Sagrada Família

Conheça mais sobre a vivência cristã da Sagrada Família

A festa da Sagrada Família é celebrada no primeiro Domingo após Reis

“Et venit Nazareth et erat subditus illis”, podemos interpretar como: “Ele (Jesus) veio para Nazaré e lhes era obediente” (Lc 2, 51). Essas palavras, escritas com a frieza e objetividade de um analista fiel, encerram a narração dos mistérios da infância de Jesus Cristo. Durante 30 anos, ficará Jesus na risonha cidadezinha da Galiléia na companhia de sua mãe, Maria, e de José; obedecendo-lhes e prestando-lhes serviços. A piedade cristã, santificou a memória da Família de Nazaré, com a festa da Sagrada Família, no primeiro Domingo após Reis.

A vida em Nazaré era laboriosa. Casa pobre, cuja manutenção exigia a colaboração de todos. José em sua pequena oficina de carpinteiro, mãos calejadas no manejo dos instrumentos, ainda muito primitivo de sua arte. Maria, com os arranjos de dona de casa modesta. Diariamente descia à fonte – a mesma que hoje é conhecida como fonte da Virgem – e entre as mulheres do povo, como uma delas, enchia cântaros com os quais abastecia a casa. Aqui, distribuía seu tempo entre o fuso e a cozinha, sem esquecer as orações e o estudo da lei e dos Profetas. Jesus, primeiro em casa com a Mãe, e depois na oficina com José, aliviava-os do peso do trabalho árduo.

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Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Como era a família de Nazaré

Não obstante, era uma vida feliz. Não faltava a paz, a harmonia, a paciência, a resignação. Todos constituíam um todo, coerente e solidamente alicerçado na obediência e respeito à hierarquia familiar: “Erat subditus illi” (Ele era obediente a eles). Jesus à Maria e José, como filho que é sujeito aos pais. Maria à José, como conselheira prudente, mas submissa e atenciosa à autoridade do esposo. Relações todas tomadas normalmente, como condição da natureza social do homem; desejadas, portanto de Deus, e ordenadas ao bem estar comum. Isso, era uma família feliz. Assim fosse todas as famílias e a vida social, feita das células familiares, dessa forma, todos gozariam da paz e prosperidade.

Vamos à Nazaré aprender. Os pais aprendam com José: a vigilância, o trabalho, a providência do lar. As mães com Maria, a Virgem Deípara, aprendam: o amor, o recato, a brandura do espírito, a firmeza e perfeita fidelidade. Os filhos  aprendam com Jesus: o exemplo divino da obediência ao superior legítimo. Aprendam os nobres com a Família de Nazaré da régia estirpe, como agir com moderação no esplendor da fortuna, e conservar a dignidade na pobreza e penúria; pois são as virtudes que fazem a glória e não as riquezas. Os operários e todos os mais que, se irritam enormemente com as dificuldades da vida e a condição modesta, em Nazaré acharão seu título de orgulho, porque sua classe foi a escolhida pelo Senhor do Universo, quando se dignou a visitar a terra, como nosso irmão. Tem eles de comum com a Sagrada Família, os trabalhos, as preocupações com o pão de cada dia, a necessidade de empregar o esforço muscular para manter a existência.

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Tudo isto resume o evangelista na simples frase, cheia de salvação: “Erat subditus illis”, (“Ele era obediente” (…)), o que falta ao homem é a obediência. Obediência a Deus, às suas disposições providenciais, aos seus prepostos.


Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.