Sandro Arquejada

O ato sexual é a doação total de si, e não somente do corpo

Uma das características da capacidade dos esposos em comunicarem a si mesmos, por meio da conjunção carnal, é que, na entrega do corpo, transmitem-se também todas as instâncias que compõem a eles mesmos em suas realidades mais íntimas. Ambos se dão a conhecer numa doação total de si, e não somente do corpo. Não há como considerar que o corpo está dividido da subjetividade da pessoa, pois, ao entregar o corpo, entrega-se também a própria subjetividade.

Ao se doar no ato sexual – entrega corporal da carne, de modo tão íntimo e particular – o indivíduo está como que significando ao par a sua entrega por inteiro, ou seja, todo o seu ser.

É claro que, essa doação não significa e nem passa a sensação de tornar-se como que propriedade do outro. Mas, então, o que entrega-se efetivamente nesse gesto, se o cônjuge não adquire o corpo do outro, como que tomando posse de um bem material?

O ato sexual significa, ainda que não se diga, compromisso total com o outro, reciprocidade de vida, admiração pelo outro, aprovação, alegria, prazer, bondade, vontade de amar cada vez maior. Contudo, se alguma dessas intenções não for a realidade por parte de uma das pessoas, se essa não for a intenção do homem ou da mulher que está se envolvendo, o ato sexual passa a ser uma mentira e gera um elo que desconstrói a pessoa em sua dignidade e em sua capacidade de doar-se gratuitamente.

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Doar-se de corpo e alma

A vocação do ser humano é entregar-se por inteiro, sem reservas. Além disso, embora haja em nós um nível de dificuldade em nos doarmos de modo tão intenso e exigente, somente assim a pessoa encontrará realização. E isso se cumpre no matrimônio, em que a relação sexual dos esposos pode significar, de forma tão grandiosa, essa doação por inteiro, de um ao outro.

O ato conjugal comunica a si mesmo ao outro. Ele comunica a doação, a entrega de si e a posse do outro, de tudo o que se é em corpo, coração e alma.

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