Compreenda

Quem cometeu suicídio está condenado?

Primeiro e antes de tudo, precisamos ter claro que o nosso Deus é o Deus da vida – “Escolha, pois, a vida e viverás” (Dt 30,19). Não é à toa que Ele é chamado de Criador, pois criou todas as coisas. E como é bom ler a narrativa da criação e ouvir que “o Senhor contemplou a Sua obra e viu que tudo era bom!” (cf. Gn 1,25). Por fim, ao criar o ser humano, “Deus viu que era muito bom” (Gn 1,31). Ou seja, a pessoa humana, o homem criado por Deus é muito bom. A criação do homem foi algo bom que o Senhor fez, por isso possui valor, dignidade e nobreza, porque foi querido e criado por Ele.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O suicídio não é querido por Deus, porque Ele é o Senhor da vida

Sendo assim, todo atentado contra a vida humana é um mal, um pecado grave. Isso nos ensina o Catecismo, porque viola algo sagrado: a vida do homem. E esta é um dom, um valor, uma graça que veio do Alto, por isso ninguém tem o direito de tirá-la de alguém, nem de si mesmo. Atentar contra a vida do outro ou contra a própria vida fere profundamente a caridade. Fere também o amor ao próximo e o amor a si mesmo, que deve ser cultivado como nos ensinou Jesus Cristo (cf. Mt 22,39).

“Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor” (Catecismo da Igreja Católica n. 2280). Assim, cada um deve guardar, preservar a sua própria vida. Já no livro da criação, o Senhor, confiou ao homem o cuidado sobre as coisas criadas, entre elas o próprio homem está incluído.

A Igreja não condena os suicidas

O suicídio não é querido por Deus, porque Ele é o Senhor da vida, é o Criador de todas as coisas, que quis e quer o bem de tudo e de todos. Ele não se aguentou de tanto amor, por isso nos fez, e somos frutos do amor d’Ele. Assim, não devemos matar o amor do Pai em nós.

“O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida […]. Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com a sociedade familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir.” (CIC 2281)

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Está evidente que nosso instinto é o de sobrevivência, o de buscar viver. Aquele que se suicida, imagina que solucionará seus problemas, porém, criará outros. Se aquele que tinha a própria vida soubesse quanto mal faz para os seus familiares, quanto tempo leva para amenizar o sentimento de culpa de um pai, de uma mãe, um irmão ou parente, não cometeriam tal ato. Os acompanhadores espirituais que o digam!

Apesar da gravidade de tal pecado, a Igreja não condena os suicidas. Eles são vistos com misericórdia. “Distúrbios psíquicos graves, angústia ou medo da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. […] Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (CIC 2282-2283).