Madre Carmela Prestigiacomo

Ela amou o Sagrado Coração. E tu, também o amas?

O Papa Pio XII, em sua Encíclica sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus, diz-nos: “Inumeráveis são as riquezas celestiais que nas almas dos fiéis infunde o culto tributado ao Sagrado Coração, purificando-os, enchendo-os de consolações sobrenaturais, e excitando-os a alcançar toda sorte de virtudes”. Ao longo dos séculos, surgiram homens e mulheres que, fascinados pela riqueza desse coração, buscaram amá-Lo com toda força de suas vidas e corresponder aos apelos deste Nobre Coração. O Coração de Jesus foi a escola da santidade, onde, dia após dia, se exercitavam nas virtudes, buscando um coração semelhante ao d’Ele.

Quero lhe apresentar, hoje, uma grande mística italiana, pouco conhecida em nosso meio. Posso, no entanto, assegurar-lhe uma coisa, era uma mulher extraordinária, enamorada pelo Coração do Verbo de Deus, uma simples religiosa que buscou se esconder nesse coração. Estou a falar de Carmela Prestigiacomo ou, como a chamamos carinhosamente, Madre Carmela Prestigiacomo. Nascida em Palermo, na Sicília, em 15 de outubro de 1858, batizada com o nome de Francisca Paola Prestigiacomo. Desde criança, destacava-se pelo seu amor a Cristo.

Ainda pequena, lia sobre a vida dos santos e buscava fazer pequenos sacrifícios por amor a Jesus. Era verdadeiramente uma alma escolhida a dedo por Deus. Dentro daquela jovem siciliana, ia crescendo o desejo de consagrar-se a Deus, de ofertar-se por inteira ao Senhor. Francisca Paola ia crescendo, destacando-se nos estudos com o desejo de conseguir um diploma, mas, naquele coração, ia amadurecendo o desejo de ser freira, de ser toda do Senhor. Os pais achavam que era uma ideia passageira, que logo passaria aquele desejo juvenil, mas, ao contrário, ia aumentando dia após dia.

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Foto Ilustrativa: jemastock by Getty Images

O Sagrado Coração como fonte de tudo

Em meados de 1874, entra em um Instituto de Religiosas dedicado aos Sagrados Corações de Jesus e Maria e assume o nome novo de Irmã Carmela. Ao passar os anos, Carmela ia percebendo um mover interior de Deus em sua vida. Naquela vida que ela abraçou, faltava algo, ela sentia falta de uma vida interior mais profunda, mais orações, pois este instituto religioso era mais ativo, e poucos momentos de oração.

Ao passar dos dias, Carmela, íntima do Coração de Jesus, foi amadurecendo, aos pés do Senhor e em seu coração, o desejo de fundar uma nova Congregação dedicada inteiramente ao Sagrado Coração, com o título que ela mais amava: o Sagrado Coração do Verbo Encarnado. Essas religiosas seriam uma pequena Betânia, como ela mesma chamava um pequeno Sodalício onde, aos pés de Jesus, vive Marta e Maria em perfeita harmonia, Marta e Maria se completam, vida ativa e contemplativa, com um único objetivo adorar e viver para Deus. Madre Carmela, ouvindo as batidas desse coração do Verbo de Deus, sentiu o desejo de uma vida mais perfeita, mais interior, mais de oração, acompanhada pela ação, pelas obras de caridade. Tendo como fonte de tudo o Sagrado Coração.

No dia 14 de setembro de 1884, dá-se início à Congregação das Irmãs do Sagrado Coração do Verbo Encarnado, tendo como fundadora Madre Carmela de Jesus. Carmela não quer ser outra coisa senão Carmela de Jesus, pois em Jesus está sua essência, sua força, sua inspiração. Seu nome era como que sempre uma atualização de quem era ela: “Eu sou de Jesus. Sou Carmela de Jesus!”. O desejo mais profundo dessa nossa amiga do céu era ser uma coisa só com Jesus, viver em profunda harmonia com Seu Coração Divino, que sua vida fosse a vida de Deus e que em seu coração batesse este coração; não é qualquer coração, é o coração do Filho de Deus feito carne, um coração vazio de si e cheio do amor do Pai. Carmela queria ser oferta viva.

