O presente que falta ser desembrulhado

É praticamente impossível não deixar de perceber que o Natal está chegando. As casas ganham uma ornamentação especial. As pessoas se mobilizam de tal maneira que nenhuma outra celebração do ano parece igual. Árvores são iluminadas, jardins decorados e o comércio se movimenta traçando estratégias para melhores faturamentos.

As empresas comemoram com seus empregados brindando a chegada de mais um Natal, com comidas, brincadeiras e troca de presentes, ainda que muitos desses, depois de desembrulhados, sejam esquecidos nos armários ao longo dos meses futuros. A maneira como a grande maioria das pessoas celebra essa festa pouco se assemelha com uma celebração religiosa cristã.


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Para os mais desavisados, pode-se pensar que dezembro é um mês em que o comércio promove uma competição, distribuindo cupons e elegendo, com prêmios, por meio de sorteios, um vencedor. Muitos esperam encontrar – na atitude de presentear e de serem presenteados – o verdadeiro significado dos votos de felicidade expressos nos cartões ou nas frases, muitas vezes, repetidas quase que automaticamente. Para outros, os votos de felicidades são traduzidos na possibilidade de conseguirem muito dinheiro para realizar todos os sonhos de consumo.

Toda essa movimentação parece revigorar as forças de um desejo misterioso nas pessoas de encontrar um sentido para suas vidas que, por muitas vezes, não passam de dias rotineiros, repletos de superficialidades, os quais se repetem por anos a fio.

Infelizmente, devido à necessidade de se alcançar uma felicidade vendida pelo mundo, mal se tem tempo para acolher o presente que Deus concede a muitos, mas que ainda não foi desembrulhado…

Com a agenda cheia de compromissos, visitas, entre outros apontamentos, faltam esforços para viver o encontro com Aquele que é a salvação para ricos e pobres; brancos e negros; livres e cativos. Aquele que deseja nos ajudar a alcançar as virtudes que, por muitas vezes, nos vemos distantes.

A felicidade que se busca não está contida num pacote embrulhado ou, simplesmente, nos votos de dias sem preocupações, crises e sofrimentos. Sabemos que presente algum poderá eliminar os vazios de nosso coração quando há falta de gestos concretos de solidariedade, paciência e disposição para transformar o ambiente em que vivemos, no lugar onde a sadia convivência, a harmonia e o respeito mútuo tem morada.

O grande diferencial que suprirá o vazio de nossa alma e que revitaliza nossas forças, especialmente quando sobrevêm as tempestades em nossa vida, tem sido proclamado pela Igreja há mais de 2.000 anos. Ainda hoje grandes transformações continuam acontecendo na vida daquelas pessoas que se colocam abertas a conhecê-Lo, pois, ao tocarem a história d’Ele, não se encontram com um personagem que viveu há milhares de anos, mas com Alguém que vive e realiza prodígios na vida de quem O acolhe como Amigo.

Não se conhece alguém que, ao assumir a participação de Jesus Cristo na sua vida, tenha sido decepcionado ou abandonado às margens do caminho; ou que, ao ter clamado por Sua ajuda, tenha sido desprezado.

Talvez esteja faltando – entre as atividades agendadas para o feriado de Natal – o compromisso de buscar viver o encontro com Aquele que é a razão de toda existência. Dessa maneira, em vez de permitirmos que o Menino Deus nasça numa manjedoura fria, que possamos testemunhar a alegria de acolher Aquele que pode preencher a nossa alma, abrindo as portas do nosso coração para a Salvação que vem ao nosso encontro.

Feliz Natal