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Como o cristão deve dar esmola?

Quando ouvimos a palavra “esmola”, vem logo a nossa cabeça algumas moedas ou um trocadinho que tiramos do bolso para dar a um pedinte na porta de casa, no farol de trânsito ou nas calçadas de nossa cidade. Quase sempre é algo que nos sobra ou um restinho do que a gente tem, mas esmola CARIDADE é muito mais do que isso. É dar mais de si do que daquilo que se tem. Precisamos sim assistir aos nossos irmãos nas suas necessidades, pois a fome não espera, mas a esmola é muito mais que assistencialismo, é dar vida, dignidade, tirar o irmão da situação em que ele se encontra. Dar algo material é muito mais fácil e cômodo do que dar de si, do seu tempo, das suas capacidades, daquilo que você sabe fazer e, principalmente, do amor humano carregado do Amor Divino.

Se a oração celebra o relacionamento do homem com Deus, e daí todos os frutos dela fazem o homem abrir não somente as mãos, mas os braços e o coração, o Jejum abre e une os homens entre si. A cruz simboliza muito bem o que é a nossa fé, dimensão horizontal e vertical. A esmola celebra o relacionamento do homem com o seu próximo, na virtude teologal da Caridade. Esse assunto é polêmico para quem não entende que esmola não é somente dinheiro, é doar-se concretamente ao próximo.

Como o cristão deve dar esmola?

Foto ilustrativa: levi086 by Getty Images

O que significa a esmola?

Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, dar sem egoísmo, sem pedir recompensa, em atitude de compaixão. Nisso ele imita o próprio Deus no mistério da criação, e a Jesus Cristo no mistério da Redenção. Jesus fala sobre essa verdadeira caridade na parábola do Bom Samaritano (cf. Lucas 10,25-37): quem é o teu próximo?

O homem recebeu tudo do seu Criador. Tudo quanto tem, possui-o porque recebeu. Ora, se Deus dá de graça e se o homem é criado à imagem e semelhança de Deus, e se Cristo se doou totalmente, dando Sua vida, também o homem será capaz de dar de graça. Ao descobrir que dentro de si existe a sublime capacidade de dar, a exemplo de Deus e de Cristo, brota nele o desejo de celebrá-la.

Quando, pois, na Quaresma, a Igreja convoca todos os fiéis a darem esmola, ela comemora aquele que, por excelência, exerceu a esmola: Jesus Cristo. Convida o homem à atitude de abertura ao próximo, convida-o a servir ao próximo com generosidade e desprendimento.

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Ora, neste momento, a esmola começa a significar toda essa atitude de doação gratuita. Não só de bens materiais, mas o tempo, o interesse, as qualidades, o serviço, o acolhimento, a aceitação. E todo este mistério de abertura e gratuidade em favor do próximo na imitação de Deus e de Cristo possui então uma linguagem ritual. Tem valor de símbolo. Pela celebração da esmola, a Igreja comemora a generosidade de Cristo, que deu Sua vida pelos Seus, e torna presente Cristo, dando-se a Seus irmãos em cada irmão, formando o Seu corpo. Assim, quando a Igreja convida os fiéis a exercerem a esmola durante a Quaresma, sabe muito bem que não é pela esmola em si que ela vai resolver os problemas sociais e realizar a promoção humana, mas sabe também que é pelo que a esmola significa que ela vai realizar uma verdadeira promoção humana.

Portanto, não é a quantia que importa, mas o que o gesto ou o rito da esmola significa. Exercitando a atitude da esmola durante a Quaresma, a Igreja quer levar os cristãos a viver a atitude da esmola durante todo o ano, durante toda a vida. Descobrimos, então, que no exercício da esmola está contida a atitude de conversão em relação ao próximo.

Porque confessar. como confessar