Festa de Todos os Santos do Carmelo

A multidão dos Santos Carmelo

Existem dois pontos que não podemos esquecer em relação à santidade e àqueles que se tornaram santos, mártires e doutores da Igreja. O primeiro é que eles não estão mortos, ou melhor, mortos somente segundo a nossa visão limitada desta vida passageira. Estão muito mais vivos que nós, unidos à verdadeira e única árvore da vida (Gn 2,9).

Assim, não é sobre “alguém que não existe mais” que falamos, mas daqueles que estão verdadeiramente vivos, pois estão unidos à fonte de toda vida. Podem ser chamados de nossos amigos porque desejam para nós a mesma salvação que já usufruem. E intercedem juntamente a Deus, constantemente, para que experimentemos a santidade de vida que conduz a essa mesma salvação. Por isso, também os chamamos de intercessores.

O outro ponto lembrado pela Igreja, e constantemente pelo magistério Papal, é que existe uma grande multidão de santos no céu. Nós não conhecemos todos e cada um deles pelo nome, mas Deus sim. O Papa Francisco faz questão de nos lembrar desta dupla observação: se vivemos em estado de graça, também somos santos aqui imperfeitos, limitados, correndo o risco de deixar de sê-lo a qualquer momento, é verdade, mas “estamos em união com todos os santos: não só com os mais conhecidos, do calendário, mas também com os “da porta ao lado”, os nossos familiares e conhecidos que agora fazem parte daquela multidão imensa. Então, hoje, é festa de família.

Os santos estão próximos de nós, aliás, são os nossos irmãos e irmãs mais verdadeiros. Compreendem-nos, amam-nos, sabem qual é o nosso verdadeiro bem, ajudam-nos e esperam por nós. São felizes e querem que sejamos felizes com eles no paraíso” (Angelus 01.nov.2018).

A multidão dos Santos Carmelo

Foto Ilustrativa: RnDmS by GettyImages/cancaonova.com

Os Santos do Carmelo

É recordando esses dois pontos fundamentais que, no dia 14 de novembro de cada ano, os carmelitas celebram a Festa de Todos os Santos do Carmelo. A Ordem do Carmo, iniciada na Idade Média, tomou o Profeta Elias por patrono, e a Virgem Maria por especial intercessora e o ideal de se viver em constante zelo pelo Senhor. Seja em obras ou orações.

Dela brotaram santos impressionantes como São Simão Stock, que recebeu o escapulário das mãos da Virgem Santíssima, e doutores para toda a Igreja como Santa Teresa D’Ávila, São João da Cruz e Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Também é reconhecida como uma Ordem onde o apelo à santidade e sua realização prática são intensas e urgentes: Santa Teresinha viveu no Carmelo de Lisieux por apenas nove anos; e Santa Elisabete da Santíssima Trindade passou menos de cinco anos no Carmelo de Dijon. Detalhes que levaram o teólogo Urs Von Balthasar a dizer: “O Carmelo é uma fábrica de santos! Toda Igreja é devedora ao Carmelo.”

Leia mais:
.: Santos de uma vida regada pelo amor e misericórdia 
.: Está disposto a viver uma vida de santidade?
.: Como recomeçar um caminho de santidade?
.: A devoção a Nossa Senhora do Carmo 

Santos anônimos

Inúmeros, ainda hoje, são os carmelitas de todas as ordens, inclusive a Ordem Terceira do Carmo que comporta os leigos, com processos de beatificação abertos. Mas o que dizer dos santos “anônimos”? Aqueles que viveram e faleceram em santidade, no silêncio do carmelo?

Para isto a Festa: para também venerarmos aqueles que viveram com primazia o Evangelho, especialmente na vivência quase “secreta” do amor aos irmãos e toda humanidade (Mt 6,3). Mas lembrando, sobretudo, a importante missão de intercessores deles: pedindo para os que já alcançaram a bem-aventurança eterna, mesmo que não saibamos seus nomes, para que nos ajudem a chegar à eterna glória e sermos finalmente um com Deus e com todos nossos irmãos santos.

banner_espiritualidade