ANO “FAMÍLIA AMORIS LAETITIA”!

Envolver a pastoral juvenil com iniciativas de reflexão e discussão

A evangelização dos jovens sempre foi uma grande preocupação da Igreja em todos os tempos. Desde os primórdios da Igreja, ela se dedicou a uma boa formação dos jovens pelo catecumenato, a começar do preparo para a Primeira Comunhão, a Confissão e a Crisma.

Infelizmente, a evangelização dos jovens ficou muito prejudicada nas últimas décadas, sobretudo porque muitas famílias se desintegraram e deixaram de dar a primeira catequese aos filhos. Por outro lado, a Igreja também teve dificuldade de manter uma boa catequese por falta de sacerdotes e catequistas leigos preparados e inseridos nesse trabalho.

Por tudo isso, a Catequese pastoral deve se esmerar em dar aos jovens uma sólida formação sobre as verdades básicas da nossa fé, as quais estão no Credo, além de um ensino adequado sobre os sacramentos, a moral católica centrada nas virtudes (humildade, desprendimento, pureza, bondade, mansidão, auto domínio, paciência etc.) e numa espiritualidade forte com base na oração e na vida sacramental. Sobretudo a necessidade de uma frequência assídua à Confissão e à Eucaristia, remédio e sustento da vida espiritual.

Envolver a pastoral juvenil com iniciativas de reflexão e discussão

Foto Ilustrativa: FatCamera by Getty Images

A Pastoral Juvenil precisa desafiar os jovens a abraçarem a causa de Cristo

Hoje, mais do que antes, a Igreja precisa reavivar a Pastoral dos jovens “com iniciativas de reflexão e discussão sobre questões como família, casamento, castidade, abertura à vida, uso das redes sociais, pobreza, cuidado a criação” (cf. AL 40).

Disse Paul Claudel que “o jovem não foi feito para o prazer, mas para o desafio”. Em todos os tempos, os jovens abraçaram com idealismo a causa da fé. Vemos um São Tarcísio, que muito cedo deixou-se matar para que a Eucaristia não fosse profanada; um São Domingo Sávio, que morreu aos 14 anos dizendo “antes morrer do que pecar”; e muitos outros jovens que entregaram suas vidas a Deus como Santa Teresinha, Santa Gema Galgani, Beato Carlo Acutis etc.

É hora, portanto, de desafiar os jovens a abraçar a causa de Jesus Cristo para viver uma vida fervorosa e comprometida com a salvação das almas. Os jovens, hoje, consagrados em muitas Comunidades de Vida, são um testemunho inequívoco do desejo ardente de “servir a Deus com alegria”. (Sl 99,2)

E para isso é preciso uma adequada Pastoral Juvenil, capaz de despertar o entusiasmo e valorizar a capacidade dos jovens de se comprometerem plenamente diante dos grandes ideais e desafios da fé. Tudo pode começar com uma boa catequese para as crianças e os adolescentes. Recentemente, o Papa Francisco instituiu o “Ministério do Catequista” para fomentar esta atividade fundamental.

Os jovens e a valorização da família cristã

Um ponto-chave da evangelização dos jovens deve ser a valorização da família, igreja doméstica, patrimônio da humanidade e santuário da vida, como disse São João Paulo II. Vivemos numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, por medo do futuro ou pelo comodismo de não enfrentar os seus desafios. Há uma mentalidade que induz muitos jovens a adiar o matrimônio por problemas de tipo econômico, trabalho, estudo e também pela influência das ideologias que desvalorizam o matrimônio e a família, como o feminismo radical e o marxismo.

Ainda outros fatores como a experiência do fracasso de outros casais, as separações dos pais, uma concepção puramente emotiva e romântica do amor, o medo de perder a liberdade e a autonomia, a rejeição a tudo que é burocrático e tradicional, desestimulam os jovens ao matrimônio.

Os jovens precisam ser despertados com motivações e testemunhos naquilo que eles têm de mais típico em sua personalidade, para estimulá-los ao matrimônio e a formação de uma família cristã.

Infelizmente, há uma cultura que desperta uma afetividade exagerada nos jovens, narcisista, instável e mutável, que dificulta atingir a maturidade.

Os jovens e o sentido da vida sexual

A maciça difusão da pornografia e da comercialização do corpo, sobretudo pela internet, produz grande estrago na vida sexual dos jovens. Além disso, a perversa realidade de jovens levados à prostituição desvirtua o sentido da vida sexual.

A pornografia não só danifica os matrimônios, mas também tem um forte impacto nos adolescentes. Um estudo sobre adolescentes mostrava que o consumo habitual de pornografia fazia com que não fossem leais com suas namoradas. Os especialistas falam em distúrbios psicológicos provocados pela pornografia. O governador de Iowa, nos EUA, chegou a declarar a pornografia como problema da calamidade pública.

De igual forma, o uso de pornografia aumenta depois a infidelidade matrimonial e as violências sexuais. Os jovens precisam ser conscientizados sobre este perigo e orientados para evitá-la, com a prática da vigilância e da oração recomendadas por Jesus.

O uso correto da internet é algo que deve ser apresentado aos jovens, uma vez que por meio das redes sociais encontra-se o bem e o mal em abundância. Todos sabemos as vantagens, mas também os riscos de uma internet mal usada.

Os jovens e a vivência da castidade

Os jovens precisam ser orientados sobre o verdadeiro sentido da vida sexual, que só deve ser vivida no matrimônio, a fim de poder realizar o seu belo significado unitivo e procriativo. É necessário mostrar-lhes os prejuízos de uma vida sexual antes ou fora do casamento. A vivência da castidade é uma forma valiosa de preparar os jovens para a fidelidade conjugal. A beleza e o brilho da castidade devem ser mostrados a eles com alegria. Deve-se apresentar a eles com coragem, que a virgindade antes do casamento é uma bela virtude e que o nosso corpo é templo do Espírito Santo (1 Cor 3,16; 6,19), e que não pode ser profanado por uma vida de fornicação, pornografia, adultério, prática homossexual etc.

Leia mais:
.:Vivendo a castidade em um mundo pornográfico
.:Como os jovens podem viver bem sua sexualidade e afetividade?
.:Rezemos pelos jovens e os traumas vividos no passado
.:Sínodo dos Bispos: uma Igreja com os jovens e pelos jovens

Os jovens e os bens de consumo

Os jovens devem também ser formados no sentido de não mergulhar numa vida de consumismo, hedonismo e busca do prazer como fim; ao contrário, serem sensíveis aos sofrimentos dos mais pobres da sociedade.

Da mesma forma, devem ser orientados no sentido de não desperdiçarem os bens que Deus destinou a toda a humanidade. Não é porque eu tenho e posso que vou esbanjar água, energia, alimento e até mesmo destruir o meio ambiente.

A Pastoral dos jovens deve valorizar também o convívio salutar na família, o mandamento de “honrar pai e mãe”, valorizar a sua bênção e seus conselhos, e não fazer do lar apenas um “hotel” onde apenas satisfaça suas necessidades. O amor e o carinho com os pais e os avós deve ser estimulado. “A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces”. (Eclo 3,11). Os jovens devem ser estimulados a serem participantes das soluções dos problemas da família, e não geradores de problemas para os pais.

Tudo isso e muito mais deve ser parte de uma boa Pastoral Juvenil, contando com pessoas preparadas no convívio e na formação dos jovens.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino