10 mandamentos

Não roubar: como funciona o sétimo mandamento da lei de Deus?

Não roubar: vamos falar do sétimo mandamento?

Seguimos com a exposição dos mandamento em sua ordem decrescente de valores morais. No texto de hoje, de nossa série Sacramento da Confissão, vamos tratar do sétimo mandamento: não roubar. Não necessariamente o que chamamos de roubo é pecado grave. Às vezes, pode tratar-se de matéria leve.

As ações de pecado com matéria grave, como já explicamos, são os que vão contra o amor a Deus ou ao próximo, e contra a castidade. Por incrível que pareça, o roubo nem sempre vai contra o amor ao próximo, é apenas uma desordem. Tirar uma balinha da casa de um amigo sem pedir licença, nem matéria de pecado leve chega a ser, porque o seu amigo nem vai achar ruim. Às vezes, o roubo de uma coisa muito pequena, uma moeda, por exemplo, não causa dano nem incômodo, não se trata de um ato feito por raiva ou desejo de vingança. Foi, simplesmente, uma desordem ou, no máximo, um pecado leve. Para que o roubo seja de matéria grave, o dono tem que considerar essa usurpação uma injúria ou algo contra a benevolência.

Não roubar: como funciona o sétimo mandamento da lei de Deus?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Como se classifica um pecado duplo?

Nos livros de moral, apenas para uma orientação geral, mas não como regra invariável ou infalível, estima-se que é matéria grave dentro do sétimo mandamento, o furto que fosse equivalente a um dia de trabalho de um assalariado, um trabalhador braçal. O valor do dia de trabalho, baseando-se no salário mínimo, custa cerca de 40 reais. Claro, isso não significa que estamos autorizados a levar para nós qualquer coisa do outro que custe menos de 40 reais, imaginando que não seja pecado grave. Tirar 10 reais de um mendigo, ainda mais ele considerando isso uma injúria, é ato grave que vai contra a benevolência.

Não é apenas o roubo que constitui um pecado contra o sétimo mandamento, mas também, por exemplo, atrasar o salário dos trabalhadores propositalmente para aplicações financeiras. O atraso de pagamento, sem motivo verdadeiramente razoável, já é pecado. Nesse caso, o dinheiro que se ganha nessas aplicações seria do trabalhador. Um pecado duplo! Atrasar o aluguel, sem motivo razoável, especialmente se a pessoa vive do aluguel pago, ou dar cheque sem fundo, isso é contra a benevolência e matéria grave.

O pagamento de impostos, que são obrigatórios e possíveis de serem pagos, é correto pagar. Diferentemente, um imposto manifestamente abusivo não é obrigatório de ser pago, falando em termos morais. O caminho correto é ir na câmara ou senado e fazer um trabalho legislativo, demonstrando que se tem que cobrar somente impostos modestos e corretos.

Existem programas de partidos políticos, que chegaram, depois de muitas tentativas diferentes e várias linhas de pensamento, a ganhar eleições por meio dos votos (embora antes, tenham tomado a produção das ideias nas faculdades, escolas, mídias e comunicação social, cultura, fazendo assim uma espécie de lavagem cerebral na população), conseguindo o poder e ir aumentando os impostos até chegar ao patamar de 50% da renda da pessoa. Com esse Estado superabundante, o governo passaria a comprar as empresas, até que não conseguisse mais haver propriedade privada industrial. Isso forçou o advento do neoliberalismo, o capitalismo selvagem.

Quando alguns estados europeus chegaram a esse nível de 50% de impostos e a compra das iniciativas privadas, os capitalistas reagiram dando uma resposta oposta, onde a pessoa que vai à falência é deixada ao léu. Portanto, os impostos estão altos, não é porque o governo quer fazer o bem. É um programa gradual e proposital do roubo de toda propriedade privada honesta e benéfica para a sociedade. A Doutrina Social da Igreja ensina que o princípio regente da estrutura social é o da subsidiaridade. O governo só deve fazer aquilo que a iniciativa privada não consegue fazer ou não consegue fazer direito

Não basta apenas o arrependimento

É doutrina comum da Teologia que, no caso de roubo, não basta o arrependimento. É preciso devolver o que foi roubado, pois, do contrário, não há perdão. É obrigação devolver, mas não de se revelar em público como um ladrão. Se roubou um carro, é preciso devolver o carro ou outro igual. Que dê de presente. Se o roubo foi de uma instituição, é preciso devolver. Faça-se por meio de doação. Se roubou de alguém que já faleceu, que se faça doação a uma sociedade beneficente.

Em casos de não ter condição de devolver o dinheiro por não o ter mais, deve propor-se ir devolvendo aos poucos, até o fim da vida se for preciso, fazendo o que é possível. Embora seja possível atenuar tal dívida, existe ainda outra questão no sétimo mandamento, que é o pagamento do salário justo. Os trabalhadores têm direito a salário justo que, em nossa legislação atual, não seria o valor de mercado, mas sim aquele que a pessoa, ainda que solteira, seja capaz de manter dignamente uma família. Certamente, não seria também o salário mínimo de hoje.

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Desigualdade social

Frequentemente, não se consegue pagar o salário justo, mesmo que se queira. Mesmo assim, atualmente, o trabalhador prefere ter um salário injusto do que não ter nenhum. Paguemos o valor que se pode pagar honestamente. Outra questão seria a desigualdade no mundo. Pode-se classificar a renda que se recebe em três níveis: o necessário, o digno e o supérfluo.

São valores difíceis de definir. Sendo uma pessoa honesta e desapegada, seria possível medir o necessário, que seria o básico para não se rebaixar de nível. O digno é necessário para satisfazer as exigências do próprio cargo. Supérfluo é o que está sobrando. A moral cristã diz que as pessoas tem o direito ao necessário e digno. A faixa do supérfluo, ainda que seja adquirida de forma justa e honesta, é preciso repassar a quem está passando extrema necessidade. Não precisa necessariamente ser uma instituição filantrópica nem a Igreja.

Veja que trazemos mais do que aquilo que está na letra. Cada mandamento tem desdobramentos morais importantes, capazes de permear toda a nossa vida. Por isso, a importância de conhecê-los, a fim de, tanto quanto possível, permanecer em estado de graça diante de Deus. Semana que vem, vamos prosseguir ao oitavo mandamento.