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Ano litúrgico: você sabe qual é a diferença dos ciclos litúrgicos?

Caro leitor, há poucas semanas, mais precisamente no último domingo do mês de novembro, iniciamos mais um ano litúrgico. E, a cada vez que isso acontece, outra mudança também se realiza: a passagem de um ciclo litúrgico para o outro. Às vezes, nós cristãos católicos, nem percebemos esta virada que se realiza na liturgia, porém, ela faz toda a diferença na nossa vida de fé. De maneira prática, a cada ciclo litúrgico a Santa Igreja Católica nos oferece, especialmente para a liturgia dominical e solenidades, uma estrutura nova de leituras bíblicas tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.

Essa renovação sempre constante das leituras bíblicas é indicação de algo importante: a sagrada liturgia é sempre viva e vigorosa. Ela não é apenas viva e vigorosa, mas tem a capacidade divina de transmitir vida e vigor a cada um de nós. Dessa forma, se nós formos bem atentos a todo esse movimento que nos oferece a liturgia, certamente colheremos frutos estupendos de conversão, de ânimo, de esperança (…), enfim, de santidade.

Ano litúrgico: você sabe qual é a diferença dos ciclos litúrgicos?

Foto ilustrativa: Rocco Innocenzo Fraglica by Getty Images

Ano litúrgico: que ciclos são esses?

Esses ciclos litúrgicos, que acima citamos, recebem classificações, a saber, A, B e C. Temos, então, o Ano A, o Ano B e o Ano C. A cada ciclo litúrgico tem-se a predominância da leitura de Evangelhos específicos. Desse modo, no Ano A acontece a predominância da leitura do Evangelho de São Mateus; no Ano B, predomina o Evangelho de São Marcos e, por fim, o Ano C enfoca as narrativas do Evangelho de São Lucas. Com relação ao quarto Evangelho de São João, suas narrativas foram reservadas para momentos específicos, ou seja, elas vão se encaixando dentro desses ciclos litúrgicos, em particular, nas festas e solenidades do ano litúrgico.

Essa organização é providencialmente tão completa de modo que, ao acompanharmos com atenção todos estes três ciclos, somos levados a comtemplar de maneira genuína e integral o mistério trinitário. O Evangelho de São Mateus (Ano A) possui grande relação com o judaísmo e, portanto, com a origem do Cristianismo. Nesse sentido, a pessoa de Deus Pai ganha um aceno todo especial. Ele que, por meio de sua antiga aliança e respeitando a liberdade humana, conduziu o povo escolhido até a nova aliança que se fez presente em Jesus. Sua particularidade, portanto, está justamente na preparação para o encontro com Deus.

Já, o Evangelho de Marcos (Ano B), a pessoa do Filho é colocada em destaque, ou seja, o evangelista narra o ministério de Jesus, desde seu batismo até sua ascensão. Sua narrativa apresenta o Filho de Deus como um homem de atitudes valorosas e dignas de serem seguidas. Por fim, o Evangelho de Lucas (Ano C) coloca ênfase na atividade do Espírito Santo especialmente em favor dos mais pobres. É o Espírito de Deus, aliás, quem vai animar os discípulos e toda a comunidade a anunciar com coragem a Boa Nova de Jesus.

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E o Evangelho de João, onde entra?

Diante dessa organização, uma questão pode surgir: “por que o Evangelho de João foi tratado de maneira diferenciada em relação aos demais?”. Uma das respostas que poderia ser aventada deve levar em consideração a singularidade deste quarto Evangelho. O texto do Evangelho de João é, de fato, diferenciado. A teologia vai chamar os três primeiros Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) de Evangelhos sinóticos. “Sinótico” (sunoptikós) é uma palavra que deriva do idioma grego sendo que a partícula “Sin” significa “em conjunto de” e “óptico” está ligado à palavra “olho”, “ver”. A tradução, portanto, ficaria “visão de conjunto”. Tudo isso para dizer que esses três Evangelhos possuem uma estrutura muito semelhante.

Quando se fala em semelhanças na estrutura desses Evangelhos, se fala em nível de narrativa, da sucessão dos conjuntos de versículos (perícopes), das formulações dos textos, dentre outras. Comparativamente, portanto, os três evangelhos sinóticos possuem grande similaridade entre si. Com relação ao Evangelho de João, sua elaboração possui outro tipo de estrutura, contendo inúmeras passagens que não se encontram nos outros três Evangelhos, sem contar o grande apelo teológico que possui o quarto Evangelho. Em suma, o Evangelho de João é bem diferenciado.

Uma vez que já temos essa pequena base de conhecimento, podemos nos aprofundar um pouco mais no tema! Vamos tratar de maneira mais específica do ciclo litúrgico desse ano de 2021, ano em que a liturgia enfoca o Evangelho de São Marcos e é chamado de Ano B. Porém, isso é tema para a segunda parte deste artigo que será lançado em breve.

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