Desvio

Superstições e simpatias com imagens de Santo Antônio

Ao aproximar-se o dia de Santo Antônio de Pádua, que celebramos no dia 13 de junho, e o Dia dos Namorados, comemorado no dia 12, aumentam sensivelmente algumas práticas supersticiosas, simpatias que prometem resolver especialmente os problemas das pessoas que procuram o ser amado. Essa prática deve-se principalmente à fama de casamenteiro que o santo adquiriu por quase todo o mundo.

As superstições e simpatias relacionadas a Santo Antônio aumentam cada vez mais. Há simpatias para todos os gostos e necessidades, a maioria delas relacionadas a encontrar um novo “amor”.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que dele fazem parte

Em uma delas, coloca-se a imagem do santo na geladeira e, enquanto ele não conseguir um novo “amor” para a pessoa, ficará lá. Se o santo demorar a atender o pedido, coloca-se a imagem no congelador.

Em outra forma de simpatia, pegam a imagem de Santo Antônio, tiram o Menino Jesus do seu colo e viram-na para a parede. Normalmente, as imagens de Santo Antônio tem o Menino Jesus de modo fixo, por isso, não é possível retirá-Lo do seu colo. Mas, em lojas de produtos esotéricos, há imagens que tem o Menino separado do santo, justamente para serem usadas nessa prática.

Há ainda a simpatia na qual se coloca a imagem do santo de ponta cabeça dentro de um copo com água ou cachaça, e avisa-se que ele só será retirado do copo e colocado na posição certa depois que o pedido for atendido.

Além dessas, existem muitas outras simpatias e superstições ligadas a Santo Antônio. Todas elas, no entanto, têm uma característica fundamental: são práticas que nada tem a ver com a verdadeira devoção católica aos santos.

O ensinamento da Igreja Católica sobre as superstições

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que o primeiro mandamento proíbe que prestemos honra aos falsos deuses, pois nosso culto é devido ao único Senhor que se revelou ao seu povo. Nesse mandamento, também são condenadas e proibidas a superstição e a irreligião. “A superstição representa, de certo modo, um excesso perverso de religião; a irreligião é um vício oposto por deficiência à virtude da religião”1.

A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que dele fazem parte. Por isso, a superstição pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus. Isso acontece quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, ainda que em si mesmas sejam legítimas ou necessárias. Isso diz respeito também às devoções aos santos, especialmente em suas imagens.

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As devoções católicas não são mágicas

O Catecismo esclarece que atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, como as imagens dos santos, sem levar em conta as disposições interiores que elas exigem, é cair na superstição2, um pecado grave, que coloca em risco a vida espiritual. Para exemplificar, isso acontece quando, em vez de converter-nos e abandonar o pecado, acreditamos que vamos nos salvar somente porque fazemos certas orações ou porque temos devoção aos santos e às suas imagens.

Ora, se até mesmo orações e devoções católicas não podem ser usadas de forma mágica, sem uma sincera busca pela conversão, muito menos podemos nos apegar às simpatias e outras práticas supersticiosas como soluções fáceis para nossos problemas.

O espírito da pregação e os milagres de Santo Antônio

Filho único de uma família de nobres, Santo Antônio de Pádua nasceu no final do século XII em Lisboa, Portugal. Muito jovem, sentiu-se atraído para a vida religiosa. Com apenas 19 anos de idade, entrou para um mosteiro dos Clérigos Regulares de Santo Agostinho, fez os estudos necessários e foi ordenado sacerdote em 1220. Nesse mesmo ano, procurou a Ordem dos Franciscanos, pois desejava viajar com eles para a África e ser mártir nas terras dominadas pelos muçulmanos. Foi então que, providencialmente, conheceu São Francisco de Assis e, atraído pela vida humilde e austera da Ordem, tornou-se um de seus filhos espirituais.

Santo Antônio logo ficou conhecido pelo extraordinário dom que tinha de pregar o Evangelho e pelas curas milagrosas que se seguiam às suas pregações. Formavam-se grandes multidões de pessoas desejosas de ouvir suas pregações. As igrejas eram muito pequenas para tanta gente, por isso o santo falava em campos abertos e nas praças públicas. O número de sacerdotes que o acompanhavam era pequeno para ouvir tantas confissões de pessoas que, tocadas por seu sermão, queriam mudar de vida.

O mais importante é abraçar a cruz, ensinou Santo Antônio

Os sermões de Santo Antônio eram seguidos de numerosos milagres. Cegos, paralíticos e portadores das mais diversas doenças eram curados ao receber a bênção do santo. Mas os milagres mais extraordinários de Antônio foram as numerosas conversões, até mesmo de hereges cátaros3, que se seguiam às suas pregações.

Assim, depois de conhecermos um pouco da vida de Santo Antônio, compreendemos que práticas supersticiosas, como as simpatias que se costuma fazer com suas imagens, não tem nada a ver com o seu espírito evangelizador. É verdade que o santo realizou numerosíssimos milagres, sendo considerado um dos maiores taumaturgos4 da história da Igreja Católica, mas a pregação do Doutor da Igreja deixava muito claro que o mais importante não são os milagres e as curas, mas abraçar a nossa cruz, como nos ensinou nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mc 8, 34), para alcançarmos, um dia, o Reino dos Céus.

Referências:

PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica, 2110.

Cf. idem, 2111.

Os cátaros foram membros da seita gnóstica chamada de catarismo, do grego καϑαρός (katharós), que significa “puro”. Os cátaros foram assim chamados porque afirmavam ser os verdadeiros e bons cristãos. Eles afirmavam a dualidade de princípios: o bem e o mal, ou seja, que há um Deus do bem e outro do mal.

Taumaturgo é aquele que opera milagres, popularmente chamado de milagreiro.

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