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A importância da admiração no namoro

Todos os filósofos afirmam que a grandeza do pensamento tem início na capacidade de que a pessoa possui de deixar-se admirar e contemplar.

A admiração não é uma atitude superficial; muito pelo contrário, admirar é sinônimo de deter-se e observar lentamente aquilo que nos chama à atenção. Na exortação Amoris Laetitia, o Papa Francisco escreve: “O primeiro nível do eros é a capacidade de se admirar” (A.L 150). O verdadeiro namoro tem o seu ponto de partida na admiração inicial, sadia e pura de um olhar, de um sorriso e uma conversa.

A admiração no namoro faz crescer a virtude da pureza

Ao se admirarem, os namorados aprendem e crescem na virtude da pureza. Muitos casais de namorados, após se conhecerem, já têm necessidade de estarem juntos todos os dias, de partilharem e viverem juntos. O namoro não pode ser superado como se fosse um tempo de possessão ou domínio. O tempo de namoro, que parte da primeira admiração, vai crescendo e gerando nos namorados a alegria de se conhecerem aos poucos.

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Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Percebe-se, na nossa sociedade, que os namorados já estão vinculados “oficialmente” por uma espécie de pacto ou, por assim chamar, de oficial relacionamento que já é aceito no meio da família e dos amigos.

Namorados passam férias, fins de semana, muito tempo juntos. Quando eles estabelecem uma relação nesse nível, perdem a capacidade de se admirar, dando maior oportunidade para as brigas insignificantes que deterioram o relacionamento. Um namoro sadio e responsável nasce num tempo oportuno, prudente e discreto.

Sou ciente de que, hoje, podemos entrar em contato com as pessoas superando as distâncias, o tempo e até o espaço; mas, no namoro, é vital a serenidade e a consciência de saber que esse período de relacionamento não possui em si mesmo nenhum compromisso definitivo; muito pelo contrário, é um tempo que passa na jovialidade da juventude.

Os namorados, muito mais do que admirar as qualidades ou a beleza física de cada um, devem admirar o conteúdo de suas conversas, dos assuntos que juntos partilham, das conquistas acadêmicas e familiares que realizam, especialmente preparando um projeto de vida que vislumbre o futuro. Quando o namoro é vivido na serenidade e na consciência sadia de que um não depende do outro, a admiração torna-se um caminho viável para, talvez, chegar a um tempo de noivado e, sem dúvida, a um futuro matrimônio.

Quando deve começar o namoro?

Um namoro deve ter início quando nasce a admiração e essa passa pela confirmação dos membros da família. Namorar às escondidas, namorar virtualmente não constituem um passo suficientemente frutuoso. O namoro deve ser experimentado no encontro aberto e reconhecido por aqueles que cuidam dos namorados. Cuidar não é sinônimo de vigiar, controlar e decidir no lugar do filho ou da filha. Cuidar significa promover a descoberta de uma nova experiência na vida, que, se bem conduzida, trará grandes benefícios para o amadurecimento.

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Deixemo-nos admirar, cada vez mais, pelas obras do Senhor. Deus sempre nos admira. Permitamos que o tempo de namoro seja de conquistas e realizações que contribuam para que o caminho seja melhor construído. Não acelerar nenhum tipo de relacionamento é o primeiro sinal de uma vida construída sobre a rocha, que é Cristo.

Viver o namoro na admiração sensata de quem, um dia, deverá tomar decisões definitivas é uma das maiores conquistas na vida afetiva. Namorados, façam deste tempo um período de admiração singela e doce, permitam que a ternura floresça na sua relação com dom vivido e celebrado.

O tempo que o namoro durar será frutífero sempre! Cada um deve admirar as esperanças e determinações que o outro tomar, até o dia em que já não serão mais decisões individuais, e sim de casal.

Testemunhe com sua juventude que namorar é um tempo de graça vivido no respeito e na virtude. Isso não é outra coisa senão admirar!

Abraço fraterno.

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Padre Rafael Solano

Sacerdote da arquidiocese de Londrina (PR). Mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Atua como consultor da CNBB setor vida e família e como professor de Teologia Moral e Bioética na PUC (PR), Campus Londrina. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.