Infidelidade Online

Amizades pela Internet podem destruir um matrimônio?

Alguns pensam que ter amizades pela Internet não pode afetar ou destruir um matrimônio. Será que essa realidade é tão inofensiva?

Nos primeiros anos da Internet em nosso país, um amigo íntimo, com o qual eu me comunicava periodicamente, comentou que havia começado a utilizar a Internet e que havia descoberto muitas coisas, dentre as quais a entrar em alguns fóruns e, principalmente, em chats. Dissera-me, também, que começou a relacionar-se com outras mulheres, sendo que algumas se tornaram bastante íntimas, porém, inofensivas.

Recordo-me de que, naquela ocasião, fiz uma pergunta a ele: “Você gosta de sua esposa?”. “Claro que sim!”, ele respondeu. “Pois, neste caso, deixe de se comunicar em chats”, eu lhe recomendei. “Ah! Isso não tem problema nenhum”, ele retrucou.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró / cancaonova.com

A internet está impactando os seus relacionamentos?

Assim, segui perguntando: “O que você acha de sua mulher começar a flertar com o vizinho pela janela do quarto de vocês?”. “Não quero nem pensar nisso”, respondeu. Continuamos conversando: “O que aconteceria se as suas conversas cibernéticas ocorressem pessoalmente com a sua colega de escritório?” (naquele tempo, trabalhava em uma entidade bancária, em um pequeno escritório, no qual trabalhavam só os dois). “Não é o mesmo”, respondeu. Recomendei-lhe que se realmente amasse sua mulher e não quisesse que sua família fosse exposta à destruição, o mais prudente seria que deixasse o chat.

Depois de um tempo, voltamos a nos falar e perguntei a ele: “E aí, você está conectado à Internet?”.  A resposta veio de imediato: “Não! Você tinha razão. Tive de parar, pois uma mulher pediu meu telefone, telefonando-me em casa e no escritório. Nunca mais! Você tinha razão, graças por ter me alertado, serviu para eu rompesse a tempo. Além disso, eu conheço outros amigos que não romperam a tempo, o que resultou em separação”.

Isso já faz muitos anos. Naquela época, tratava-se de um caso isolado, porém, hoje em dia, é uma moda estendida amplamente. Não faz muito tempo, pudemos ler a seguinte manchete: A infidelidade pela Internet se converte em um novo motivo de separação. Trata-se de casos reais, de pessoas que começam a envolver-se de maneira íntima com suas amizades on-line. Em alguns países, essa prática tem se convertido na principal causa de divórcio.

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A rapidez das amizades virtuais

As estatísticas indicam que são muitas as pessoas que se conectam diariamente aos fóruns, chats e redes sociais. Essas pessoas, em muito pouco tempo, conseguem enormes listas de amigos, com os quais, quase diariamente, escrevem mensagens via e-mail e, em alguns casos, chegam inclusive a comunicar-se pelo celular.

O processo é muito rápido, em menos de três meses qualquer um pode conseguir vários amigos com os quais trocará mensagens diariamente. O problema surge quando essa pessoa começa a envolver-se com um de seus amigos on-line: “Eu ficava até mais tarde no trabalho para conversar com ele. Ele dizia-me coisas maravilhosas. Depois me telefonava e era incrível como ele me fazia sentir”, essa é a explicação de uma jovem executiva que, atualmente, após separar-se de seu marido, vive com seu “amigo on-line”.

O perfil dessas pessoas não é em nada homogêneo, pois entre os aficionados nas conversas on-line, a faixa etária mais frequente é dos 25 aos 45 anos. No entanto, há muitos casos de idades mais avançadas, e em relação às profissões, é mais comum encontrar-se pessoas de boa posição ou com certo nível cultural. Tampouco é o fator limitante: a praga parece que está se estendendo a todos os setores.

A segurança do anonimato

Os diferentes estudos realizados por instituições sociológicas manifestam que o anonimato inicial traz consigo uma grande dose de segurança. A relação se inicia em total anonimato, já que o caso amoroso/cibernético, ao contrário do adultério físico, passa totalmente inadvertido. Outro dos elementos que são expostos nos estudos realizados é a clara relação entre as relações românticas ou sexuais on-line e o divórcio.

Como no caso de meu amigo, muitos têm o perigo em casa, mesmo que, em certos casos, o problema não seja a Internet, mas sim a falta de desejo ou a timidez. É lógico que certas atitudes que algumas pessoas jamais cometeriam a luz do dia, podem ser levadas a cabo facilmente se estiverem escondidas no anonimato da rede. Por isso, penso que tais atitudes não são mais sinceras e que sua reiteração, inicialmente inocente, ajuda a perder o medo e a chegar tão longe onde alguém jamais quis fazê-lo.

Equipe de Colunistas Formação Canção Nova