É da uva pisoteada que se dá o bom vinho

A vida de Madre Carmela foi uma vida de intimidade profunda com Deus, uma fé vivida em grau elevado, agraciada com visões e locuções interiores, onde, num diálogo tão amoroso, ouvia seu amado Jesus lhe revelar Seus segredos mais profundos. Mas, ao mesmo tempo, uma mulher provada na vida, que teve de passar por uma profunda noite escura, onde não sentia nem via nada, sentia uma dor profunda, uma angústia interior, como se se sentisse longe de Deus, como ela mesma relatou numa carta datada de 20 de outubro de 1903.

Diante de dores e perseguições, nossa santinha não parou; algo a lançava para frente. Confiou neste Coração Divino com toda força, escondeu-se n’Ele, buscou n’Ele sua vida e n’Ele se santificou. É da uva pisoteada que se dá o bom vinho. Diante das lutas e dos sofrimentos, madre Carmela ofereceu o bom vinho de uma vida provada por amor.

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Qual o segredo de Madre Carmela?

A confiança cega em Deus e em Sua providência, e um abandono ousado ao Sagrado Coração de Jesus como vítima, ou seja, como hóstia que se imola, que se doa. Escondida no coração de Jesus, Carmela foi hóstia ofertada por amor, nunca negou nada a Deus. Sempre pronta, abraçou as cruzes que apareciam em seu caminho com os olhos fixos naquele coração que um dia a chamou, pois os anos passam, as dores aparecem, as cruzes pesam; às vezes, tudo parece desmoronar, o ardor esfria um pouco, vêm as lágrimas, as perseguições… Mas a Madre não para, ela é apóstola, é guerreira, ela tudo entregou a Ele, Só tem o Sagrado Coração, ela fixa os olhos naquilo que não passa, ou seja, n’Aquele que não passa, no Coração de um Deus que nos ama livremente.

Quem fixa os olhos neste Coração Divino passa com segurança pelas tempestades da vida! Madre Carmela quer que o mundo descubra este coração amoroso de Jesus, quer que as pessoas encontrem este amor que nunca passa, este coração que se entregou unicamente por amor! Carmela buscou que seu coração batesse no compasso do coração de Jesus e de lá, deste coração, aprendeu uma vida virtuosa, testemunhada pelas suas irmãs de Congregação.

No ano de 1948, uma grande epidemia assolou a cidade de Roma, várias irmãs da Congregação estavam doentes pela epidemia, e muitas irmãs jovem. Aquela cena faz o coração da fundadora sofrer, que antes de tudo era mãe. Madre Carmela, nessa época, já tinha seus 90 anos completos, um dia caiu em casa e fraturou os dois braços, sofria dores terríveis com os dois braços engessados. Mas tudo suportou com paciência e sem reclamar. Ao ver suas filhas doentes, entregou-se a Deus no lugar delas, pedindo que o Senhor as deixasse vivas, pois eram o futuro da Congregação, enquanto que ela estava pronta para ir, que o Senhor a levasse, pois ela já tinha 90 anos.

Por amor às suas irmãs, ela se entregou a Deus, no dia 14 de dezembro de 1948, em Roma, na casa geral da congregação por ela fundada. Só o amor e uma vida escondida no coração de Jesus explica tamanha e nobre atitude. Sua vida foi em tudo um testemunho de fé viva e amor doado em silêncio! Seu processo de beatificação está bem adiantado; e, no ano de 2015, a Igreja reconheceu suas virtudes e a decretou venerável. Que a Venerável Madre Carmela Prestigiacomo ajude-nos no nosso seguimento de fé, que tenhamos Jesus como nosso único amor e nossa única riqueza assim como ela o teve.

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Adriana Katia Potexki

ADRIANA POTEXKI, nascida em Curitiba (PR), filha de pais cristãos e família com várias vocações religiosas, sempre vinculada a pastorais na igreja e desde jovem membro do Movimento dos Focolares. Mãe do Lucas Miguel, adolescente de 14 anos que adora aventura e é DJ católico.
Com formação em Psicologia, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é terapeuta certificada pelo EMDR Institute e Brainspotting. Participou de diversos programas de TV e rádio, inclusive como apresentadora do programa “Psicologia e Arte” e “Psicologia e Espiritualidade”.
Autora do livro “Cura dos Sentimentos – em mim e no mundo”, (Editora Paulinas), “A cura dos Sentimentos nos Pequeninos – Papai e Mamãe brigaram” e “Vencendo os traumas que nos prendem – descubra os primeiros passos para recomeçar” (Editora Canção Nova)
É palestrante internacional, psicóloga clínica e colunista do Formação Canção Nova.