Doutor da Igreja

São Gregório Magno, um homem da caridade

São Gregório Magno nasceu em Roma, no ano de 540. Ele pertencia à nobre família romana dos Anícios, muito rica e influente. Foi educado por sua mãe Sílvia e suas duas tias, Tarsila e Emiliana, as quais posteriormente se tornaram santas.

A vida de São Gregório dá testemunho de alguém que, desde sua juventude, era comprometido com o bem comum, tornando-se exemplo de homem que dedicou toda a sua vida à evangelização e ao cuidado dos pobres.

Gregório, quando ainda jovem, foi nomeado prefeito de Roma; entretanto, pouco tempo depois, renunciou ao cargo e transformou a sua residência num mosteiro beneditino: o mosteiro de Santo André. Ainda na Sicília, fundou outros seis mosteiros nas terras de sua família.

Foto Ilustrativa

Vocação de São Gregório

O contato constante com os monges beneditinos fez despertar em Gregório a vocação. Assim, ele renunciou à vida secular, tornou-se beneditino e foi ordenado sacerdote pelo Papa Pelágio II. Em 579, foi enviado pelo Papa à Constantinopla, como seu representante, e ficou por lá até 586.

Após esse período, foi chamado de volta para Roma e eleito Abade do Mosteiro de Santo André, onde ficou até o ano de 590 e foi eleito sucessor do Papa Pelágio II por ocasião da sua morte, num dos momentos mais conturbados da história da Igreja. Como abade, São Gregório ganhou fama por sua caridade e dedicação ao próximo. Ao ser eleito, relutou muito, mas, no dia 3 de setembro de 590, foi consagrado Papa.

São Gregório criou o Canto Gregoriano

À frente da Igreja, Gregório conduziu uma vasta reforma do clero, promoveu a vida monástica, deixando os abades como responsáveis dos mosteiros e nomeando vários monges para a Santa Sé.

O Pontífice trabalhou pela conversão dos ingleses e dos bárbaros lombardos que saquearam Roma, protegeu os judeus que moravam na Itália, e é considerado o criador do Canto Gregoriano, que fora introduzido nas celebrações litúrgicas.

Ainda no âmbito das celebrações litúrgicas, defendia que a liturgia deveria ter uma linguagem direta, acessível ao povo simples, pois a liturgia deve ser entendida como alimento espiritual, e não apenas como uma repetição de ritos.

A presença de Jesus no jantar

Segundo a Tradição, São Gregório tinha o costume de, em certas noites, convidar para jantar e conversar com 12 pobres, como se fossem os 12 apóstolos.

Certo dia, ele notou que havia 13 e não 12. Ao chamar a cozinheira, perguntou quem era ele. Ela respondeu após contá-los: “Santo Padre, o senhor está equivocado, só estão aqui doze pessoas”. Gregório, no entanto, ainda contava treze; assim, após o jantar, ele chamou o décimo terceiro convidado e perguntou: “Quem é você?”, e o convidado respondeu: “Eu sou um pobre homem que você acaba de saciar e, por meio de mim, obterá o que pedir de Deus”. Só, então, Gregório percebeu que havia jantado com Jesus.

Dentre os seus escritos, temos a Liber Regulae Pastoralis, onde ele cita os vários deveres de um bispo. Temos ainda 848 cartas pastorais, além das “Homilias sobre Ezequiel” e 35 volumes de comentários sobre o “Evangelho de João”, que se tornou o manual básico de teologia moral da Idade Média: os “Moralias”.

Certa vez, escreveu que “o verdadeiro pastor das almas é puro em seu pensamento. Sabe aproximar-se de todos com verdadeira caridade. Eleva-se acima de todos pela contemplação de Deus”.

São Gregório, doutor da Igreja

Honrado com o título de doutor da Igreja, Gregório morreu no dia 12 de março de 604. Sua memória é celebrada no dia em que foi consagrado Papa, em 3 de setembro.

Gregório Magno foi o primeiro monge beneditino a ser Papa, e um dos mais importantes da história da Igreja. Sua importância foi tão grande, que recebeu o título de “magno”, como também recebera o Papa Leão I, conhecido como São Leão Magno.

Homem da caridade, defensor da fé, de profunda interioridade e grande humildade, intitulou-se Servus servorum Dei, isto é, “Sevo dos servos de Deus”.

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A vida de São Gregório Magno nos ensina que a intimidade com Deus e a prática da caridade são duas vias indispensáveis e possíveis para alcançarmos a santidade.

Ao celebrarmos a memória de um santo, somos provocados a também vivermos a vocação de todo batizado à santidade.

Que São Gregório Magno nos inspire e que seu testemunho de vida desperte em nós a firme decisão de amar e doar-se por aqueles que, hoje, necessitam ser alcançados pela graça de Deus.

São Gregório Magno, rogai por nós!

Fábio Luiz

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