conversão

A santidade está ao alcance de todos e de qualquer cristão

O desconhecimento dos meios a utilizar; do caminho a seguir; e a falta de uma firme decisão de Santidade destroem o projeto de santificação de qualquer cristão. Imagine a revolta e a confusão quando descobrimos que, alguém muito próximo de nós, ganhou alguns milhões de reais numa loteria e não se mexeu para ir buscar o prêmio.

Impossível? Ninguém faria isso? Infelizmente, acontece o tempo todo. O mais triste é que não é com alguém próximo de nós, mas conosco mesmo. Também, que fique claro, não trata-se de milhões de reais, mas de muito mais do que bilhões e bilhões de reais, dólares ou qualquer outra moeda: trata-se de um prêmio que não tem preço e que, mesmo assim, está ao alcance de todos. Mas, poucos se mexem para ir buscar.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Viva a santidade

Repete-se aqui a presença de Cristo no alto da Cruz: era a luz verdadeira, que vindo ao mundo, a todos ilumina (Jo 1, 9), mas era o mais desprezado e abandonado de todos, homem coberto de dores, do qual desviamos o olhar. Passando por Ele, tapávamos o rosto (Is 53, 3). Temos a Santidade, ou a bem-aventurança eterna, ao alcance de nossas mãos e a desprezamos. Não vale a pena mudar a nossa vida agitada, para ir atrás deste “prêmio” que não é deste mundo? Mudemos as práticas diárias de nossa vida que gritam a plenos pulmões: eu me basto!

Mas, mesmo a falta de vontade para a Santidade sendo a regra geral, a mensagem de Deus ainda ecoa por toda a terra e, embora não são vozes nem palavras, nem se escuta a Sua voz (Sl 19, 4), trata-se de um convite firme e sutil que, acaba chegando nos corações daqueles que um dia foram despertados para ouvi-Lo, através do Sacramento do Batismo. Se, a esse convite interior, soma-se uma pregação firme e querigmática de tantos servos de Deus, por meio de tantos meios voltados para a evangelização, estão lançados um verdadeiro desejo de conversão!

Viva uma vida de conversão

No entanto, por que essa conversão não dá frutos e se desvanece pouco tempo depois? Ou por que costuma-se lutar tantos anos sem verdadeiros progressos espirituais, sem um verdadeiro crescimento palpável de santidade? Por que tantos fracassos no caminho de santidade?

Por um lado, falta um verdadeiro desejo de santidade, uma disposição para vencer a qualquer custo e tomar posse desse prêmio que está ao nosso alcance. Nosso Senhor deixou claro que, o Reino dos Céus é dos violentos (Mt 11, 12), devemos esclarecer que é dos violentos consigo mesmo, daqueles que não esmorecem nas primeiras dificuldades do caminho de perfeição. Nem nas segundas dificuldades, nem nas terceiras, nem nas últimas.

Por outro lado, falta conhecer o caminho para a Santidade. Praticamente, todo o discurso evangelizador da atualidade está voltado para a conversão. Conversão, claro, é fundamental, mas é o primeiro passo de um caminho longo que deve ser trilhado. Evidentemente, sem o primeiro passo não se vai a lugar algum, mas dar somente um passo, também não constrói um caminho. O primeiro passo para a Santidade será, também, o único passo para o fracasso se não vier acompanhado de outros na direção correta.

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Quais são os meios de santificação?

Por último, precisamos ser honestos e reconhecer que não nos faltam meios para nos santificar. Cristo nos deu todo o necessário: a Igreja; os Sacramentos; o acesso a Ele através da oração litúrgica e pessoal; as virtudes; os dons infusos e as Sagradas Escrituras.

Se existe um verdadeiro e radical desejo de trilhar o caminho para a Santidade, se o nosso suprimento para a viagem é completo pois é fornecido por Cristo e distribuído pela Igreja, só nos falta um único detalhe: o mapa do caminho, que deve nos orientar sobre o modo de utilizar os meios fornecidos por Cristo no momento certo e com maior proveito.

Esse “mapa ou mapas”, pois são muitas as maneiras de alcançar-se o topo de uma montanha, estão sendo construídos continuamente há vinte séculos por santos, doutores da Igreja e teólogos dos mais diversos lugares e épocas. São verdadeiros tesouros que nos mostram o “bê-a-bá” de uma real vida de santidade e de união plena com Deus, muito além da conversão.

Iniciamos aqui uma série de artigos, sob a temática: “Caminho Espiritual e as Moradas”, onde vamos entender cada passo desse caminho para a Santidade, que a Igreja construiu sob a inspiração do Espírito Santo. Claro que, você não pode ser impedido de percorrer o caminho “virtualmente”, ou seja, somente lendo cada artigo e vendo o “mapa da caminhada”, sem colocar verdadeiramente o pé na estrada. Mas, lembre-se de que, conhecer o mapa do metrô de São Paulo nem se compara a estar lá, entrando num vagão.

Espero que este convite ecoe com o chamado que já está no seu coração e, essa semana, você encare a pergunta: “O que me levou (leva) a desistir da Santidade?”. “O que eu preciso mudar urgente e, radicalmente em mim, que irá me fazer progredir sem olhar para trás, quando eu souber o caminho que devo trilhar?”. Que Deus nos abençoe com a coragem de sermos violentos com o mal que ainda reina em nós, para que possamos dizer como o salmista: “Correrei pelo caminho dos vossos mandamentos, quando dilatareis meu coração” (Sl 119, 32).