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Ser pai, uma vocação de encorajamento

Amanhã minha filha mais nova completará três anos de idade e mês que vem meu filho mais velho chegará aos dezenove. Meus outros dois filhos têm onze e sete anos. Olho para eles e percebo que para cada um eu fui e sou um pai diferente. Quando meu filho mais velho nasceu, eu tive que aprender do zero. Sim, tive um pai e me inspirei no seu exemplo, fui imitando seu jeito de se fazer respeitar, sua integridade, sua maneira de ensinar, de ser homem, de ser autoridade. Mas é exigência própria da vida e da vocação que você se torne o pai que cada filho precisa que você seja.

Com meu filho mais velho, eu fui aprendendo a dirigir com o carro já em movimento. A impressão que tenho é que o sentimento de ser pai pela primeira vez é similar ao de você ser jogado em alto mar e só depois alguém perguntar se você sabe nadar – e é óbvio que você não sabe. Apesar disso, você consegue dar uma braçada aqui, outra ali, boia um pouco, bebe muita água, mas acaba pegando o jeito.

Filhos únicos fazem pais únicos

Isso até vir outro filho e você fazer a maior descoberta de todas – e a mais evidente: cada pessoa é única! Aquilo que funcionou na hora de educar meu filho mais velho – e continua a funcionar até hoje – em alguns casos não só não ajudava minha segunda filha, como até lhe causava mal. Se, por exemplo, o mais velho respondia bem a desafios, ela precisava de uma abordagem que transmitisse mais tranquilidade e lhe tirasse a pressão.

Ser pai, uma vocação de encorajamento

Foto Ilustrativa: PeopleImages by GettyImages / cancaonova.com

O nível de tolerância e paciência que eu aprendi a ter com meu terceiro filho nos primeiros anos de sua vida ultrapassou com sobras toda tolerância e paciência que eu usei com todos os outros filhos juntos. Se com os dois primeiros eu só precisava falar uma vez para ser ouvido e obedecido, com o terceiro eu falava uma, duas, três, quatro e percebia que ou eu me tornava mais flexível, ou destruiria algo que estava no cerne daquela criança: uma vocação à espontaneidade e à liberdade que na maioria das vezes era linda de se apreciar, mas que o tornava naturalmente mais teimoso, mais alheio à disciplina.

Encorajar para escolhas boas

Criar e educar filhos é um tremendo desafio! Não dá para usar a mesma fórmula que aprendemos com o nosso pai, nem achar que o que funcionou para um filho inevitavelmente funcionará para os outros. Nossa missão é formar “bons cristãos e honestos cidadãos”, como disse São João Bosco, e isso significa ajudar o filho a crescer em graça e sabedoria, a amadurecer, a ser capaz de tomar decisões por si só. O pai precisa ajudar o filho a ser capaz não apenas de distinguir o bem do mal, mas encorajá-lo a decidir-se sempre pelo bem.

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Esteja pronto quando o seu filho precisar

Ser pai é não ter vocação para o estrelato, é acostumar-se com o escondimento. Quando ensinamos um filho a andar de bicicleta, temos que segurá-lo o tempo todo, correr atrás dele, mantê-lo equilibrado, gritar palavras de incentivo, não largar do seu pé. À medida que ele vai ficando seguro, nossa presença vai deixando de ser necessária, até que chega o momento em que ela deixa de ser desejada: o filho quer andar sozinho, sem o pai para atrapalhar. Ainda assim, se o filho toma uma queda, imediatamente chama por nós de novo. Assim é em tudo na nossa vida como pai. Precisamos desenvolver de tal modo nossa percepção que devemos estar preparados para entrar em cena assim que for necessário, sem que nossos filhos sequer tenham que pedir. Eles querem isso. Querem saber que têm com quem contar, que há alguém disponível para ajudá-los, para ser a força, o sorriso, a ideia, a palavra, o jeito, a experiência, enfim, para que eles não estejam sós. Ao mesmo tempo, precisamos ter a mesma percepção para sair discretamente do palco, sem nunca querer roubar a cena. Nossos filhos precisam disso, senão nunca vão crescer, nunca se arriscarão, nunca se tornarão bons adultos.

O papel do pai é encorajar para a liberdade

Ser um pai trabalhador é fundamental, porque é parte da sua vocação prover o sustento da família. Ser um pai presente, amoroso, que ajuda nos deveres, que brinca com os filhos também é importantíssimo. Não nos esqueçamos, porém, que é missão indispensável dos pais encorajar nossos filhos a se tornarem pessoas livres, maduras, capazes de se decidirem pelo bem. Isso para cada filho, respeitando a sua individualidade, as circunstâncias em que nasceu, a idade em que se encontra, os dons e as limitações.

Não queira passar a vida toda segurando a bicicleta do seu filho com medo de ele cair, mas não o empurre ladeira abaixo antes de ele ter aprendido. Cada filho vai ter seu ritmo, e nenhum de nós tem capacidade para ser um pai desse jeito sem o auxílio do Espírito Santo. Por isso, reze todos os dias pedindo a Deus que lhe ensine a ser o pai que cada um dos seus filhos precisa que você seja.

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