Servir com alegria

O serviço na Igreja necessita de doação do nosso tempo

É bem conhecida a passagem da viúva que doa suas moedinhas no templo, fato apontado por Jesus como exemplo, por ter oferecido a Deus tudo o que ela possuía, enquanto os escribas ostentavam os grandes tesouros que ofertavam, mas, na verdade, eram suas sobras (cf. Mc 12, 41 – 44; Lc 21, 1-4). Esse texto é típico de discursos que falam sobre o dízimo, a oferta, etc., mas tomo a liberdade de chamar à conversa outro aspecto de doação a Deus: a doação do nosso tempo para algum serviço na Igreja.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

O serviço a Deus é graça

Servir a Deus traz muitas alegrias, toma tempo, sim, mas o pouco que se dá a Ele é multiplicado demais! Porém, nem todo o mundo entende essa verdade. Quando a gente chama alguém para um serviço na Igreja, em boa parte das vezes a pessoa já vai logo falando que não tem tempo, que tem o marido, os filhos, a escola ou que está desempregada. Enfim, coloca tantos empecilhos sem nem parar para analisar o convite.

As pessoas precisam desfazer o preconceito de que quem serve a Deus deixa de viver e isola-se. Nada disso! Quando nós servimos a Deus a nossa vida muda para melhor. Servir ao Senhor é um ato de humildade, principalmente nos dias de hoje, em que todas as atitudes visam ao lucro.

O serviço a Deus é graça, e quem serve entende que tudo que se tem vem da gratuidade do Senhor, e nada mais justo do que retribuir em ações que edificam a Sua Igreja.

Não é moeda de troca, mas o serviço fiel ao Senhor nos mostra a fidelidade d’Ele para conosco, porque enquanto cuidamos das coisas d’Ele, vamos percebendo o cuidado d’Ele para com a nossa família e nossa vida.

O serviço voluntário na Igreja, além de gerar muitos benefícios a você e aos demais, também abre muitas portas para você no ambiente profissional e social.

Posso testemunhar que há mais de dez anos sirvo a Deus, e nunca fiquei desempregada, ao contrário, o serviço [à Igreja] amplia, e muito, o nosso networking!

Comece a reparar que, em geral, as pessoas que servem a Deus têm vários outros compromissos e dão conta do recado, enquanto que boa parte de quem está à toa nunca tem tempo para as coisas de Deus.

Quem serve ao Altíssimo não é melhor do que os outros, mas talvez faça escolhas mais direcionadas, tenha foco e, portanto, consiga aproveitar melhor as 24 horas do dia em atividades sadias e de resultado.

É claro que, um bocado de discernimento é importante, porque existem pessoas que pegam tudo que é serviço na Igreja de uma vez só; e provavelmente, não vão dar conta de tudo.

Ressalto também que a opção pelo servir tem de vir do coração, não só porque alguém o chamou ou porque toda a família e o grupo de amigos fazem, senão você corre o risco de ficar “posando de gatão”, fazendo muitas coisas só para agradar aos outros.

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Só Deus conhece seu coração e o quer feliz; e se for para servir que seja de coração.

Outro problema é o povo que aceita servir ao Senhor e esquece a família, a vida social, os estudos, o trabalho. Se esse é o seu caso, sugiro procurar um orientador vocacional: quem sabe sua alma anseia por uma vivência da fé e do serviço em alguma congregação?

Maturidade

Admiro as pessoas com postura madura, que aceitam o que vão conseguir fazer e se negam a assumir coisas para além do seu tempo.

Somos humanos e precisamos de maturidade para aceitar que ninguém é insubstituível e que outra pessoa poderá realizar aquilo que momentaneamente precisamos recusar.

Não estou ignorando que a messe é grande e os operários são poucos (cf. Mt 9, 37), mas se cada cristão assumir um pedacinho da messe ninguém ficará sobrecarregado.

Existe muito serviço na Igreja e espaço para todos que, de coração, desejam servir com humildade. Se você exerce ou já exerceu algum serviço na Igreja, sabe bem do que estou falando. E se está aí, olhando para o alto, sem nenhum serviço, converse com seu pároco, com o coordenador de seu grupo de oração, com os amigos e veja as possibilidades existentes em sua comunidade para que possa servir.

Talvez você esteja aí como a viúva, só com uma “moedinha de tempo”, é esse pouco tempo que pode salvar almas, a partir do seu “SIM”.

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