Como lidar

Violência física: dormindo com o inimigo

São inúmeras as formas que a violência física pode tomar, desde socos, chutes e tapas a cortes, queimaduras e mutilações; assim como as táticas para causar sofrimento, seja por imobilização e asfixia ou arremesso de objetos pesados. É comum, no entanto, em todos esses casos, que o agressor sempre queira jogar sobre os ombros da vítima a culpa do seu próprio sofrimento.

É vital que a vítima que sofre algum tipo de violência física procure por ajuda para sair desse relacionamento abusivo. O silêncio, neste caso, pode conduzir à morte. Logo, não permita que o medo o impeça de ir até uma delegacia e denunciar o agressor. Porém, igualmente importante, é procurar por ajuda psicológica e espiritual, procurar por um padre, psicólogo ou psiquiatra, para que a vítima percorra um caminho de cura interior e assim possa superar os traumas e as marcas deixadas nela.

Violência física dormindo com o inimigo

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Em entrevista ao cancaonova.com, a psicóloga Renata Ribeiro respondeu algumas dúvidas sobre violência física.

cancaonova.com: Por que as mulheres sentem tanta dificuldade para sair de um relacionamento abusivo?

Renata Ribeiro: Na maioria das vezes, é por medo, submissão, por não ter para onde ir e um apego afetivo muito grande com o esposo, o que, muitas vezes, não é amor, mas sim uma relação doentia. Muitas vezes, a mulher acredita que é o papel dela se submeter a tudo isso. Às vezes, envolve dinheiro, família, filhos e outras pessoas. Muitas vezes, é um “não” dos pais, por não ter para onde ir. Ela apanha, mas é ele quem dá o pão; então, por troca, ela se submete a muita coisa. Não é uma coisa somente que vai definir o motivo de a mulher sentir tanta dificuldade para sair de um relacionamento abusivo. Muitas vezes, por carência afetiva, por ele ser o marido, a mulher se sente obrigada a submeter-se a esse tipo de violência.

cancaonova.com: Quais os traumas gerados no homem e na mulher?

Renata Ribeiro: Há o trauma de relacionar-se com outra pessoa, estar aberta a uma nova pessoa que a assumirá e amará. Há também o trauma de sentir-se injustiçada e, consequentemente, no direito de se vingar. Outro trauma é que a pessoa se torna amarga, não sorri, porque a alegria foi roubada dela. Infelizmente, quem comete violência física não tem noção do trauma que isso causa, porque a pessoa se sente um lixo. Outro trauma é que o agressor faz com que a pessoa se sinta culpada “foi você que me provocou”, e isso faz com que, muitas vezes, a vítima se sinta codependente do agressor, porque ele ameaça denunciá-la. Por fim, o trauma que a vítima pode sofrer é de buscar ajuda com quem ela ama, mas essas pessoas não acreditam nela. Isso é uma das piores coisas. Já ouvi relato assim: “Fui falar para os meus pais e eles falaram que isso é normal”.

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cancaonova.com: Como superar o trauma? Quais passos precisam ser dados?

Renata Ribeiro: O primeiro passo é a pessoa querer ser ajudada. Depois, buscar ajuda com pessoas próximas e confiantes.

cancaonova.com: É possível superar esse trauma e constituir uma família saudável?

Renata Ribeiro: Com certeza, é possível, porque não há nada que Deus não possa realizar. Eu não posso ficar parada no trauma, achando que todas as pessoas são ruins. Preciso acreditar que sou capaz de encontrar uma pessoa que vai me amar e me tratar com carinho.

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