinta:

A quinta orientação é que você precisa de um diretor espiritual. Ninguém caminha ou cresce espiritualmente sem que tenha alguém mais experimentado que possa ajudar você. Procure alguém que possa acompanhar o seu processo inteiro e não viva sozinho ou queira tomar decisões sem que um diretor espiritual tenha conhecimento.

Sexta:

A sexta é o autoconhecimento. Você precisa buscar se conhecer, conhecer as suas qualidades, mas também as suas limitações, aquilo que precisa ser melhorado. Quando você sabe quem é, isso facilitará para você saber o que você consegue ou não viver.

Sétima:

A sétima delas é a importância da cura interior. A sociedade, nos nossos dias, proporciona-nos algumas experiências que podem machucar e, assim, gerar feridas que precisam serem curadas. Dessa forma, você precisa, a partir do conhecimento, buscar essa cura. Você, muitas vezes, precisa se perdoar, perdoar alguém, resolver seus afetos, sua sexualidade até mesmo resolver a relação com Deus.

Leia mais:
.: Como identificar a vocação sacerdotal e religiosa
.:O chamado para a vocação sacerdotal
.:Como os pais podem ajudar os filhos a descobrirem sua vocação?

Oitava:

A oitava é a paciência. Na vida com Deus, poucas coisas acontecem de forma instantânea. Você precisa ter paciência com você mesmo e com os outros. Para chegar ao casamento, existe o tempo do namoro e noivado, para chegar ao sacerdócio existe o tempo de seminário, então, para o discernimento vocacional é necessário dar tempo, para que, esse processo aconteça dentro e fora de você.

Nona:

A nona orientação é ter coragem de escolher definitivamente. Dar passos para sempre! Ter a coragem de escolher de maneira definitiva. As gerações denominadas X, Y, Z e outras trazem como características a momentaneidade. Muitas pessoas têm medo ou não conseguem escolher definitivamente. Tenha essa coragem de fazer escolhas definitivas.

Décima:

A décima é o comprometimento com a escolha feita. Seja honesto com você mesmo, com os outros e com Deus. A fidelidade faz o monge, a freira e o padre. Sem fidelidade e comprometimento com a sua escolha você tende a definhar nesta escolha. O seu compromisso é, antes de tudo, com Deus; e Ele lhe dará a graça necessária.

Espero que essas poucas linhas possam ajudá-lo a entender um pouco do caminho para entrar numa instituição religiosa e para o discernimento de uma vocação. Vocação acertada é vida feliz! Deus o abençoe.