Intimidade com Deus

Combate da oração: o que a Igreja diz?

O combate espiritual do cristão é inseparável do combate da oração

O Catecismo da Igreja ensina que no Novo Testamento e também no Antigo, os grandes orantes viam a oração como um combate contra nós mesmos e contra os embustes do tentador, que faz tudo para desviar o homem da oração e união com Deus (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2725). Dessa forma, o combate espiritual do cristão é inseparável do combate da oração.

Combate da oração o que a Igreja diz

Foto Ilustrativa: klebercordeiro by Getty Images

Vejamos cinco pontos sobre o combate da oração segundo o Catecismo da Igreja

1. As oposições à oração

Muitas pessoas, sejam de caminhada na Igreja ou fora dela, já se indagaram: porque tenho que rezar? A resposta é que se reza porque a oração é um dom da graça e uma resposta decidida de nossa parte a Deus. Sendo assim, a oração deve acontecer, continuamente, a partir do que somos e em tudo que fazemos, já que, “reza-se como se vive, porque se vive como se reza” (CIC, 2725).

Porém, as oposições à oração são diversas. Uma delas é a falsa mentalidade de uma ineficácia e até inutilidade da oração, que precisa ser superada, pois, muitos pensam que a oração é “somente” uma operação psicológica; um esforço de concentração; apenas atitudes e palavras rituais; e ainda, tem os que dizem que diante de tantos afazeres não há tempo para rezar. (Cf. CIC, 2726).

Entretanto, rezar é componente essencial no ser humano, que nos leva a intimidade com o Deus que nos criou.

2. Ter um coração humilde e vigilante

A vigilância do coração diante das dificuldades no combate da oração é uma realidade, e a distração é um aspecto que contra tal sempre precisamos lutar. Por isso “Jesus insiste na vigilância, ela está sempre relacionada com Ele, com sua vinda, com o último dia e com cada dia: hoje” (CIC, 2730). Estar com Jesus é vigiar e orar sem se distrair no combate da oração.

Perante a preferência pelo Senhor na oração, também, se deve estar atento às tentações da falta de fé disfarçada de uma incredulidade não declarada. É quando rezamos ao Senhor como último recurso e não com um amor preferencial por Ele. Isso pode revelar “que não estamos ainda na disposição do coração humilde: Sem mim, nada podeis fazer” (CIC, 2732). É preciso crer e entregar-se ao Senhor.

3. A confiança filial

O Catecismo da Igreja ensina que no combate da oração passamos pela confiança filial, que é experimentada e provada na tribulação, na qual, a pessoa pensa não ser ouvida por Deus frente a seu pedido. Essas dificuldades na oração de súplica trazem duas questões:

A primeira é a lamentação por conta do pedido feito a Deus, não ter sido atendido. Interessante, quando louvamos ou damos graças a Deus não nos preocupamos em saber se nossa oração Lhe foi agradável, porém, quando pedimos ao Senhor queremos de forma rápida e pretensiosa os resultados. (Cf. CIC, 2735). Santo Agostinho diz: “Não te aflija se não recebes imediatamente de Deus, o que lhe pedes: pois Ele quer fazer-te um bem ainda maior”.

A segunda é a pergunta sobre como nossa oração é eficaz ou útil. E a resposta é que “a oração de Jesus faz da oração cristã uma súplica eficaz” (CIC, 2740), e “se nossa oração está resolutamente unida à de Jesus, na confiança e na audácia filial, obteremos tudo o que pedimos em seu nome” (CIC, 2741). A partir disso, deve acontecer no coração de quem reza uma transformação de vida.

4. Perseverança na oração

Perseverar na oração, como está em 1 Tessalonicenses 5,17, “Orai sem cessar”, é perseverar no amor a Deus. Esse amor e ardor incansável na oração vão contra nossa pesada lentidão e preguiça, porque, “o combate da oração é o do amor humilde, confiante e perseverante” (CIC, 2742).

Rezar é sempre possível, seja no trabalho, em casa, na escola, viajando ou sozinho em algum lugar, pois, é o simples estar com o coração unido ao coração de Jesus. A oração é necessidade vital, porque a ausência dela pode levar novamente o cristão à escravidão do pecado. São João Crisóstomo já dizia: “é impossível que caia em pecado o homem que reza” (CIC, 2744).

5. A oração de Jesus

No Evangelho de João 17,1-26, Jesus antes de viver sua paixão, morte e ressurreição eleva uma oração ao Pai de unidade. “É nesta oração que Jesus nos revela e nos dá o conhecimento indissociável do Pai e do Filho, que é o próprio mistério da Vida de oração” (CIC, 2751). É Cristo que reza ao Pai por nós, ora em nós, e também, ouve as nossas orações.

Assim, é preciso estar totalmente entregue a Jesus Cristo que é o nosso intercessor junto ao Pai, nesse combate da oração que exige de nós amor, perseverança e humildade. Pois, muitas são as coisas e situações que irão tentar nos impedir de rezar, mas quem está em Cristo não desiste, porque sabe que tudo pode ser mudado pelo poder da oração.