Reflexão

Jesus Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus

Jesus realmente veio ao mundo para nos salvar e mostrar Seus ensinamentos

Quando Jesus inclina Sua cabeça e exala o último suspiro, ocorre o que São Mateus nos narra: “O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, ao verem o terremoto e tudo mais que estava acontecendo, ficaram muito amedrontados e disseram: ‘Verdadeiramente este era Filho de Deus'” (Mt 27,54).

Em um primeiro momento, a proclamação de que Jesus é o Filho de Deus, parece ser consequência do temor. Mas o texto bíblico oferece três pistas maravilhosas para mudar essa visão:

Jesus Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus

– “Encheram-se de medo”: não se trata de um medo causado pelos fenômenos tão extraordinários que estão sacudindo a criação. Refere-se ao temor clássico das grandes teofanias no Antigo Testamento. Quando Deus manifesta sua glória, o homem treme diante da grandeza e santidade divina. Esse medo é o mesmo temor de Abraão, Moisés e Maria, quando Deus se faz presente em suas vidas.

– “Ao ver o que acontecia”: os soldados são testemunhas do que está acontecendo. Entretanto, não permanecem na periferia dos fatos. Sabem interpretá-los e fechar o círculo, para compreender o sentido do que acontece.

– “Verdadeiramente era o Filho de Deus”: o centurião certifica que não se trata de um sentido metafórico nem de uma comparação, mas de uma realidade. É a verdade, mesmo que os responsáveis pela ortodoxia a tenham recusado. O homem que acabara de expirar era mesmo o Filho de Deus.

O soldado pagão e seus ajudantes têm duas atitudes complementares no Calvário: acreditam que Jesus verdadeiramente é o Filho de Deus e logo proclamam isso publicamente, diante de carrascos e inimigos do condenado, assumindo os riscos e as consequências de sua fé.

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Como vivermos essa salvação?

Segundo São Paulo, acreditar com o coração e proclamar com a boca, são as condições necessárias para nos apropriarmos da salvação de Jesus. O coração representa o mais profundo: adesão ao plano de Deus em Jesus Cristo, Seu estilo de vida e Sua doutrina, isto é, estar absolutamente convencido de que Jesus é o único e suficiente Salvador. A boca e suas palavras, por serem externos, significa que nossa fé deve ser manifesta na vida.

Acreditar é um ato pessoal e intransferível, mas que não cai no individualismo. Entretanto, a declaração tem de ser um ato de comunhão com as testemunhas do Calvário. Por isso, São Mateus sublinha que não só o centurião romano, mas também seus companheiros proclamam que Jesus é o Filho de Deus e Salvador do mundo.

Além disso, quando São Paulo se refere à morte de Jesus, não se limita a narrar um fato do passado, mas sublinha a intencionalidade do mesmo: morreu “por nós” (1Cor 15,3). E Seu sacrifício foi completo e eficaz.

Jesus certamente já nos salvou há dois mil anos, mas essa redenção não se torna efetiva até o dia em que acreditamos que Sua morte foi suficiente para pagar o preço de nossa salvação e que Sua ressurreição é a vitória total sobre toda injustiça e maldade deste mundo. Para nos apropriarmos de seus méritos salvíficos precisamos da , que inclui tanto acreditar como proclamar: acreditar com o coração e declarar, não só com palavras, mas também com a vida e com o martírio, se for necessário.

O centurião, encarregado de executar a pena capital, viveu intensamente o claro-escuro de Morte e Ressurreição. Se Jesus descesse da Cruz, como sugeria aquele ladrão que o insultava e como Seus inimigos o desafiavam, o centurião deveria, então, ter pago a sentença daquele Homem que escapara da morte. A vida de Jesus significa a morte do centurião, mas a morte de Jesus será motivo para que ele tenha vida.

O centurião romano mostra-nos como fechar o círculo, para que esse momento eterno na vida de Jesus seja histórico em cada um de nós. Ele chegou a confessar publicamente o que acreditava seu coração.

Somos convidados a sermos como o centurião

Cada um de nós é chamado a fazer o mesmo de forma pessoal. Entretanto, é necessário que haja uma mudança relacionada à expressão do centurião. Em vez de afirmar que Jesus “era” o Filho de Deus, nós devemos confessar que Ele “é” o Filho de Deus, o Salvador do mundo e Senhor dos Céu e Terra; o Único mediador entre Deus e os homens; e que não há outro Nome dado aos homens para sermos salvos. Nós podemos nos entregar hoje a esse Jesus, para sermos lavados e purificados por seu Sangue precioso. Se confessarmos com nossa boca aquilo em que acredita nosso coração, seremos salvos.

Algumas pessoas poderiam reduzir os fenômenos narrados por São Mateus, a simples acontecimentos históricos, o que seria permanecer na superfície. Outros, são capazes de dar um salto para tentar encontrar o significado teológico. No entanto, isso também não seria suficiente. O essencial é que cheguemos a acreditar e a proclamar nossa fé em Jesus, para nos apropriarmos dos frutos da redenção, ganhos na árvore da Cruz.

José Prado Flores
Trecho do livro: A fascinante morte de Jesus